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Saúde

Brasileiros desenvolvem molécula sintética para tratar insuficiência cardíaca

Foram 10 anos de pesquisa e o medicamento entrou na fase final de testes.

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A molécula sintética filtra o sistema das mitocôndrias e desacelera o quadro de insuficiência cardíaca. Foto: Reprodução/Freepik.
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Pesquisadores brasileiros desenvolveram uma molécula sintética que pode revolucionar a forma como se trata a insuficiência cardíaca. Foram 10 anos de pesquisa e o medicamento entrou na fase final de testes.

O estudo foi desenvolvido na Universidade de São Paulo (USP), em parceria com a norte-americana Foresee Pharmaceuticals. A molécula AD-9308, foi capaz de restaurar as funções de uma proteína (ALDH2) encontrada na mitocôndria, aumentando o bombeamento de sangue em pessoas com insuficiência cardíaca.

Dr. Pedro Wild

“Trata-se de um estudo de mais de dez anos e que evoluiu da bancada ao leito do paciente. O objetivo foi detalhar um novo mecanismo envolvido na progressão da insuficiência cardíaca”, disse Julio Cesar Batista Ferreira, professor do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB-USP) e coordenador da pesquisa.

Problemas no bombeamento

A pesquisa partiu da relação da mitocôndria com a insuficiência cardíaca.

Estudos anteriores já mostraram que o mau funcionamento da organela está relacionado com o desenvolvimento da doença, uma vez que a mitocôndria ajuda no bombeamento de sangue pelo coração.

“Quando o motor não funciona bem, o processo de transformação de energia é prejudicado, resultando em menor eficiência do veículo e, consequentemente, aumento da poluição”, comparou Julio.

O “poluente” mencionado por Julio é o 4-hidroxinonenal. Produzido pelas mitocôndrias de pessoas que têm insuficiência, o composto intoxica as células.

“Cada célula tem centenas, às vezes, milhares de mitocôndrias que, quando não trabalham bem, produzem aldeído suficiente para intoxicar toda a célula. Descobrimos neste trabalho mais recente que essa toxina em excesso desliga um evento vital para a célula, o processamento de microRNAs”, explicou.

Mas com a molécula sintética desenvolvida em laboratório, os pesquisadores conseguiram chegar a um novo método para filtrar esse processo.

AD-9308

Ao utilizar espectrometria das massas, os pesquisadores da USP entenderam que o aldeído se liga a uma proteína chamada dicer, essencial para a formação de microRNAS, inativando-as.

“A questão é que a dicer é uma enzima muito importante para a formação e o amadurecimento de microRNAs, responsáveis pelo controle de toda a biologia celular”, explicou Julio.

É aí que entra a AD-9308.

“Basicamente, a molécula AD-9308 estimula a remoção do aldeído da célula doente, o que reduz a chance do composto ‘desligar’ a dicer, protegendo assim a célula cardíaca”, contou o professor.

Julio explicou ainda que com esse processo, é possível manter o coração com um bom funcionamento.

“Além disso, demonstramos que a molécula AD-9308 melhora o sistema de filtração das mitocôndrias e, consequentemente, a eliminação desse poluente celular.

Testes longos

Durante os 10 anos de desenvolvimento, várias modificações estruturais foram feitas na molécula para potenciar o efeito e qualificá-la como um potencial a ser desenvolvido.

A versão atual ativa a enzima ALDH2 três vezes mais do que a molécula original.

Em testes realizados com a molécula antiga, camundongos submetidos à droga apresentaram um aumento de 40% no volume de sangue bombeado.

Agora, os pesquisadores vão submeter um pedido junto à FDA para testar o medicamento em pacientes com insuficiência.

“Isso exige um número maior de voluntários e mais tempo. Mas só assim será possível verificar para qual tipo de insuficiência cardíaca e qual estágio da doença a AD-9308 é indicada”, disse o professor da USP.

Depois de 10 anos de estudos, os pesquisadores chegaram a uma fase decisiva do fármaco. Foto: Reprodução/Freepik.

Depois de 10 anos de estudos, os pesquisadores chegaram a uma fase decisiva do fármaco. Foto: Reprodução/Freepik.

Com informações de FAPESP.

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