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Agronegócio

Aumento do preço de insumos e condições climáticas elevam valor do tomate no Paraná

Enquanto preço do tomate normal disparou, variedades menores não acompanharam o aumento na mesma velocidade

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Tomate que abastece a Ceasa em Curitiba vem da região de Reserva, nos Campos Gerais do Paraná, de Santa Catarina, de São Paulo e de Goiás. — Foto: Divulgação/Seappa-RJ
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Uma pesquisa feita pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) relevou que a renda média dos trabalhadores do Paraná caiu mais de 7% em 2021, ficando em R$ 2.760.

Ao mesmo tempo, a inflação aumentou e Curitiba registrou o maior Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) para o mês de março entre as onze capitais brasileiras consultadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

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O indicador é considerado uma prévia da inflação oficial e atingiu 1,55% no mês, na comparação com fevereiro, segundo dados divulgados nesta sexta-feira (25) pelo IBGE.

Diversos itens ajudaram a puxar a prévia da inflação de Curitiba para cima. Entre eles, o tomate, que subiu 16%.

São vários fatores que explicam o aumento no preço. O primeiro é que está faltando tomate, uma vez que as lavouras foram prejudicadas por causa das condições do tempo.

“Tivemos perdas por excesso de chuva e períodos longos de estiagem. Ao mesmo tempo, o insumo subiu demais. Todos os produtos que você usa na agricultura tiveram altas exageradas. Com isso, muita gente ficou com receio de plantar, além da falta de mão de obra”, analisa o diretor agrocomercial da Central de Abastecimento de Curitiba, Paulo Ricardo da Nova.

O tomate que abastece a Ceasa em Curitiba vem da região de Reserva, nos Campos Gerais do Paraná, de Santa Catarina, de São Paulo e de Goiás.

“Em todas as regiões a dificuldade está muito grande. Pela primeira vez eu vi na Ceasa o pessoal que maquina o tomate – porque o tomate chega e aí tem que passar na máquina pra lavar, limpar – com a máquina parada na parte da tarde por falta do produto”, comenta o diretor.

Enquanto o preço do tomate normal disparou, as variedades menores como Holandês, Sweet Grape e Cereja não acompanharam o aumento na mesma velocidade. Eles estão mais caros do que antes, mas não tanto quanto os maiores.

Isso porque, além da procura ser menor, a forma de cultivo dessas variedades ajuda a diminuir as perdas. De acordo com o diretor da Ceasa Curitiba o tomate cereja é produzido basicamente em estufas.

“Não tem como você produzir tomate normal, cem mil pés, quinhentos mil pés em estufas. Daí vai para campo onde as perdas são muito maiores”, compara.

Segundo ele, nas estufas o clima é bem controlado – não há chuva e orvalho molhando as folhas, a irrigação e a adubação podem ser controladas – com isso, o manejo é facilitado.

Comportamento dos consumidores

Awad Ghosn, feirante, conta que está cada dia mais difícil encher a banca com o fruto. O preço da caixa subiu muito e não tem como não repassar ao consumidor.

“Aumentou muito, praticamente multiplicou o preço. Estava em torno de oitenta, noventa reais. Hoje está cento e noventa, duzentos e vinte, duzentos e quarenta, depende o tomate. E aí tem que aumentar o preço, porque normalmente no meio da caixa vem uns machucados e isso tudo vai compensar no preço do freguês”, conta.

Faz trinta anos que a feirante Leonilda Ferreira tem banca no Mercado Municipal de Curitiba. Já acompanhou muito sobe e desce do tomate e conhece bem o comportamento da freguesia com essas variações.

“O consumidor leva menos, mas está levando, não está deixando de comprar, porque ela sabe que, essa época, tomate de qualidade sobe mesmo. É que nem eu falo, você vai fazer uma salada de alface, se não tiver aquele tomatinho no meio, não tem aquele gosto. Então, mesmo caro ele está vendendo”, explica ela.

Previsão

A expectativa é de que os preços do tomate parem de subir e até caiam nas próximas semanas.

De acordo com Paulo da Nova a perspectiva é de normalização da oferta, tendo em vista que começará a chegar tomate de outras localidades.

“O clima, também, a nível de estado fica mais fresco e aí outras regiões começam a produzir”, prevê.

Mas, ao o mesmo tempo, o diretor avisa que é melhor o consumidor não criar muitas expectativas.

“Não acredito em uma baixa muito grande porque, com a alta dos insumos, se baixar muito o preço o pessoal vai parar de produzir. Não dá pra produzir tomate barato com duzentos reais o saco de adubo, trezentos e quarenta uma ureia, diesel a seis reais, fica difícil. Aquele preço baixo que tinha antigamente, não acredito muito que volte, porque se voltar vai parar a produção”, finaliza.

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