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Brasileiro que tenta sair de Gaza relata momento de terror após bombardeios
Hasan Rabee teve que mudar de local após uma bomba atingir a casa vizinha e matar 12 pessoas. Expectativa agora é conseguir uma saída pelo Egito.
O cidadão brasileiro Hasan Rabee relatou nesta quarta-feira (11), em entrevista exclusiva à GloboNews, que ele e sua família vivem momentos de terror na Faixa de Gaza após a sequência de ataques aéreos feitos por Israel.
A contraofensiva em Gaza vem após ataque surpresa do grupo terrorista Hamas contra a população israelense no último sábado (7).
Nesta quarta, Hasan teve que deixar o local onde estava após uma bomba atingir a casa vizinha e matar 12 pessoas, deixando mais de 60 feridos.
“Minhas filhas, ontem à noite, a gente ficou sem conseguir respirar bem. Ficamos com o olho ardendo por causa do bombardeio de Israel, que usa bomba de fósforo e tem esse cheiro muito ruim. Ficamos com tosse”, relata.
Segundo ele, o local onde está abrigado está sem luz e água e a comida deve durar poucos dias. A esperança é conseguir sair da Faixa de Gaza.
“A gente tem esperança para conseguir uma saída desse local e voltarmos para o Brasil”, explica Hasan. No entanto, um novo ataque israelense fez essa esperança diminuir.
“Está tudo paralisado desde ontem, quando a fronteira na Faixa de Gaza com Egito foi atingida por ataque israelense. A gente estava com esperança até ontem, mas depois disso estamos sem esperança nenhuma do resgate”, completou.
Passagem pelo Egito
Israel atacou, na terça-feira (10), a única passagem para fora da Faixa de Gaza, em Rafah, que faz fronteira com o norte do Egito. O Brasil planejava usar a saída para retirar brasileiros da região, segundo o governo.
Os israelenses bloquearam as fronteiras com Gaza após o início de um conflito com o grupo Hamas no sábado (7). Segundo as autoridades, 2,1 mil pessoas já morreram nos ataques deferidos por ambos os lados.
Há anos, a passagem de pessoas e bens é estritamente controlada sob um bloqueio a Gaza imposto pelo Egito e por Israel.
Entenda a guerra entre o Hamas e Israel
▶️ Como começou o conflito entre o Hamas e Israel? A mais recente disputa na região começou em 7 de outubro, quando o Hamas realizou um ataque-surpresa contra Israel. Essa foi a mais violenta ação contra o território israelense dos últimos 50 anos. Os serviços de inteligência do país não conseguiram antecipar que uma ofensiva dessa magnitude estava sendo preparada.
▶️ O que é o Hamas? O grupo terrorista é uma das maiores organizações islâmicas dos territórios palestinos e, desde 2007, controla a Faixa de Gaza. O Hamas é considerado um grupo terrorista por países como os Estados Unidos e o Reino Unido. Veja o vídeo abaixo para saber mais sobre o grupo.
▶️ Como foi o ataque? As ações se concentraram perto da fronteira da Faixa Gaza, de onde Hamas lançou lançados 5 mil foguetes. Por terra, ar e mar, com motos e parapentes, homens armados invadiram o território israelense pelo sul do país. Houve relatos de que os invasores atiraram em pessoas que estavam nas ruas e sequestraram dezenas de israelenses (incluindo mulheres e crianças), levados como reféns para Gaza.
▶️ Como foi a resposta de Israel? Diante da ofensiva do Hamas, o governo israelense iniciou uma retaliação. “Estamos em guerra e vamos ganhar”, disse o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, logo após o ataque. “O nosso inimigo pagará um preço que nunca conheceu.” Ainda em 7 de outubro, Israel lançou bombas em direção à Faixa de Gaza.
▶️ O que é e onde fica Faixa de Gaza? É território palestino localizado em um estreito pedaço de terra na costa oeste de Israel, na fronteira com o Egito. Marcado por pobreza e superpopulação, tem 2 milhões de habitantes morando em um território de 360 km² — um pouco menor que Santa Catarina. Tomada por Israel na Guerra dos Seis Dias, em 1967, e entregue aos palestinos em 2005, Gaza vive um bloqueio de bens e serviços imposto por seus vizinhos de fronteira.
▶️ Qual é o histórico do conflito na região? A disputa entre Israel e Palestina se estende há décadas e já resultou em inúmeros enfrentamentos armados e mortes. Em sua forma moderna, remonta a 1947, quando a Organização das Nações Unidas (ONU) propôs a criação de dois Estados, um judeu e um árabe, na Palestina, sob mandato britânico.