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Clube Náutico

Aprendizagem em memórias

O amigo RAP da Psicopedagogia

É preciso olhar “além do conteúdo”, “enxergar” a “alma” do estudante

Publicado

em

Rui Barbosa

Na Cidade Grande, os hábitos do “Reino” não diminuíram para a Psicopedagogia. Logo cedo, ao raiar do sol, lá já estava andando pela cidade procurando ambientes de aprendizagem interessantes.

As praças sempre foram o maior interesse de Psicopedagogia porque nelas se encontra a “diversidade” cultural integrada na forma de espaços compartilhados. Caminhando por uma dessas, ela se deparou com algo impressionante. Um rapaz vestido de forma estranha, mas com um “molejo” corporal extremamente interessante. Ele rodava nas pontas dos sapatos, ia prá lá, ia prá cá, deslizava numa dança interessante e com um microfone na mão fazia “rimas” que vinham com um “tuf..tutuf…tutuf…tuf” ela ficou admirada com a “composição”, o ritmo e a dança. Não conhecia “aquilo”.

Ótica da Visão

Ao terminar a apresentação, como sempre… aproximou-se do rapaz, se identificou e disse que nunca vira um espetáculo daquela natureza. Então, perguntou como se chamava… E ele respondeu “RAP”. “Ré???” “RAP!” E explicou… O Rap surgiu na Jamaica e seu nome é uma sigla popular que, na verdade, significa Rhythm And Poetry (Ritmo e Poesia). Psicopedagogia ficou encantada mais uma vez com o que ela pensou ser um Ambiente de Aprendizagem riquíssimo para os estudantes. Ritmo e Poesia é tudo o que os alunos gostam, pensou Psicopedagogia. E continuou com a conversa indagando mais sobre como ele se interessou por esta “arte”. E o rapaz alegremente falava com a “alma” sobre o que lhe tanto agradava, dizendo que já no começo da história do rap, em 1989, surgiu o maior grupo de rap brasileiro. Os MCs, que são compostos por Mano Brown, Edi Rock e Ice Blue e o DJ KL Jay. Entre suas músicas mais marcantes está “Jesus chorou”. E cantou um pedacinho pra Psicopedagogia ouvir. Era assim:

Ei, você, seja lá quem for
Pra semente eu não vim
Então, sem terror
Inimigo invisível, Judas incolor
Perseguido eu já nasci
Demorou
Apenas por 30 moedas
O irmão corrompeu
Atire a primeira pedra
Quem tem rastro meu
Cadê meu sorriso?
Onde tá?
É, quem roubou?
Humanidade é má
E até Jesus Chorou
Lágrimas, Lágrimas
Jesus Chorou.

Psicopedagogia ficou sem voz… e pensou: “Que música é esta?” Tem ritmo, tem poesia e tem histórias e tem verdades. Imediatamente ela quis saber em qual Ambiente de Aprendizagem ele participou ou participava. “Sou do ambiente da vida!”, Rap respondeu. “Hum!” “Sim, aquele que a gente não escolhe nascer, mas nasce e vive lá até morrer, se quiser… até morrer!” “Como é este ambiente?”, Psicopedagogia queria saber mais. “É o do dia a dia. Levanto cedo, saio pro “trampo”, como marmita, faço meu canto, minha rima, meu rap, minha poesia, meu ritmo, meu descanso”.

Tudo aquele rapaz falava em rimas, poesias, canto, sorrindo… “Será que ele é feliz?”, pensou Psicopedagogia. E veio a última pergunta que ela nunca deixa de fazer: “Chegou a frequentar algum Ambiente de Aprendizagem regular, normal, uma escola como dizem por aqui?” Ele sorriu e disse que sim. Era discriminado por ser pequeno, desengonçado e tímido. Riam dele por ser magrinho, quase pele e osso, ninguém do Ambiente queria acolhê-lo e foi se isolando mais e mais. “Mas, de qual conteúdo do Ambiente de Aprendizagem você mais gostava?” “De matemática! Amo matemática, a Fê era incrível!” “Quem é Fê?” “A Fessora Psicopedagogia, ela era “manera”, legal, bem de boa e ficava de olho em mim, sempre não me deixava à toa”. “Mas por qual motivo não continuou os estudos?” “Meus estudos a vida me deu, o ritmo, a dança, o canto, a vida, meu encanto!” “E qual era sua maior dificuldade no Ambiente de Aprendizagem, os outros conteúdos tirando a Matemática?” “Não, até me dava bem nos KÔ!” “O que é isto? KÔ?” “Nas coisas que os profe ensinavam…” “Mas por qual motivo não continuou no Ambiente de Aprendizagem?” “Faltou ânimo. Passei dificuldade, perdi amigos queridos, parentes amados, meu olhar ficou pra baixo…aí desisti e busquei meu caminho…e achei foi o RAP, onde posso me expressar, dançar, falar, cantar e dizer “tô aqui”.” “Hum…compreendi”. Psicopedagogia despediu-se do RAP e voltou para sua residência.

Chegando em casa, ela refletiu sobre a importância de no ambiente de aprendizagem o “fessô” estar atento a cada participante. É preciso olhar “além do conteúdo”, “enxergar” a “alma” do estudante para auxiliar. Sem bola de cristal, olha no olho, vê a alma, tudo pode mudar, com um simples olhar. “Tô aqui, por favor me veja, antes que desapareça!” O RAP continuou…

D Marquez
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