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Caso entre ex-vereador de Toledo e adolescente vai parar na polícia após suposta tentativa de homicídio

Ele renunciou ao cargo em 2021

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Ex-vereador de Toledo, Gilson Francisco | FOTO: Reprodução/Vídeo
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Desde a última sexta-feira (21), feriado de Tiradentes e durante o final de semana (22 e 23), um atentado a um ex-vereador de Toledo ganhou repercussão na região e várias versões da motivação passaram a ser comentadas.

Na sexta-feira (21), Gilson Francisco foi atropelado, no Jardim Panorama, onde ele mora e trabalha com um trailer de lanches. Segundo familiares do ex-vereador, o fato teria sido uma tentativa de homicídio. Além disso, teriam pichado o trailer e riscado com faca.

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Testemunhas afirmam que o motivo do atropelamento seria a suspeita de Gilson ter tentado abusar de uma menor, sendo flagrado pelo “pai” da menina, que teria atropelado o ex-vereador. A família da adolescente nega a tentativa de homicídio, dizendo que estava fora da cidade.

Em um áudio que circulou pelo WhatsApp, o ex-vereador, de 46 anos, pede ajuda e diz que tentava fugir de moto com uma outra pessoa quando foram atropelados.

FOTO: Divulgação/Jornal do Oeste

VERSÃO DA FAMÍLIA DA ADOLESCENTE

A família da adolescente de 15 anos envolvida no caso foi procurada pelo Jornal do Oeste, de Toledo, e contou que a menina trabalhava no trailer de lanches do ex-vereador desde dezembro do ano passado. Segundo a mãe, em determinado momento, a adolescente passou a relatar que vinha sofrendo assédio sexual. Supostamente, Gilson começou a “passar a mão” na menina e dizer que ela era bonita, inteligente e que o corpo dela era bonito. A jovem ainda relatou que toda vez que ela chegava perto do ex-vereador “o negócio dele ficava duro” e que ela ganhava a culpa.

O caso entre ele e a adolescente foi descoberto pela família dela na última quinta-feira (20), quando a mãe teria sido chamada na escola onde a menina estuda porque, de acordo com a diretora, ela estaria faltando demais. Ao chegar na escola, a mãe foi questionada se sabia ou não do namoro entre sua filha e o ex-vereador.

Ao sair da escola, a mulher diz que foi conversar com Gilson e ele teria negado o caso com a adolescente. Porém, a adolescente confirmou o caso e ainda disse que houve relação sexual entre eles. Então, a família dela foi até a 20ª Subdivisão Policial registrar o fato e foi orientada a procurar a Delegacia da Mulher, que iniciou um inquérito para apurar os fatos.

Conforme a mãe, a menina escondeu a calcinha usada no dia da relação sexual por medo e pelas ameaças que estaria recebendo do próprio Gilson. “Ele falou que se ela contasse alguma coisa para qualquer pessoa iria sobrar tudo pra ela. Ia cair tudo em cima dela”, relatou a mãe.

Um exame de corpo de delito feito pelo Instituto Médico Legal (IML) de Toledo na adolescente poderá comprovar se o ato sexual ocorreu ou não.

“A história do atropelamento é mentira porque não estávamos em Toledo. Tenho foto e pessoas que comprovam”, a mãe ainda declarou ao Jornal do Oeste quando questionada sobre o possível atentado.

Também segundo a mulher, amigos do ex-vereador ameaçaram a família no sábado (22) depois do ocorrido com o trailer de Gilson. Disseram “que vamos pagar um preço muito alto por ter feito isso”, ela comentou.

VERSÃO DO VEREADOR

O ex-vereador diz que foi vítima de uma “armação” e já está tomando as providências legais contra a mãe e o padrasto da menor.

“Estou cansado de ficarem me tachando de pedófilo. […]”, disse ao Jornal do Oeste.

Gilson afirma que está seguindo as orientações da Polícia Civil e do seu advogado e trabalha normalmente. Ele ainda destacou que o evento corre em Segredo de Justiça por envolver menor e que ele irá se apresentar na Delegacia da Mulher na quarta-feira (26) com documentos que comprovam, segundo ele, o namoro dos dois. Gilson afirma ter cartas e desenhos que mostram ter sido a jovem quem o procurou e não o contrário.

“Não forcei ninguém. Não houve abuso. Hoje sinto que foi uma cilada. A menina veio orientada desde o início”, afirmou ele.

Ainda segundo Gilson, era para outra pessoa da família ter ido trabalhar com ele, mas a menina foi.

