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Quebrando o silêncio: suicídio de pastores, uma realidade oculta

Restringimos a vida dos pastores ao que observamos nos púlpitos e altares

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Providência

Medo, vergonha e julgamento são sentimentos que emergem quando falamos sobre esse tema. A ideia de que pastores sejam super-homens faz parte do nosso consciente e inconsciente coletivo há gerações.

Restringimos a vida dos pastores ao que observamos nos púlpitos e altares. Contudo, a vida pastoral passa por um campo pessoal que muitas vezes não nos damos conta. Imaginamos que essa realidade esteja distante de nós, quando na verdade pode estar bem mais perto que pensamos. O assunto é amplo e dificilmente iremos esgota-lo no dia de hoje, contudo precisamos pensar e orar sobre esse assunto.

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Entre os anos de 2016-2018 tivemos notícias que em anos anteriores não eram comuns. Mais de 40 pastores no Brasil e no mundo tiraram suas vidas. Desses que foram noticiados nas redes sociais e meios de comunicação, estavam nomes de ministros com anos de experiência. Apenas no ano de 2016, perdi três amigos pastores. O que aconteceu com esse grupo seleto de pessoas que foi separado para anunciar a Palavra de Deus?

Quando olhamos mais de perto, iremos perceber que a realidade do ministério mudou de maneira significativa nos últimos 15 anos e isso traz impacto profundo no ministério pastoral e seus desdobramentos.

Algumas coisas precisamos levar em conta diante dessa realidade. Uma delas é o aspecto da solidão no ministério. Via de regra, pastores são solitários. Isso acontece porque lidam com informações e problemas que, na grande maioria das vezes, não podem e não devem compartilhar com mais ninguém. Isso, por sua vez, pode causar uma interiorização dos problemas. Também podemos observar uma certa competitividade entre ministros e igrejas, o que gera afastamento e solidão entre colegas da própria Igreja e de diferentes denominações.

Um outro aspecto a ser levado em conta é a cobrança de resultados e números, sejam de pessoas ou financeiros. De maneira geral, a Igreja assumiu um papel muito mais empresarial no Brasil e no mundo, com metodologias de crescimento que nada têm a ver com o Novo Testamento. Em decorrência disso, uma cobrança excessiva recaiu sobre os pastores. Em outras palavras o sucesso é medido pelo número de membros e pelo caixa da Igreja. Isso não é saudável nem mesmo é bíblico.

Precisamos lembrar também que a cobrança pela perfeição faz parte da vida dos pastores. Eles são o modelo do rebanho e, ao mesmo tempo, pessoas de carne e osso, com vicissitudes e limitações como qualquer outra pessoa.

Pastores adoecem e morrem como qualquer outro membro da Igreja. Infelizmente, em muitas igrejas, isso tem sido negligenciado. Mais que isso, muitos espiritualizam situações de maneira que algumas enfermidades como depressão são taxadas como ausência de fé, o que agrava muito mais a situação. Pastores são acometidos pela silenciosa Síndrome de Burnout, que é difícil de ser identificada e tratada.

Pastores também pecam e a graça e a misericórdia também é para eles. O Apóstolo Paulo disse que ele é o maior dos pecadores. Lidar com o pecado pessoal nem sempre é fácil e pastores precisam viver a Graça de Deus de maneira profunda e intensa. Viver a graça nunca será um passaporte para pecar livremente, ao contrário, a graça nos motiva e sustenta a vivermos de maneira reta. Muitas vezes, pastores lidam bem com a graça com relação as ovelhas, mas com eles mesmos, pela cobrança, não conseguem desfrutar desse privilégio do Senhor.

Questões familiares, financeiras e pessoais estão entre alguns aspectos do suicídio de pastores. A distância dos familiares e parentes (para aqueles pastores que são missionários e estão longe de sua terra natal), a falta de amigos e problemas relacionais a nível comunitário são observados como causas prováveis dessa realidade. Um estudo mostra que 70% dos pastores lutam contra depressão. O mesmo estudo indica que 71% dos pastores sente esgotamento físico e mental. Ainda 80% dos pastores afirma que de alguma maneira o ministério afeta negativamente sua família.

“A causa mais comum noticiada para o suicídio de pastores (…) é a depressão, associada a esgotamento físico e emocional, traições ministeriais ( por parte de colegas e liderança), baixos salários e isolamento por falta de amigos.” (FONTE: FTSA).

A maioria das experiências traumáticas vividas no ministério nem se quer são pensadas nos seminários e casas de formações teológicas de diferentes denominações. Isso sem falar de Igrejas que em sua tradição sequer possuem uma formação de pastores de maneira acadêmica.

Esse emaranhado de questões necessita ser levado em conta. O despreparo Bíblico-Teológico e Emocional dos pastores pode ajudar na questão abordada.

O que fazer diante dessa realidade?

Algumas coisas práticas são observadas de maneira bem clara:

a) Pastores precisam tirar seu dia de folga sem culpa. Precisam de férias durante o ano, de preferência que contemple o convívio com a família (esposa e filhos);

b) Pastores devem desenvolver relacionamentos saudáveis com outros colegas de ministério. Essa é uma das soluções apontadas para esse problema;

c) Pastores necessitam de terapia e supervisão. O fato de pregar a verdade não os torna donos da verdade. Compreender as limitações e a necessitada do auxílio de outras ciências (psicologia e terapias) para o cuidado pessoal e das demais pessoas é fundamental. Pastores precisam ser pastoreados por outro pastor;

d) Atualização Bíblica/Teológica/ interdisciplinar e crescimento precisam fazer parte da vida dos pastores. Isso ajuda a abrir horizontes no processo do pastoreado;

e) Pastores precisam da compreensão e amor de suas ovelhas como seres humanos.

Diante de toda essa realidade, precisamos orar e compreender que todos nós fazemos parte do corpo de Cristo e que nossos pastores precisam do nosso amor e compreensão.

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