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Senado leva notícias em braile a todo o país há 15 anos

Senado Notícias em Braile é enviado mensalmente a 119 bibliotecas e entidades ligadas às pessoas com deficiência visual

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Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado
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Os dados oficiais são ainda do último Censo Demográfico, de 2010, já que ainda não foram divulgados os números sobre a população com deficiência no levantamento que está sendo feito desde 2022. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), há 506 mil cegos no Brasil. Essa parcela da população historicamente tem à disposição uma baixa oferta de material de leitura.  

O avanço tecnológico facilitou em muito o acesso à informação, principalmente com a criação dos leitores de tela, programas de computador que convertem o texto em áudio e permitem à pessoa cega navegar na internet. Mas um código inventado há 197 anos ainda é indispensável à educação e à inclusão dessas pessoas.  

Dr Guilherme Dentista

—  Toda essa tecnologia que existe é bem-vinda, mas não substitui o braile. No braile, você efetivamente lê, você tem contato com a ortografia. Se você acabar com o braile, você vai acabar causando um problema muito sério para a alfabetização e futuramente para a empregabilidade, porque uma pessoa mal alfabetizada não vai conseguir uma vaga qualificada — afirma Markiano Charan Filho, que é cego e preside a Associação de Deficientes Visuais e Amigos (Adeva), de São Paulo (SP). 

A instituição existe desde 1978 e tem como missão incluir a pessoa com deficiência visual, principalmente no trabalho, com cursos profissionalizantes e de reabilitação — neste último caso, para os que enxergavam e perderam a visão. 

A Adeva é uma das 119 instituições que recebem mensalmente o Senado Notícias em Braile, produzido pela Agência Senado. São 116 entidades no Brasil e outras três em Portugal, entre associações ligadas às pessoas com deficiências, bibliotecas públicas e universidades. 

Neste mês de maio, a publicação completa 15 anos. Até o final de 2019, ela se chamava Jornal do Senado em Braile e trazia um resumo mensal das notícias publicadas no Jornal do Senado impresso em tinta. Com o fim do impresso, o braile mudou de nome, passando a reunir as reportagens mais importantes publicadas no Portal Senado Notícias, também editado pela Agência Senado.  

No final de 2021, uma pesquisa realizada em parceria com o Instituto DataSenado junto ao público-alvo motivou uma reformulação editorial para aproximar ao máximo o conteúdo dos interesses dos leitores. 

— Ajustamos nossos conteúdos para oferecer mais notícias sobre acessibilidade e direitos das pessoas com deficiências. Estamos sempre atentos para ampliar e melhorar esses serviços à população — afirma Paola Lima, diretora da Agência.      

O compilado das notícias publicadas no Portal Senado Notícias também reúne as principais aprovações de projetos pelo Senado, as sanções de lei e reportagens especiais, principalmente sobre história e cidadania. 

— Hoje em dia muita gente não está utilizando mais o braile, por conta da acessibilidade na informática. Mas, para quem gosta de ler, o Senado Notícias em Braile é muito bom. Deixa a gente por dentro das leis, do que está mudando no nosso país — opina a leitora Gessica Oliveira, que mora em Rondonópolis (MT) e tem acesso à publicação na biblioteca da Associação de Deficientes Visuais da cidade. Ela tem 31 anos e perdeu a visão aos 15. 

Também frequentador assíduo dessa biblioteca, Bruno Marques Antunes, 29 anos, é cego desde os 12. Ele considera a escrita em braile uma ferramenta insubstituível para a informação desse público.  

 — Quando eu perdi a visão e comecei a ser realfabetizado, eu fui direto pro braile. Quando a pessoa está lendo em braile, ela consegue viajar mais no que está acontecendo, ela consegue entender mais. É diferente de quando uma pessoa está narrando — explica. 

Outro leitor do Senado Notícias em Braile, o massoterapeuta Jackson Bulhões, de São Luís, é presidente do Centro Desportivo Maranhense de Cegos.  

— De negativo eu não tenho nada [a apontar]. Eu gosto da publicação, das notícias. O braile [o relevo] é muito vivo, a qualidade da encadernação é boa — avalia. 

Érica Prates Camillo é paratleta de natação, tem 14 anos e perdeu a visão há três. Cursa o 9º ano numa escola inclusiva. Hoje já domina o braile, que aprendeu na Associação de Pais e Amigos dos Deficientes Visuais de Caxias do Sul (RS). Ela “acha interessante saber o que está acontecendo no Senado” e também elogia as qualidades físicas do Senado Notícias em Braile: “A parte táctil e o relevo são bons”.  

A professora de braile de Érica, Amanda Franscisco da Silva, que é vidente, afirma que conhecer esse sistema de leitura é fundamental.   

— Vamos pensar no cotidiano. A pessoa com cegueira precisa ir a uma farmácia. Nas caixinhas de remédio tem as informações em braile. É muito importante aprender. Sem dúvida, faz toda a diferença. Não dá pra depender só de suporte de áudio. 

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