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O retorno de Ademir Bier à Alep e os reflexos na política rondonense

O retorno de Ademir Bier à Alep é o grande fato político do ano até aqui para Marechal Rondon

Publicado

em

Rui Barbosa

O fato político desta semana é a posse de Ademir Bier como deputado estadual na Assembleia Legislativa do Paraná. A solenidade que está marcada para hoje (13), em Curitiba, traz novos elementos para análise da conjuntura política local e estadual.

Ademir fez 26.015 votos nas eleições de 2018, que foram insuficientes para dar uma cadeira na Assembleia Legislativa do Paraná (ALEP) ao rondonense. As eleições de 18 foram marcantes: há cinco eleições seguidas Marechal Cândido Rondon e região elegiam dois deputados, mas naquele momento vivíamos a ascensão bolsonarista, fazendo muita gente votar 17 de ponta a ponta.

Gramado Presentes

Delegado Francischini (PSL), por exemplo, fez mais de 2 mil votos no município rondonense, não há notícias de que o ex-delagado da Polícia Federal e ex-secretário de segurança pública do governo Beto Richa tenha colaborado com alguma grande obra do nosso município ou intermediado algum recurso para aplicação na vida real dos rondonenses.

Assim como Francischini, houveram outros, e a baixa adesão tanto de Bier quanto de Élio Rusch ao ideário bolsonarista fez com que os rondonenses só chegassem às cadeiras da Assembleia Legislativa por poucos meses, os dois devem ter um ano de mandato. Bier um ano seguido e Elio Rusch está na sua segunda temporada cobrindo a segunda licença maternidade da deputada Maria Vitória (Progressistas).

Hoje, o parlamento estadual volta a ter dois representantes natos de Marechal Cândido Rondon e do Oeste profundo do Paraná. Curiosamente, isso acontece num momento de queda do Bolsonarismo enquanto movimento, motivado principalmente pelo desastre no combate à pandemia do novo coronavírus no Brasil e a intensa crise econômica que o povo brasileiro vem encarando, principalmente com alta dos preços nos supermercados e nos combustíveis.

A volta de Ademir Bier ao jogo

Era improvável que Ademir assumisse uma cadeira na assembleia, tanto que isso só vai se confirmar devido ao falecimento do deputado delegado Recalcatti (PSD). Ademir estava atuando como diretor da Cohapar, desenvolvia trabalhos importantes para o Estado, entretanto, apesar de importante, tinha pouca relevância política no dia a dia e dificilmente daria condições a Ademir Bier disputar as eleições de 22 com chances de eleição.

Agora é diferente, apesar de suplente, Bier vai ter um ano de trabalho e a chance de reconstruir laços importantes com prefeitos da região Oeste e demonstrar o seu trabalho para a população oestina.

O lugar e a hora certa

Ademir vai voltar à Alep no momento em que os governos federal e estadual tentam emplacar novas praças de pedágios no Paraná, pauta polêmica e de baixíssima adesão da sociedade. Nem o mais fervoroso dos defensores do Governo Bolsonaro é capaz de defender a proposta de mais pedágios nesse estado assaltado durante décadas com os valores abusivos das praças paranaenses.

Ademir Bier já foi o maior artífice da luta contra os abusos dos preços de pedágio na terra das araucárias, presidiu a Frente Parlamentar Contra a Renovação dos Contratos de Pedágio no Paraná. Ele se dedicou muito a essa pauta na legislatura 2015/2018.

Se a pandemia toma conta dos programas de TV, rádio e sites de notícias, na política paranaense o assunto é o pedágio. O setor produtivo já bateu o pé e segue esperneando diante da insistência do governo federal. Dilvo Grolli, presidente da Coopavel, é a principal voz do agronegócio e do setor produtivo na luta contra o modelo apresentado pelo ministro da infraestrutura, Tarcísio Freitas, ou seja, o ambiente em termos de pauta, está totalmente favorável a Ademir Bier. Resta saber se ser um deputado situacionista vai permitir a Bier entrar de cabeça na defesa do povo paranaense nessa pauta importante que é a luta contra a instalação de novas praças de pedágios ou ao menos garantir um modelo que traga reais benefícios ao povo do Paraná.

E no jogo eleitoral?

Ademir Bier está de volta e deve disputar as eleições de 22, vai ter um ano para reconstruir laços, alianças e formatar o PSD na microrregião para essa disputa que pode devolver a Marechal Rondon uma cadeira de titular na assembleia legislativa.

O governador deve ter um interesse especial na candidatura de Ademir Bier, Carlos Massa Ratinho Junior que já teve uma “reeleição garantida” por falta de adversários principalmente, sofreu um desgaste muito grande com as medidas restritivas para o combate a Covid-19, Ratinho Jr sofre com a queda de popularidade.

