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Deputado paranaense ameaça mandar Lula e integrantes do MST “para o inferno”

Em discurso na Assembleia Legislativa, Coronel Lee disse que já mandou membros do MST “para o inferno” e que pode enviar o ex-presidente para “visitar seus amigos que estão lá”

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Deputado bolsonarista Coronel Lee junto com o Presidente Jair Bolsonaro, em Brasília |Foto: Divulgação / Redes Sociais|
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Ex-comandante do Bope, batalhão de choque da Polícia Militar do Paraná, o deputado estadual Coronel Lee (DC) ameaçou o ex-presidente Lula e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

Em discurso na Assembleia Legislativa, Coronel Lee disse que já mandou membros do MST “para o inferno” e que pode enviar o ex-presidente para “visitar seus amigos que estão lá”.

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“O que nos traz hoje aqui é um desaforo, uma ameaça de um indivíduo, um elemento que é chamado de Lula”, afirmou o deputado estadual, conforme registro no Twitter do jornalista Eduardo Matysiak.

Coronel Lee fez referência à declaração de Lula de que os brasileiros deveriam procurar seus parlamentares nos estados para pressioná-los por melhorias.

“Esse camarada quer visitar nossas residências, nossas casas, quer juntar um grupo de desocupados, vagabundos, para conversar com nossa família, para conversa com a gente. Coronel Telhada, ex-comandante da Rota, hoje deputado em São Paulo, aqui é o Coronel Lee, ex-comandante do Bope do Paraná”, disse o coronel paranaense.

Em declaração dirigida ao Coronel Telhada, deputado estadual paulista que já comandou a Rota em São Paulo, Lee disse que o “modus operandi” dos dois era o mesmo. “A última vez que esse bando do MST e da esquerda veio nos visitar, queriam conversar com a gente no meio do mato, foram parar no inferno. Então, Lula. Mande a sua turma toda falar com a gente de novo. Vocês vão visitar seus amigos que estão lá. É esse nosso recado”, ameaçou.

Na terça-feira (05), o deputado federal Junio Amaral (PL-MG) divulgou um vídeo no qual manuseava uma arma de fogo enquanto fazia provocações a Lula. Em 24 de março, circulou nas redes sociais um vídeo em que um homem na cidade de Gravatal (SC) praticava tiro ao alvo e fazia ameaças a membros do PT.

O que disse Lula?

A declaração de Lula durante um evento da Central Única dos Trabalhadores (CUT) gerou essa forte repercussão entre deputados bolsonaristas, vários deputados chegaram a insinuar que pegariam armas de fogo contra o petista e seus apoiadores. O ex-presidente defendeu “mapear o endereço” de parlamentares e se dirigir a esses locais para “incomodar a tranquilidade deles”, pressionando-os com as demandas dos sindicalistas.

“Fazer ato público na frente do Congresso Nacional não move uma pestana de um deputado. Quando a gente está dentro do plenário, a gente não sabe se está chovendo lá fora, se está caindo canivete (…) Deputado tem casa. Eles moram em uma cidade, nessa cidade tem sindicalista (…) Se a gente mapeasse o endereço de cada deputado e fossem 50 pessoas até a casa dele, não é para xingar, mas para conversar com ele, conversar com a mulher dele, com o filho dele, incomodar a tranquilidade dele. Eu acho que surte muito mais efeito”, disse o petista

A declaração desencadeou uma onda de publicações contrárias à sugestão de Lula nas redes sociais.

Bolsonaristas acionam STF contra Lula

Um grupo com 11 parlamentares bolsonaristas, encabeçado por Carla Zambelli (PL-SP), protocolou, nesta quarta-feira (6/4), uma notícia-crime no Supremo Tribunal Federal (STF) contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) por “ameaças à integridade de deputados e parentes deles”. O ministro Ricardo Lewandowski será o relator do caso.

A peça cita que a declaração de Lula – militantes deveriam ir às casas de parlamentares para conversar com as famílias e incomodar a tranquilidade deles – constitui um “ato antidemocrático” e pede ainda que o ex-presidente mantenha distância de 300 metros de qualquer parlamentar, das residências deles e do Congresso Nacional.

“Ou o STF manda prender Lula ou retira a ação contra o deputado Daniel Silveira. Não pode haver dois pesos e duas medidas”, afirmou Carla Zambelli.

PT e Liderança da Oposição repudiam ameaças do Coronel Lee

No final da tarde de ontem (06), o Partido dos Trabalhadores emitiu uma nota repudiando as declarações do deputado estadual Coronel Lee e afirmando: “O ódio não pode ser ferramenta de disputa política, nem o discurso violento como retórica, ainda mais, em um lugar que deveria ser respeitado: a casa do povo”. Veja a nota na íntegra:

O Brasil vive capítulos difíceis em sua história com a violência e o discurso fascista, infelizmente, invadindo espaços democráticos, republicanos e de diálogo da sociedade brasileira. Nesta quarta-feira, 06/04, a sessão na Assembleia Legislativa do Paraná foi palco de mais um episódio de discurso de ódio. Durante sua fala na tribuna da Assembleia, o deputado estadual Coronel Lee (DC) proferiu palavras contra a integridade física do ex-presidente Lula e de membros do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, os ameaçando de morte.

O Partido dos Trabalhadores e a Liderança da Oposição repudiam o incentivo à violência política seja contra o ex-presidente Lula, contra seus aliados, ou contra quaisquer pessoas que desenvolvem políticas públicas e sociais.

O discurso feito pelo Deputado Coronel Lee é um alerta e gera profunda preocupação com a escalada de violência promovida por parlamentares bolsonaristas, especialmente em ano eleitoral, já que Lula aparece como líder nas pesquisas de intenção de voto. O ódio não pode ser ferramenta de disputa política, nem o discurso violento como retórica, ainda mais, em um lugar que deveria ser respeitado: a casa do povo.

O PT irá tomar as medidas jurídicas cabíveis contra a lamentável manifestação do parlamentar, afim de que esses episódios não se repitam e que não fiquem impunes. Também solicitamos à Assembleia Legislativa que seja cumprido o regimento interno e que parlamentares sejam impedidos de usar o espaço público para proferir tais ofensas e crimes.

Em defesa da Democracia e contra o discurso de ódio!

*Portal Rondon com informações de Congresso em Foco, Isto é, Poder 360, Metrópoles e jornalista Eduardo Matysiak

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