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Atletas da seleção afegã de futebol feminino deixam o Afeganistão com apoio do governo da Austrália

Jogadoras que ainda viviam no país temiam perseguição do regime talibã. Algumas delas relataram viver escondidas com medo de represálias por conta de sua atividade profissional

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|Foto: Reprodução/Instagram/Khalida Popal|
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As atletas da seleção afegã de futebol feminino e seus familiares deixaram o Afeganistão nesta terça-feira (24) com apoio do governo da Austrália, informou a Federação Internacional dos Jogadores Profissionais de Futebol (Fifpro).

As jogadoras que ainda viviam no país temiam perseguição do regime talibã. Algumas delas relataram viver escondidas com medo de represálias por conta de sua atividade profissional.

Ótica da Visão

“Estas jovens estiveram em uma posição de perigo e, em nome de suas colegas ao redor do mundo, agradecemos à comunidade internacional por terem ido em sua ajuda”, disse a Fifpro em um comunicado.

A seleção feminina de futebol do Afeganistão foi criada em 2007, em um país onde as mulheres que praticam esportes eram vistas como um ato político de enfrentamento ao Talibã.

As jogadores haviam sido aconselhadas a deletar postagens nas redes sociais e fotos da equipe para evitar represálias desde a queda do governo do Afeganistão em 15 de agosto.

Khalida Popal, ex-capitã da seleção nacional do Afeganistão, disse em nota que os últimos dias “foram extremamente estressantes, mas alcançamos uma vitória importante”.

Ela fez parte do grupo responsável por organizar a saída das jogadoras e de seus familiares e entrar em contato com governos estrangeiros – como a Austrália – para conseguir o apoio necessário.

“Elas foram corajosas e fortes em um momento de crise”, disse Popal. “O futebol feminino é uma família e devemos garantir que todas estejam seguras.”

‘Elas são minhas irmãs’

A atual capitã da seleção de futebol feminino do Afeganistão fez um apelo à Fifa para salvar as jogadoras do regime talibã, em postagem feita na semana passada em uma rede social.

Shabnam Mobarez, de 26 anos, vive nos Estados Unidos. Ela pediu que a Federação Internacional de Futebol atue para retirar as jogadoras que ainda vivam no país.

“Precisamos agir para salvar minhas colegas de time”, disse Mobarez. “Elas são minhas irmãs.”

A jogadora contou que vinha mantendo contato com as colegas que continuam no Afeganistão após a retomada do poder pelo grupo extremista Talibã.

Segundo ela, há muito medo e apreensão. E há ainda a insegurança de que os talibãs tentem ir atrás delas, por conta da atividade que exerciam.

Apesar de o Talibã ter dito, no início da semana passada, que daria mais liberdade às mulheres do que durante sua primeira vez no poder, diversos relatos de perseguição são compartilhados pelas afegãs.

Sob o governo talibã, entre 1996 e 2001, entretenimentos como televisão e música foram proibidos, as mãos dos ladrões eram cortadas, e assassinos, executados em público.

Mulheres ficaram proibidas de trabalhar, ou estudar; e as acusadas de adultério eram açoitadas e apedrejadas até a morte.

Buscas em casa

Apesar da tentativa inicial do Talibã de tentar passar uma imagem menos radical, militantes do grupo extremista têm intensificado a busca por pessoas casa a casa, aponta documento confidencial da Organização das Nações Unidas (ONU).

Os talibãs têm listas com nomes e os alvos são pessoas que trabalharam para forças de segurança afegãs, americanas e da Otan, além de veículos de imprensa e entidades internacionais, segundo o relatório de inteligência da ONU.

Mobarez afirmou que suas colegas de time passaram a viver escondidas, fora de suas casas e que – abandonadas pela federação nacional – não podem confiar em ninguém.

Em entrevista ao jornal português “Expresso” ela disse que havia um “risco muito elevado” para as mulheres tentarem deixar o país, mas que também os talibãs poderiam descobrir seus endereços.

“Tudo é muito incerto e para nós, que vemos de fora, é desolador ver e saber disso tudo e não podermos fazer nada”, disse a esportista na ocasião.

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