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A pré-temporada da F1 começa hoje; E aí?

A pré-temporada mudou muito ao longo dos tempos. E para entender qual o seu papel na preparação de um time, primeiro a gente precisa entender o que é a pré-temporada.

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Lance Stroll e Carlos Sainz durante o primeiro dia de testes coletivos no Bahrain. Créditos: Twitter/F1
Imobiliária Maurício Vazquez

E ai pessoal, tudo bem? Mais uma coluna Pit Stop aqui no Portal Rondon, e hoje o tema é a pré-temporada da F1. O que a gente precisa saber pra conseguir fazer uma leitura correta dos testes que antecedem a temporada?

A pré-temporada mudou muito ao longo dos tempos. E para entender qual o seu papel na preparação de um time, primeiro a gente precisa entender o que é a pré-temporada. 

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Qual é o conceito da pré-temporada? 

É o período de testes em que as equipes vão colocar seus carros novos na pista, verificar se tudo funciona bem, ver até onde vai a confiabilidade dos equipamentos, entender os pneus, etc.

Como funcionava antigamente?

Antigamente, em um mundo pré-crise do capitalismo de 2008, a pré-temporada era muito maior e os times tinham a possibilidade de realizar seus testes de maneira privada. Então a Ferrari levava seu carro até a pista de Fiorano, na Itália, e treinava. A McLaren ia até Silverstone, na Inglaterra, e fazia o mesmo. A Toyota costumava treinar na França, etc., e era assim funcionava. Havia claro, sessões coletivas de testes, mas o regulamento permitia treinos particulares. 

Os testes eram ilimitados, seja por quantos dias fossem necessários. As equipes podiam colocar mais de um carro para andar no mesmo dia, e o ‘pau torava’, como se diz por aí.

Como funciona hoje em dia?

Isso já não acontece mais desde 2008 pra cá. Naquele ano, quando a crise estourou, muitos patrocinadores e muitas montadoras (BMW, Honda, Toyota e Renault, por exemplo) saíram da Fórmula 1. Então para conter custos, a organização da Fórmula 1 proibiu a realização de sessões particulares de testes, mantendo apenas os testes oficiais marcados pela organização da categoria, onde todas as equipes se reúnem em uma mesma pista para treinar.

E também foi limitado o número de dias de teste ao longo do ano. Esse número foi variando de um ano para o outro, chegando a 16 dias em 2010, o que contrasta muito com os míseros três dias de testes de 2021.

Onde os testes são realizados?

Durante a década de 80, o circo da F1 se reunia no Rio de Janeiro para realizar os chamados ‘testes de pneus’. O Brasil abria a temporada e as equipes já ficavam por aqui mesmo.

Nos anos 80 era comum a F1 testar no Rio de Janeiro. Repare nos mecânicos de shorts! Créditos: F1/Divulgação

A partir dos anos 90, com a construção do circuito de Barcelona, a F1 quase sempre promoveu suas sessões de pré-temporada na Espanha. Seja por conta do desenho da pista – composta por grandes retas e curvas dos mais variados tipos, por conta do clima ameno (estamos chegando ao fim do inverno e início da primavera na Europa), mas, sobretudo, para manter as atividades na Europa, o que facilita muito o transporte de peças e funcionários da fábrica para a pista.

Este ano, por uma série de razões (estabilidade no regulamento, pandemia, corte de custos, etc.), a F1 optou por realizar uma pré-temporada de apenas três dias no Bahrein. 

Por serem poucos dias, e também pelos carros serem basicamente os mesmos que terminaram o campeonato em 2020, então não haverá a necessidade de transportar peças atualizadas com tanta urgência.

Além disso, o clima barenita favorece a avaliação das equipes em relação à confiabilidade de motores, sistemas hidráulicos, freios e, principalmente, ao desempenho dos pneus. Quando submetido a temperaturas mais elevadas, o conjunto de um F1 se desgasta mais rapidamente. E é importante para as equipes que se saiba até onde o equipamento pode ser exigido para evitar quebras durante as corridas.

O que não é relevante de ser acompanhado?

Por incrível que pareça, a tabela de tempos é uma das coisas que menos importa nesse momento. Por várias razões: 

1) as equipes andam com níveis diferentes de combustível. Umas andam com o tanque vazio, outras andam com o tanque cheio; 

2) as equipes usam pneus diferentes ao longo do dia. Algumas estão andando com o composto mais macio, outras com o pneu mais duro;

3) as equipes possuem programas diferentes para o treino. Algumas estão mais preocupadas em entender se as peças que foram produzidas durante o inverno europeu estão correspondendo aos dados da fábrica. Por isso, é comum ver carros com grades penduradas nas asas dianteiras e traseiras. São sensores responsáveis por verificar o fluxo de ar gerado pelas peças do carro. Por outro lado, outras estão mais preocupadas em buscar desempenho, entender os pneus, ou dar quilometragem aos pilotos que estão chegando agora às equipes.

É comum ver as equipes usando sensores para avaliar o funcionamento de novas peças. Créditos: F1/Divulgação

Então quando você mistura todas essas variáveis, e é fácil chegar à conclusão de que os tempos não são muito representativos. Tudo isso dá muita diferença no tempo final de uma volta. 

O que é relevante de ser acompanhado?

O número de voltas percorridas por cada equipe é uma informação chave. Para se ter uma ideia, no treino que terminou hoje mais cedo, Max Verstappen foi o piloto que mais andou na pista. Foram 139 voltas ao redor do circuito barenita.

A título de comparação o GP do Bahrain do ano passado teve 57 voltas. A distância percorrida por Max Verstappen no dia de hoje foi correspondente a aproximadamente 2,5 GPs completos.

Isso é um bom sinal. O motor Honda está funcionando bem, e o carro não apresenta problemas de confiabilidade. A tendência é que nos próximos dias a equipe passe a testar variações no ajuste do carro, entendendo como o carro se comporta com mais ou menos asa dianteira, com uma altura maior ou menor, etc. Agora que já se sabe que o carro é confiável, é hora de exigir um pouco mais do conjunto.

Max Verstappen em ação no Circuito Internacional do Bahrain. Créditos: Twitter/F1

Então, o ponto principal para ficarmos de olho nos próximos dias é, justamente, a quantidade de voltas percorridas e, também, se essas voltas são em sequência, ou não. 

Quando um piloto dá apenas cinco voltas em sequencia, ele está treinando ritmo de classificação, alguma coisa nesse sentido. Quando o piloto dá 20 voltas em sequencia usando os mesmos pneus, ele está simulando uma corrida, para ver como o carro se comporta carregando mais peso, usando pneus mais resistentes, andando atrás de outros pilotos… Todas essas informações são relevantes para as equipes se organizarem para a temporada que está por vir.

Essa aqui foi mais uma coluna Pit Stop no Portal Rondon. Agradeço sempre à audiência, e a paciência de quem chega até ao final desses longos textos. E agora que você leu a este guia aqui no Portal Rondon, você também tem todas as informações necessárias para se preparar sem surpresas para a temporada de 2021 da Fórmula 1. Até breve!

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