Fale com a gente
Clube Náutico

Mundo

Al Qaeda 20 anos depois: o que restou da rede terrorista de Osama Bin Laden

Grupo responsável pelos ataques de 11 de setembro ainda tem combatentes no Afeganistão e no Paquistão e pode se fortalecer com volta do Talibã ao poder

Publicado

em

A CNN teve acesso a uma série de vídeos da cúpula da Al Qaeda, produzidos em 1998. Na imagem, Ayman al-Zawahiri, então o segundo na hierarquia, conversa com Osama bin Laden, à direita | FOTOS: CNN/Getty Images
Academia Meu Espaço

Vinte anos depois de ter realizado seus mais mortíferos atentados, em 11 de setembro de 2001, e mais de uma década após seu fundador e líder supremo, Osama Bin Laden, ter sido morto pelo governo americano, a rede terrorista Al Qaeda luta para sobreviver.

Longe de ter sido vencida pela “guerra ao terror” promovida pelos Estados Unidos, a organização jihadista conta atualmente com combatentes em pelo menos 15 das 34 províncias do Afeganistão, principalmente na fronteira com o Paquistão, e no próprio país vizinho, segundo o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU). O relatório aponta ainda presença significativa da Al Qaeda na Síria e na África.

Bonni Restaurante

Com a retomada do Afeganistão por parte do Talibã, que quando governou o país pela primeira vez, entre 1996 e 2001, abrigou líderes, combatentes e campos de treinamento da Al Qaeda, a comunidade internacional teme que o território afegão volte a servir aos interesses da rede terrorista.

Mas analistas de geopolítica ponderam que, na busca por reconhecimento internacional, traduzido em última instância em ajuda financeira externa para seu governo, o Talibã poderá não ser tão tolerante e amistoso em relação à Al Qaeda como no passado.

Além do Ocidente, Rússia e China também têm interesse em coibir o jihadismo internacional.  Os russos, para evitar a radicalização de ex-repúblicas soviéticas com as quais faz fronteira, sob sua esfera de influência imediata; e os chineses, para evitar que a região de Xinjiang, lar dos muçulmanos uigures, se radicalize.

Ameaça de novos ataques

De acordo com reportagem da CNN publicada em abril de 2021, a volta do Talibã ao poder no Afeganistão pode impelir a Al Qaeda a organizar novos ataques contra os EUA. “Os americanos foram derrotados. A guerra contra os EUA continuará em todos os outros fronts, a não ser que eles sejam expulsos do restante do mundo islâmico”, afirmaram dois membros da Al Qaeda, agradecendo ao Talibã pela ajuda nos anos recentes.

“Graças à proteção dos afegãos aos companheiros em armas, muitos desses fronts de jihad têm operado com scesso em diferentes partes do mundo islâmico há muito tempo”, declararam à CNN os jihadistas da Al Qaeda.

O relatório mais recente do Conselho de Segurança da ONU a respeito do jihadismo no Afeganistão, que analisou o período entre maio de 2020 e abril de 2021, afirma que “o Talibã e a Al Qaeda continuam alinhados proximamente e não mostram sinais de rompimento de laços”. Segundo o documento, a Al Qaeda está presente “principalmente nas regiões leste, sul e sudeste” do território afegão.

“A Al Qaeda mantém contato com o Talibã, mas minimizou comunicações públicas com a liderança do Talibã em um esforço de ‘passar despercebida’ e não comprometer a posição diplomática do Talibã”, afirmou o relatório, citando o acordo de paz entre o grupo afegão e o governo americano, alcançado em Doha, em fevereiro de 2020.

Além de estabelecer o fim dos combates entre EUA e Talibã, o pacto definiu o cronograma da retirada das forças americanas do Afeganistão. E o Talibã se comprometeu a não permitir que o território afegão seja usado por jihadistas como base de ataques contra os EUA.

Milionário saudita e líder do grupo terrorista Al Qaeda, Osama bin Laden morreu em uma operação militar dos Estados Unidos no Paquistão. A morte dele foi anunciada em maio de 2011.

“Enquanto o acordo de Doha criou certas expectativas sobre um rompimento na duradoura relação entre o Talibã e a Al Qaeda, o texto do acordo disponível publicamente não define expectativas, e seus anexos permanecem secretos”, afirma o documento da ONU.

Em um artigo escrito para o jornal americano “The Washington Post”, Daniel L. Byman, pesquisador do Brookings Institute e professor da Georgetown University, escreve que “mesmo com combatentes no Afeganistão, a habilidade da Al Qaeda de promover ataques terroristas internacionais de lá ou do Paquistão, onde a organização está baseada há quase 20 anos, é limitada”.

Segundo Byman, desde o 11 de Setembro nenhum membro central da Al Qaeda conseguiu desferir ataques em solo americano – embora tenham ocorrido diversas tentativas.

“Um grupo afiliado à Al Qaeda na Península Arábica conduziu ataques como o de dezembro de 2019, que matou três pessoas numa base naval da Flórida. Mas eles não estão sediados no Afeganistão ou no Paquistão como o centro do movimento. Na última década, a Al Qaeda está mais fortemente dependente de grupos afiliados para manter seu nome vivo”, diz Byman.

Os Estados Unidos e suas forças especiais mantiveram ataques constantes a líderes da Al Qaeda e evitaram que se formassem grandes campos de treinamento como os que existiam antes do 11 de Setembro.

E, continua Byman, países de todo o mundo se mantiveram atentos à ameaça representada pela Al Qaeda. “O esforço global de inteligência tornou difícil para os membros se comunicarem, mandarem combatentes para fazer reconhecimento ou levantar fundos ou se preparar para conduzir ataques.”

Clube Náutico
Continue Lendo

Doce Arte
Doce Arte