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Marcio Rauber: “Nós temos que continuar nos cuidando, todos temos que ter responsabilidade”

Em entrevista a coluna, Marcio Rauber fala do combate a Covid-19, faz uma avaliação de como o país tem enfrentado essa crise sanitária e ainda comenta sobre as eleições de 2022

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|FOTO: Fernando Nascimento/Portal Rondon|
Rui Barbosa

O prefeito de Marechal Cândido Rondon Marcio Rauber (DEM) me recebeu hoje (10), pela manhã para uma entrevista. Adentrei ao gabinete por volta das 9h20 e me deparei com Prefeito Marcio um tanto quanto cansado e relatando como o enfrentamento da pandemia tem sido desgastante, não apenas pra ele, mas para todos os gestores que lideram municípios Brasil a fora.

A última vez que estive no gabinete do prefeito foi em 2017 na condição de membro do conselho municipal de juventude. Foi a primeira vez que estive ali como jornalista para fazer uma entrevista com a principal liderança política do município. Umas das primeiras coisas que me chamaram a atenção para além da expressão cansada do prefeito, foi um porta retrato a direita na mesa do mandatário, que emoldura uma selfie tirada com o presidente da república Jair Bolsonaro, por quem o Prefeito demonstra ter grande admiração.

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Na conversa falamos principalmente da crise sanitária que enfrentamos, abordei com ele os números do boletim diário, a flexibilização das medidas restritivas por parte do governo do estado e consequentemente uma avaliação de como o nosso país tem enfrentado o desafio de conter a covid-19. Houve ainda tempo para falarmos de política e das especulações em torno das eleições de 2022, principalmente sobre a sua pré-candidatura a deputado estadual e as movimentações na política local. Confira.

Portal Rondon (PR): Prefeito Marcio Rauber, ontem (10) Marechal Cândido Rondon registrou 328 casos ativos de Covid-19. É um recorde negativo registrado no mesmo dia da flexibilização das medidas restritivas. Você acredita que as medidas propostas pelo Governo do Estado geraram o resultado esperado?

Marcio Rauber (MR): É muito difícil fazer essa análise… O que a saúde nos mostra é que a partir do quarto, quinto, sexto dia da contaminação é que você começa a apresentar sintomas. Então, nós não sabemos exatamente quais os motivos que levaram a esse aumento do número de casos. Temos informações de que essa nova cepa de Covid tem uma capacidade de infecção quatro vezes maior que a cepa anterior, ou seja, pode ser que as medidas adotadas não foram significativas ou tão importantes. Por outro lado, se não tivéssemos adotado essas medidas, talvez a contaminação seria maior ainda. Não sabemos exatamente se os novos contaminados, são da nova cepa ou não. Mesmo após um ano de pandemia, ainda existem muitas incertezas no que diz respeito a esta doença, que nos surpreende a cada dia, principalmente pela sua capacidade de mutação, isso nos deixa muito preocupados.

PR: O Governo do Estado toma medidas gerais, o que vale para Curitiba acaba valendo para Marechal Cândido Rondon, e esses municípios são completamente diferentes. O prefeito acredita que a forma que o Governo toma a decisão, de aplicar no interior do Estado as mesmas medidas que aplica na capital, está correta?

MR: O que nós precisamos entender é o seguinte: nas obrigações dos entes da federação, no que diz respeito à saúde pública, os municípios têm obrigação na atenção básica. O Governo do Estado tem a competência para os casos de média e alta complexidade. Qual é o grande problema do Estado do Paraná hoje? É a alta complexidade. Ou seja, vagas para UTI. Quem ocupa as vagas dos leitos de UTI no Paraná são os paranaenses e não importa se ele é de Marechal Rondon ou de Curitiba. Então, a medida tomada pelo Estado tem que levar em consideração o momento em que temos 100% da capacidade ocupada, enfim, precisa ser para todos. Afinal, todos são dependentes dessas vagas. Eu entendo que esse é o pensamento do Governo do Estado, não estou dizendo que está certo nem que está errado. Nem estou dizendo que ele acertou em fechar o comércio não essencial, até porque eu acho que não é no comércio que está o problema da contaminação.

PR: Prefeito Marcio, você e seu governo manifestaram a vontade de integrar o consórcio para compra de vacinas. De acordo com o Ministro Eduardo Pazuello, o programa nacional de imunização (PNI) deve encarar dificuldades. Você sabe me apontar qual é o limite da espera para que estados e municípios façam o consórcio e a compra das vacinas?

MR: Eu não tenho essas informações. É tudo muito novo ainda. O que eu posso dizer é que o município está se preparando para fazer a aquisição, caso seja necessário, e se tivermos condições de fazer a aquisição. Até agora, nós não podemos afirmar que vai ter vacina à disposição para os municípios adquirirem. Se as vacinas forem adquiridas pelo Ministério da Saúde, provavelmente não sobrarão doses para os municípios adquirirem. Então, nós precisamos trabalhar com este dado, que é o mais importante: a disponibilização do produto no mercado. Se as doses estiverem disponíveis, os municípios vão comprar e Marechal Rondon estará apto a participar dessas aquisições.

PR: Qual é a avaliação que o senhor faz do combate à pandemia do novo coronavírus nacionalmente? Nós estamos no caminho certo?

MR: No Brasil, se politizou o combate a esta doença, que igualou todas as pessoas, tanto quem é de direita quanto de esquerda, ricos e pobres, quem tem acesso a saúde pelo SUS ou pela iniciativa privada. Infelizmente, no nosso país isso não foi muito bem conduzido de uma forma geral. Não me refiro ao presidente, governadores ou prefeitos, me refiro ao todo: STF, presidente, ministro de Saúde, governador, secretário estadual de Saúde, prefeito e a Secretária Municipal de Saúde. A condução como um todo não foi boa, e quem sofre as consequências é a população. E todos os governantes fazem parte da população também. Aliás, eu fui contaminado, o presidente da República se contaminou, todos estamos na mesma e reitero ainda existe muitas incertezas.

