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Supermercados: reforma com imposto único aumentará preço dos alimentos

Imposto sobre Valor Agregado (IVA) com alíquota de 25% pode fazer preços dos alimentos dispararem

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em

Divulgação/Abras
Imobiliária Maurício Vazquez

Prioridade do Ministério da Fazenda no primeiro semestre, a reforma tributária que está em discussão no governo, que prevê um imposto único, penalizará setores cruciais da economia brasileira e pode fazer os preços dos alimentos dispararem, prejudicando os consumidores em todo o país.

A avaliação é do presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), João Galassi, que alerta para o aumento da carga tributária e afirma que o Executivo deveria fazer a sua parte, cortando despesas, em vez de onerar segmentos como o comércio, os serviços e o agronegócio, que hoje pagam alíquotas mais baixas.

Müller Contabilidade

Em entrevista ao Metrópoles, Galassi critica a ideia de se criar um único tributo, o Imposto sobre Valor Agregado (IVA), com uma alíquota de 25%, em substituição a diversos tributos federais, estaduais e municipais que incidem sobre bens e serviços, como ICMS, IPI, ISS, PIS e Cofins. Este é o princípio do projeto de reforma tributária em estágio mais avançado no Congresso Nacional, a PEC 45/2019, cujo autor é o atual secretário extraordinário da reforma tributária, Bernard Appy.

“De quanto seria o aumento na sardinha com a proposta que está sendo discutida, de um IVA de 25%? A sardinha teria um aumento de 18%. De quanto seria o aumento do azeite? 7%. De quanto seria o aumento nos ovos de Páscoa? O impacto seria ainda maior porque o ovo de Páscoa é composto de leite, de cacau, de açúcar… Todos esses itens teriam um aumento de, no mínimo, 18%”, estima Galassi.

“O Estado não teria inúmeras possibilidades de redução de custos? Eu acho que tem. A reforma tributária, como está sendo proposta, com uma alíquota única, é totalmente inviável. Não dá nem para iniciar uma conversa falando em IVA de 25%”, critica o presidente da Abras.

O setor de supermercados foi o que mais gerou empregos no país entre 2020 e 2021, no auge da pandemia. Como foi enfrentar esse período?

Foi um grande desafio para todos nós, tanto para a sociedade quanto para o setor. Nós atendemos os consumidores com a cara e a coragem em um momento no qual ninguém sabia direito o que estávamos enfrentando. Tivemos de desenvolver rapidamente novos padrões operacionais para que pudéssemos dar tranquilidade e proteção aos nossos colaboradores e consumidores. Esses padrões se tornaram tão eficientes que serviram de exemplo para que outros setores, à medida que foram voltando ao dia a dia da operação, estivessem preparados como nós. Naquele momento, tivemos um grande desafio também na digitalização. Dedicamos todo o nosso esforço e a nossa capacidade à área de tecnologia para desenvolver sistemas de entregas nas residências dos consumidores. Abastecemos com segurança a sociedade brasileira. E o setor continuou investindo. Nos últimos três anos, investimos mais de R$ 50 bilhões em novas lojas no país.

Qual é a situação atual dos supermercados brasileiros e quais as perspectivas para este ano?

Continuamos crescendo. No ano passado, tivemos uma alta de 3,89% no consumo dos lares brasileiros em relação ao ano anterior, um resultado que não foi gerado apenas pelo esforço do setor em novas lojas e tecnologia. Foi um resultado alcançado também graças às políticas públicas durante aquele período. Tivemos o Auxílio Brasil de R$ 600, o pagamento do Auxílio Gás, a possibilidade de as pessoas sacarem o FGTS… Também tivemos auxílios para caminhoneiros e taxistas. Tudo isso contribuiu para o crescimento do consumo das famílias (alta de 1,07% em janeiro, na comparação com o mesmo período do ano passado). No primeiro bimestre de 2023, tivemos um crescimento de 1,44%. E continuamos agora com o apoio do novo governo às classes menos favorecidas, com o adicional de R$ 150 por criança para as famílias com crianças de até 6 anos. Isso também dá um suporte maior a essas pessoas, o que reflete na alimentação.

O grupo francês Casino, controlador do Pão de Açúcar e do Assaí, enfrenta uma das maiores crises de sua história. O senhor teme o impacto dessa crise no mercado brasileiro?

Ali é uma questão dos controladores na França e não envolve a operação das empresas no Brasil. As companhias continuam bem operadas, estão muito bem. É uma questão pontual da organização e do controle. Hoje, o Assaí se tornou a primeira empresa de supermercados do país praticamente “sem dono”. A empresa está diluída na bolsa de valores entre inúmeros acionistas e continua sendo operada pelos mesmos dirigentes que estavam lá antes. Não há nenhum problema maior com essas empresas, mas com seus controladores.

Quais são suas expectativas sobre a reforma tributária?

Eu vou explicar a reforma tributária que está sendo proposta de uma forma muito simples, para que todos possam entender. De quanto seria o aumento na sardinha com a proposta que está sendo discutida, de um IVA de 25%? A sardinha teria um aumento de 18%. De quanto seria o aumento do azeite? 7%. De quanto seria o aumento nos ovos de Páscoa? O impacto seria ainda maior porque o ovo de Páscoa é composto de leite, de cacau, de açúcar… Todos esses itens teriam um aumento de, no mínimo, 18%. De quanto seria o aumento da batata? Sabe a batata, que acompanha o bacalhau? Teria um preço 25% maior. Se nós já estivéssemos nessa realidade da reforma tributária com o IVA que está sendo apresentado, certamente teríamos uma Páscoa ainda mais salgada nos preços.

Sicredi
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