“Tudo isso está acontecendo porque estou me destacando e a comunidade me procura para o atendimento das necessidades”, disse o ex-vereador. Gilson também disse que, “mesmo com toda a calúnia e difamação está em evidência porque as pessoas sabem da sua honestidade”.

Ele também teria registrado um Boletim de Ocorrência por dano ao patrimônio, já que seu trailer teria sido riscado com faca. E denunciou a mãe e o padrasto da adolescente por tentativa de homicídio e ameaça.

O ex-vereador disse que teria evitado por duas vezes o relacionamento com a menina e que acredita que alguma pessoa está induzindo ela a fazer a denúncia para “tomar dinheiro dele e até o trailer”. Mas, “ele está orando para desmascararem isso”.

Gilson Francisco reiterou que vai permanecer com a cabeça erguida.

“Me dói, machuca e é uma situação difícil, mas não vou deixar essas mentiras acabarem comigo de uma vez”, disse ele.

Sobre os problemas na Câmara Municipal, garantiu ter entregue o mandato para resolver o problema com o ex-assessor Valderi Geovani Muller e que teria sido induzido a fazer empréstimo quando estava no Legislativo.

“Hoje estou tentando sobreviver com os lanches que faço. Não precisava chegar a este extremo”, finalizou.

RENÚNCIA AO CARGO DE VEREADOR EM 2021

Vereador Gilson renuncia e promotor informa condenação judicial
Renúncia de vereador e comunicados do juiz da Vara Criminal e do promotor da 4a Promotoria foram lidos na sessão de 29 de novembro de 2021 | FOTO: Assessoria/Câmara de Vereadores de Toledo

Gilson Francisco renunciou ao mandato de vereador e pediu desfiliação do partido Cidadania em novembro de 2021. A renúncia foi motivada após a pressão sobre ele ter aumentado quando duas decisões da Justiça tornaram insustentável sua situação dentro da Câmara Municipal.

No início de novembro daquele ano, a Justiça determinou liminarmente o afastamento do vereador, acusado de um suposto esquema de ‘rachadinha’ dentro do seu gabinete, conforme denunciou o ex-assessor parlamentar Valderi Geovani Muler. O vereador é investigado por suspeita de concussão, quando um agente público exige vantagem indevida em razão do cargo que ocupa. Gilson foi denunciado por exigir do assessor empréstimo de R$ 44 mil e R$ 32 mil teriam sido entregues ao parlamentar como garantia do cargo. Além de afastado do cargo, a Justiça proibiu o parlamentar de frequentar a Câmara Municipal e não ter contato com pessoas relacionadas ao processo.

Também foi divulgada a decisão, em segunda instância, da Justiça sobre o caso de pedofilia envolvendo duas menores por prática de ato libidinoso.

O Ofício 1084, de 24 de novembro, do juiz-substituto Luciano Lara Zequinão, comunicava a “suspensão/afastamento do exercício do cargo público do vereador” e a “proibição de frequentar/acessar a Câmara Municipal de Toledo-PR, sem suspensão de vencimentos, até ulterior deliberação” e o Ofício n° 563, de 29 de novembro, do promotor José Júlio de Araújo Clero Neto, da 4ª Promotoria de Toledo, informando o Poder Legislativo da decisão do juiz-substituto Luciano Zequinão e também comunicando que Gilson Francisco foi definitivamente condenado como incurso nas sanções do artigo 218-A caput do Código Penal por duas vezes na forma do artigo 70 caput do Código Penal a pena de quatro anos e oito meses de reclusão em regime semiaberto com trânsito em julgado em 24 de setembro. Por conta de tal decisão judicial Gilson Francisco teve seus direitos políticos suspensos, conforme artigo 15 inciso III da Constituição Federal, informa o promotor.

Na correspondência à Câmara o promotor da 4ª Promotoria de Toledo informou ainda que por conta dessas decisões judiciais a Câmara de Toledo deve, conforme o artigo 41 parágrafo 2° inciso I do Regimento Interno, deliberar com urgência sobre a perda do mandato do vereador Gilson Francisco. O item citado do Regimento Interno da Câmara trata da deliberação sobre perda do mandato de vereador.

CONDENAÇÃO

O artigo 218-A do Código Penal prevê o crime de “praticar, na presença de alguém menor de 14 (catorze) anos, ou induzi-lo a presenciar, conjunção carnal ou outro ato libidinoso, a fim de satisfazer lascívia própria ou de outrem”, enquanto o artigo 70 do mesmo instrumento estabelece que “Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto até metade. As penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou omissão é dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos, consoante o disposto no artigo anterior.”

Proibida a reprodução total ou parcial deste conteúdo. Lei nº 9610/98.

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