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O carro de uma professora foi pichado: Até que ponto essas “brincadeiras” não são responsabilidade das famílias?

É preciso refletir

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FOTO: Reprodução
Gramado Presentes

“Nos dias atuais a escola tem sido alvo do título “põe lá, que lá eles dão conta”. Por mais que queiram explicar, realmente não entendo o motivo. Mães, pais e outros responsáveis fazem questão de “deixarem” os filhos na escolas ou colégios pensando que ficam isentos de sua responsabilidade educacional”.

A fala é do pedagogo e psicopedagogo Eliseu Schwingel, e é preciso refletir sobre ela.

Portal Facebook

No mês de novembro, uma professora/pedagoga teve o seu carro pichado, no Colégio Estadual de Pato Bragado.

O veículo estava no estacionamento da instituição de ensino e alguns alunos usaram tinta spray para desenhar por toda a lataria.

E qual é a justificativa para este crime? Afinal, os adolescentes até podem ter visto como uma brincadeira, mas de acordo com a Constituição Brasileira, Art. 163 – Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia é crime.

Por serem menores de idade, quem responderá pelo crime que cometeram contra o carro da professora são os pais.

Segundo o advogado consultado pelo Portal Rondon, Christian Guenther, “nesta situação não se aplicam as penalidades de pichação, já que o ato de vandalismo não foi realizado em edificação ou monumento público. No entanto, há a possibilidade de ter havido o crime de dano qualificado:

“A pena aplicável pode ir de seis meses a três anos de detenção pela evidência de ter havido motivo egoístico (ou vingança) na prática do ato e também pelo prejuízo dependendo o valor gasto para a retirada da pichação”, explica o advogado.

O Ministério Público pode oferecer um acordo de não persecução penal (ANPP), onde existe a possibilidade de ressarcimento do dano à vítima. Ou seja, caso a professora entre com uma ação contra o ato, os pais terão que pagar pelos danos.

Mas, muito além de ressarcir a pedagoga pelo que os filhos fizeram, cabe aos pais refletirem: Estamos acompanhando efetivamente a vida escolar dos nossos filhos?

A pedagoga relatou ao Portal Rondon o quanto o ato lhe deixou triste e comentou que, nos dias de hoje, a escola está de mãos atadas em muitas situações.

“A função de um pedagogo é zelar pelo aprendizado dos alunos. Infelizmente, essa função é vista como chata por alguns deles. Como pedagoga, eu preciso “pegar no pé” dos estudantes volta e meia”, comentou a vítima do ato de vandalismo.

Nem sempre, os alunos entendem que as exigências feitas por esses pedagogos são para o sucesso escolar deles. “No último mês, eu tive que passar alguns dias “pegando no pé” de dois alunos do 8° ano, que não entregavam atividades, que não estavam produzindo em sala, e nem seguiam as regras de comportamento no ambiente escolar… Comuniquei aos pais, e eles se comprometeram em orientar seus filhos, mas sem resultado evidente. As cobranças de minha parte precisaram continuar…”, ela contou.

Descontentes, os dois meninos saíram de casa para ir ao colégio, foram até uma loja de materiais de construção, compraram a tinta e se vingaram das cobranças no carro da Pedagoga. E eles usaram uma terceira pessoa para promover a pichação, que confessou o crime, e entregou os mandantes.

A história foi parar nas redes sociais. Alguém filmou a pedagoga indo para casa e publicou o vídeo.

Professores se revoltaram com o fato, é claro. E muitas pessoas demonstraram solidariedade enviando mensagens de força.

Comovidos com o caso, a equipe da Rondon Veículos ofereceu, para a professora, a limpeza da pintura do carro. O Portal Rondon entrou em contato com eles para captar um depoimento. Contudo, eles não quiseram se expor. “Temos professores na família e sabemos das dificuldades que estão enfrentando no ambiente escolar nos últimos tempos, por isso, nos sensibilizamos com a dor da professora e decidimos ajudar, de coração, tentando confortá-la”.

O carro da professora ficou com a lataria novinha em folha. Mas isso não é sobre bens materiais. Algo precisa ser feito urgentemente. É preciso conscientizar a população sobre o respeito com os professores, sobre o papel das famílias em relação à educação de seus filhos.

“Educação é o ato dos responsáveis transmitirem para os filhos, o Código de Ética utilizado pela família por gerações. Mas as “famílias mudaram” e houve também interpretações de que o ensinar da escola precisa ser “ampliado”. A escola precisa ensinar meu filho a usar o banheiro, a aprender a comer, a saber se comunicar bem, e principalmente devolver meu filho “bem-educado”. Será que a responsabilidade da escola é ser “pai e mãe”? “No passado” os professores eram chamados de “tio/tia”, mas agora deverão ser chamados de “papai e mamãe”?”, questiona Eliseu.

“Quando se retira a responsabilidade dos responsáveis sobre a educação dos filhos, é promovida uma desconexão entre eu cuidar porque está sob minha responsabilidade, para você cuidar porque desconheço meu papel no contexto social”, explica o piscopedagogo. Em outras palavras, são os pais, sim, que têm a responsabilidade na educação da criança.

“A “pichação” é um problema, mas as temáticas que estão por detrás deste comportamento é que necessitam de maior reflexão. Alguns exemplos: faço o que quero e não sofro consequências nem em casa e nem fora de casa. Ninguém manda em mim, sou livre! O que é do outro eu posso destruir porque eu quero! Comportamentos assim podem ser vistos como: filho mal-educado, pais relapsos na educação. Mas nunca podem ser vistos como a escola que não faz nada! Não se pode transferir o que é da família para a escola”.

“Será que os pais e responsáveis precisam retornar aos bancos escolares para aprenderem sobre Ética e Moral, já que muitos desconhecem estes conceitos?”, Eliseu chama para a reflexão. “Criança mal-educada não é culpa da escola é responsabilidade dos pais. Não passe a mão na cabeça do erro, para que o erro não caia sobre a sua cabeça”.

A decisão do Colégio foi de suspender os alunos por alguns dias e a pedagoga está se informando sobre seus direitos.

Sicredi
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