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O que é a febre aftosa e quais são os seus desdobramentos?

Entenda por que a febre aftosa, apesar de majoritariamente não fatal, leva ao sacrifício sanitário de animais

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FOTO: Arquivo Portal Rondon
Imobiliária Maurício Vazquez

A febre aftosa é uma doença que preocupa fortemente produtores rurais. Apesar de não ter altos índices de mortalidade para os animais e não apresentar riscos significativos para humanos, a presença da doença causa sérias restrições econômicas e barreiras comerciais, sendo uma das que mais causam perdas na lucratividade no setor agropecuário.

O que é febre aftosa?

Febre aftosa é uma doença infecciosa aguda, caracterizada, majoritariamente, pelo surgimento de vesículas (aftas) na boca e nos pés e cascos de animais. Apesar de ser popularmente conhecida pelos efeitos em bovinos, a doença também atinge ovinos, caprinos, suínos, camelídeos, elefantes e ruminantes silvestres.

Dr Rodrigo Dentista

A febre aftosa é causada por vírus da família Picornaviridae e do gênero Aphthovirus. Existem sete tipos diferentes já identificados desse vírus, mas no Brasil são mais comuns os tipos A, O e C. Geralmente, os sintomas de cada um deles são similares.

O vírus da febre aftosa é bastante resistente às diferentes condições climáticas, de modo a permanecer ativo por longos períodos. Situações que tornam o vírus inativo incluem ambientes com pH muito alto ou muito baixo, luz solar e altas temperaturas e alguns tipos de desinfetantes.

Afta bovina causada pela febre aftosa. (Fonte: WikimediaCommons/Reprodução)
Afta bovina causada pela febre aftosa. (Fonte: Wikimedia Commons/Reprodução)

A doença raramente atinge seres humanos e não pode ser transmitida pelo consumo de carne ou leite contaminados. As poucas ocorrências na literatura se deram em casos de contato de pessoas que manuseavam diretamente os animais contaminados. Nesses casos, foram relatados o surgimento de bolhas nas mãos.

A febre aftosa é altamente contagiosa entre os animais e as transmissões ocorrem principalmente em razão do contato entre os saudáveis e os contaminados. O vírus está presente nas vesículas de animais infectados e também são transmitidos na saliva, nas fezes e no leite, e objetos que entram em contato com esses elementos se tornam vetores de transmissão.

Segundo dados do Programa Nacional de Erradicação e Prevenção da Febre Aftosa (PNEFA), do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), em condições favoráveis de clima pode ocorrer a transmissão aérea do vírus, que se desloca por longas distâncias.

Outro modo comum de transmissão da doença é a movimentação mecânica de animais, pessoas, veículos e máquinas que entrem em contato com animais ou ambientes contaminados. Caminhões, carretas, currais e outros ambientes de embarque são perigosas fontes de contaminação, por isso a importância da desinfecção constante, principalmente em casos de suspeita da doença.

Principais sintomas da febre aftosa

A febre aftosa tem como principal característica o surgimento das bolhas na boca e nos cascos dos animais, porém, existe uma série de sintomas que podem surgir antes do aparecimento das aftas.

Nos bovinos pode ocorrer febre, inquietação, dificuldade em engolir (o que leva à diminuição da ingestão de água e comida), queda na produção de leite, dor durante a ordenha, salivação excessiva e movimentos estranhos com a mandíbula, tendência ao isolamento e a ficar deitado, além de emagrecimento.

Em ovinos e caprinos, os sinais clínicos na boca são menores, entretanto, podem ser observados febre, laminite (inflamação das lâminas do casco), manqueira e tendência a ficar deitado.

Em suínos os sinais na boca também são menos comuns, mas podem ocorrer no focinho e na língua. Além disso, também podem ser observados a laminite, febre e dificuldade de engolir.

Feridas nos pés de um pourco causadas pela febre aftosa. (Fonte: WikimediaCommons/Reprodução)
Feridas nos pés de um porco causadas pela febre aftosa. (Fonte: Wikimedia Commons/Reprodução)

Quais são os efeitos da febre aftosa?

A doença raramente é fatal, a taxa de mortalidade é de 2% em animais adultos e cerca de 20% em rebanhos jovens, mas leva a uma séria queda na produtividade, afetando a produção de leite e de carnes. A febre aftosa não tem cura ou tratamento, a maioria dos animais se recupera naturalmente em 2 semanas a 3 semanas do início dos sintomas.

Apesar disso, o sacrifício sanitário é a principal medida de controle da doença. Isso ocorre porque o surgimento de focos do vírus leva a suspensão de compras por parte de países e zonas livres da febre aftosa. Devido a fácil transmissão e o poder de se deslocar por longas distâncias, a maioria dos países impõe barreiras de importação a qualquer tipo de produtos animais provenientes de regiões com focos da doença. Portanto, o controle é feito com o sacrifício dos animais contaminados e desinfecção dos ambientes e objetos que podem ter entrado em contato com eles.

Controle da febre aftosa

Além do sacrifício dos animais contaminados, são realizadas outras medidas de controle, como:

  • destruição de cadáveres e de produtos de zonas contaminadas;
  • vacinação para zonas de risco;
  • medidas de quarentena;
  • proteção de zonas livres com vigilância de animais nas fronteiras.

O que fazer ao suspeitar que um animal está com febre aftosa?

Os produtores rurais não são capacitados para diagnosticar a doença, mas podem facilmente reconhecer os sintomas suspeitos. Neste caso, deve-se comunicar o serviço veterinário oficial mais próximo imediatamente.

O órgão responsável perpetrará restrições à fazenda desde o momento da notificação, e, enquanto isso, ocorrerá a investigação. Caso a doença seja confirmada, há a ampla comunicação do caso e um plano de ação é traçado, determinando um raio de possível contaminação e investigação epidemiológica, com a suspensão da comercialização de produtos.

É definido, então, o desinfetante a ser utilizado e os animais que devem ser sacrificados. Quanto mais rápido se der a identificação dos animais, mais rápida será a recuperação sanitária.

Caminho para erradicar a febre aftosa

O Brasil espera se tornar completamente livre da febre aftosa até 2026, enquanto isso, as zonas de risco são submetidas à vacinação. Atualmente, os Estados que foram declarados zonas livres de febre aftosa sem vacinação pela Organização Mundial de Saúde Animal são Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul, Acre, Rondônia e parte do Amazonas e do Mato Grosso.

Fonte: Ministério da Agricultura e Pecuária, Departamento de Saúde Animal – MAPA, Secretaria da Agricultura, Pecuária e Irrigação do RS (SEAPI/RS)

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