Se tivéssemos a solução, essa questão já teria sido encaminhada, mas, infelizmente, nós não temos. As mídias têm participação nisso porque, muitas vezes, elas dão viés político ao problema sanitário e isso é muito grave. Nós como um todo, como país, estamos pagando o preço pelos erros cometidos por todos.

PR: Nós estamos vivendo o pior momento da pandemia em Marechal Cândido Rondon, são 328 casos ativos, segundo o último boletim diário de 10 de março. Diante desse momento grave, qual é o recado que o senhor manda para a nossa população?

MR: Primeiro, nós temos que continuar nos cuidando, todos temos que ter responsabilidade e é óbvio que, com o passar do tempo, nós acabamos relaxando. Ao chegar em casa não lavamos as mãos como deveria, não tomamos mais os cuidados que deveriam ser tomados. No início da pandemia, eu ouvia de algumas pessoas que, elas chegavam em casa e trocavam toda roupa e botavam num saco. Isso já não acontece mais, naturalmente nós acabamos relaxando. E isso acontece com todas as doenças, não apenas a covid. Temos que nos manter em alerta. As informações que temos dessa nova cepa são as piores possíveis, o agravamento dos casos é muito mais rápido. Algumas informações apontam que estas cepas atacam as crianças também, coisa que a primeira não fazia. Por isso, nós todos devemos continuar tendo cuidado.


PR: Cascavel, aqui no Oeste do Paraná, é a cidade com maior índice de contaminação e está passando por uma crise muito difícil. Ontem (10) a cidade registrou 10 óbitos. Em Foz do Iguaçu, foram 12 óbitos, inclusive, teve fila de carros funerários no hospital municipal daquela cidade. Marechal Cândido Rondon pode passar por uma situação parecida?

MR: Todos os municípios podem passar por isso. Cada um na sua proporção, é claro. Não acredito que isso aconteça em Marechal Cândido Rondon com esses números, porém, nós podemos ter dois ou três óbitos no mesmo dia. A torcida é para que isso não aconteça e o trabalho que estamos desenvolvendo também é para evitar isso. Contudo, não sabemos o que vai acontecer quando essa nova cepa chegar por aqui. O futuro é uma incerteza. A vacina pode ser o nosso alento, mas nem isso é certeza. Não sabemos se a vacina vai conseguir combater todas as variantes que essa doença pode apresentar.

PR: Diariamente, as especulações sobre as eleições de 2022 estão ganhando mais espaço na imprensa local e nacional. É público que você é pré-candidato a deputado estadual. O DEM dificilmente vai te oferecer condições de eleição tranquila. Você está preparado para mudar de sigla?

MR: A mudança de sigla é a conclusão de que eu serei candidato. Nesse momento, estou buscando a definição se o Marcio Rauber será ou não candidato. Se eu for candidato, precisarei escolher o melhor caminho, mas isso está longe de acontecer. Inúmeras etapas precisam ser satisfeitas para que eu possa realmente ser candidato a deputado, e nenhuma delas até agora foram satisfeitas. Por enquanto, não faz sentido falar em mudança de partido, porque eu não sei se serei candidato ou não. Há o desejo de uma parcela da população, há desejo do grupo político e também interesse de alguns partidos, entretanto, essa decisão está longe de ser tomada.

PR: Prefeito, publiquei na semana passada um artigo repercutindo a saída do Carlinhos Silva do Progressistas (PP). Você tem interesse em contar com o Carlinhos no seu partido ou em um partido da sua base de apoio?

MR: Eu conversei com o Carlinhos. Ele me procurou, eu o recebi como faço com todos. Ele me apresentou as suas insatisfações e motivos que o levaram à decisão de sair do Progressistas. Os nossos partidos estão de portas abertas e se ele entender que o caminho é um dos partidos aliados ao governo será muito bem-vindo.

PR: Nacionalmente, na política a novidade é a anulação dos processos do ex-presidente Lula na Lava Jato de Curitiba. Agora, com o ex-presidente em condições de disputar as eleições em 2022, como o prefeito avalia o cenário eleitoral para 2022 na disputa para presidente da República?

MR: Na verdade, eu não fiz essa análise. Estou focado nos problemas de saúde e da pandemia. Isso tem consumido muito tempo dos gestores. A energia que disponibilizamos para isso é muito grande. Nesse momento, me dedico integralmente às questões municipais, à gestão como um todo e, especialmente, às questões de saúde, que nos deixam muito preocupados e que nos exigem dedicação. O Lula é um candidato forte, ele demonstrou isso em toda a sua carreira política, e o Bolsonaro é um presidente forte também. Se, de fato, os dois forem candidatos, eu entendo que haverá uma polarização dos votos para os dois. Todavia, ainda não fiz uma análise. Independentemente das minhas posições, o que pensamos e o que vai acontecer pode ser muito diferente.

 
PR: Caso seja candidato a deputado estadual, você faz questão de ser candidato na chapa em que estiver o presidente Jair Bolsonaro?

MR: O Jair Bolsonaro é o meu presidente e tem o meu apoio. Mas, quando somos candidatos temos que escolher uma sigla, que tenha viabilidade. Se for para eu ser candidato numa sigla que não tem viabilidade, eu não serei candidato. Mas, o meu presidente é Jair Bolsonaro.  

Fernando Nascimento – Portal Rondon


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