Isso deve fazer com que o chefe do Palácio Iguaçu coloque nas eleições de 2022 o time completo com força total. Haverá disputa! O PDT de Gustavo Fruet, o MDB de Sérgio Souza e Requião, e a família Barros (Ricardo Barros, Cida Borghetti e Maria Vitória) do progressistas, podem e provavelmente vão disputar a eleição para governador em 22. Ainda podemos citar nesta lista o atual prefeito de Curitiba Rafael Greca (DEM). Logo, um deputado suplente que tem um capital político de 26 mil votos se torna peça fundamental nesse jogo e pode inclusive ser um fator decisivo.

E os reflexos em Marechal Cândido Rondon?

A pré-candidatura do prefeito Marcio Rauber (DEM) esfriou, a necessidade de dedicação quase integral aos debates em volta dos problemas causados pela pandemia, limitam o tempo para as articulações políticas, somam-se a isso, uma conversa de bastidor de que o prefeito rondonense não confia em deixar a administração municipal na mão de seu vice, o Ila (PL). Publicamente o prefeito é só elogio ao vice, há quem garanta que isso é um posicionamento apenas para a imprensa.

Rauber deve estar vivendo uma mistura de sentimentos, ganhou mais um concorrente na corrida por uma vaga na Alep, com ascensão de Ademir Bier. Entretanto ao mesmo tempo ganhou mais alguém para intervir pelo município. A relação entre Bier e Marcio não é amistosa, mas é possível dizer que a maturidade dessas lideranças garante a união de esforços em nome do desenvolvimento do município.

Em rota de colisão com antigos aliados

A chegada de Ademir Bier à assembleia legislativa a um ano e meio da eleição não estava no calculo político do jovem vereador Arion Nasihgil, outro pré-candidato, que está apostando em uma dobradinha com o deputado federal Schiavinato, que ainda se encontra internado em estado grave em decorrência da Covid-19, em Brasília.

Arion e Ademir Bier são do mesmo grupo político e têm seus interesses em rota de colisão. Se os dois forem candidatos, disputaram voto a voto nos mesmos grupos políticos nas cidades da região. A chegada de Ademir na Alep é um duro golpe nas pretensões de Arion.

E a relação de Bier e o MDB rondonense?

O antigo partido de Ademir Bier elegeu três vereadores na última eleição municipal. O MDB continua a ser uma grande força no município e com poder decisivo de voto, entretanto, o presidente da sigla, Josoé Pedralli, também é pré-candidato a deputado estadual e conta com o convite e aval do deputado federal Sérgio Souza. A pré-candidatura de Pedralli esbarra na falta de apoio dos vereadores do partido. Nos bastidores, comenta-se que até mesmo o ex-prefeito e atual vereador Moacir Froehlich gostaria de colocar o seu nome à disposição.

Uma coisa me parece óbvia, é que o MDB não dará apoio a Ademir Bier como em 2018. Bier não apareceu na campanha sofrida de Josoé Pedralli a prefeito de Marechal Cândido Rondon, abandonou o barco junto com o seu partido, que levantou a bandeira branca na disputa eleitoral. Já o vereador Froehlich coleciona debates calorosos com Bier sobre o futuro do grupo de oposição em Marechal Rondon e a sintonia não é a mesma de uma década atrás, quando Moacir era um prefeito muito bem avaliado e Ademir Bier era o seu principal canal para atrair investimentos ao município rondonense.

Outros reflexos na política paranaense

Escrevi esse artigo de hoje diante de uma afirmação de um leitor da coluna. Ele me mandou a seguinte mensagem acompanhada de um link falando sobre a posse de Ademir Bier:

“Isso vai atrapalhar os planos do Hussein Bakri”

Discordei de imediato. Hussein Bakri é uma espécie de Polvo e o Paraná é o seu oceano. Hoje, o líder do governo da assembleia legislativa tem seus tentáculos de leste a oeste e de sul a norte do Paraná. Em Marechal Cândido Rondon, Bakri não construiu uma relação só com o prefeito Marcio Rauber. Nas terras mais germânicas do Estado, Hussein Bakri tem um partido para chamar de seu, o Avante, liderado por Paulo Cordova e Davi Félix Schreiner. Ou seja, independente da atuação dos deputados rondonenses, Hussein Bakri já tem quem vai carregar a sua bandeira no Oeste do Paraná.

O retorno de Ademir Bier à Alep é o grande fato político do ano até aqui para Marechal Rondon. Nenhuma movimentação foi capaz de mexer tanto com o jogo político e eleitoral. Essa é daquelas jogadas do acaso que garantem emoções fortes no jogo político rondonense e paranaense.

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