Transtorno de Aprendizagem Familiar

Um dos passeios prediletos no Reino Encantado de Psicopedagogia, além dos jardins e belos riachos, é o “passeio familiar”. Quando vai visitar uma família que possui ou não algum membro com alguma dificuldade de aprendizagem, ela vai de coração aberto para poder receber e oferecer algo. Foi aí que ela tomou um “susto” ao perceber o que estava acontecendo “naquela família”. Agora a história vai começar…

Era um dia comum, os alunos foram para os Ambientes de Aprendizagem e Psicopedagogia foi fazer uma caminhada costumeira pelos recantos do Reino Encantado. Chegando próximo a uma casa, e com um ar bonito, belas cores, jardim maravilhoso e uma requintada fonte bem junto ao portão de entrada da casa, bateu palmas e entrou.

Ao chegar na casa, Psicopedagogia foi muito bem recebida e conversou por vários minutos sobre como estava a Aprendizagem dos alunos que naquela casa moravam. “Muito bem!”, responderam os donos da casa. Os filhos são inteligentes, aprendem fácil, são competidores natos, não aceitam perder e diante de uma competição, disseram que “fazem de tudo para ganhar”. Exatamente! Os pais fizeram este sinal de “aspas” no ar e reforçaram “fazem de tudo”! E sorriram.

Passado mais um tempo, os filhos chegaram do Ambiente de Aprendizagem com seus cavalos maravilhosos e entrando no pátio da casa, desceram do animal e o soltaram “por lá mesmo”. Entraram na casa aos berros de “estou com fome, estou com fome”! A mãe rapidamente saiu correndo dizendo “Esperem, anjinhos, que já ponho a comida à mesa. E tem mais, Psicopedagogia que nos visita irá almoçar conosco”. Eles quase não ouviram subindo as escadas de madeira para acessar os quartos no andar superior. Mas, antes, tiraram os tênis na sala, largaram as mochilas na cozinha e subiram apressadamente tirando a camiseta do uniforme largando pelo chão. A mãe parou de fazer suas atividades para o almoço e saiu correndo pegando o tênis, a mochila e a camiseta de uniforme dos dois anjinhos, como ela os chamava.

Almoço pronto, a mãe chama a todos para a hora da refeição. Psicopedagogia sentou-se à mesa e aguardou alguma palavra tipo “fique à vontade” ou ainda “sirva-se”, mas nada. Logo os anjinhos se sentaram, pegaram os pratos e em uma quase que “corrida de pratos”, enchiam com os alimentos, cada um mais rápido do que o outro. O dono da casa meio sem graça disse “como tem fome estas crianças”! Psicopedagogia estranhou porque as crianças tinham 14 e 15 anos simultaneamente, já eram adolescentes/jovens se preparando para o futuro.

Terminado o almoço os dois saíram apressadamente empurrando o prato perguntando pela sobremesa que a mãe disse “hoje não tem”! Levantaram-se e com raiva empurraram a cadeira dizendo que “nunca se tem nada para comer naquela casa”. Psicopedagogia não se conteve e perguntou se a atitude deles era sempre assim em casa. Os pais responderam que sim e entendiam que deviam “dar liberdade plena” para que “as crianças” crescessem com “autonomia”. Psicopedagogia interferiu na fala dos pais e disse: “Mas eles são mal-educados!” “Nunca!”, retrucaram os pais. “Liberdade e Autonomia aqui é tudo!”

Psicopedagogia despediu-se da família e foi para suas reflexões.

Passando a noite, Psicopedagogia refletiu entre os conceitos que ouvira no dia anterior, liberdade e autonomia. E percebeu que muitos alunos do Ambiente de Aprendizagem, que têm dificuldades de conduta, são justamente os que recebem “liberdade” sem supervisão e “autonomia” sem orientação. Havia um sentimento de onipotência naqueles adolescentes que incluía, no dia a dia, relacionamentos prejudiciais a eles mesmos e aos outros. Então, Psicopedagogia resolveu escrever uma Cartilha chamada: Transtorno de Aprendizagem Familiar; dicas sobre Liberdade com Responsabilidade e Autonomia com Compaixão. A cartilha foi um sucesso tão grande que muitos começaram a entender que criar filhos sem Educação é ter uma vida de decepção. A cartilha virou Best Seller. Aliás, estou procurando uma destas. Percebo que, nos dias de hoje, ela anda fazendo falta em muitas famílias. Na noite de autógrafos, todos do reino estavam presentes. Encontrando algum exemplar, compartilho com todos que entendem que cuidar antes é melhor do que sofrer depois. A história continua.