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Política

Pacotaço: Projeto de Ratinho Junior que quer mudar Constituição do Paraná pode diminuir concursos públicos

Proposta que tramita em regime de urgência também muda sistema de aquisição de imóveis pelo Estado

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Palácio Iguaçu, sede do Governo do Estado em Curitiba — Foto: José Fernando Ogura/AEN
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Uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que tramita na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) em regime de urgência prevê mudanças administrativas no Estado, como a alteração de contratação de servidores estaduais.

A inciativa integra um pacotaço de projetos enviados gradativamente, desde 21 de novembro, pelo governador Ratinho Junior (PSD) à Alep com diversas medidas administrativas. Entre as já aprovadas está a venda parcial da Copel, aumento do ICMS, aumento do salário de secretários e criação de novas pastas no primeiro escalão. 

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A PEC apresentada prevê, entre outros pontos, a revogação do artigo 39 da Constituição do Estado, que afirma que “é vedada a contratação de serviços de terceiros para a realização de atividades que possam ser regularmente exercidas por servidores públicos”.

Para o professor de direito da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Rodrigo Kanayama, a intenção do Estado ao retirar esse artigo da Constituição é diminuir concursos públicos para contratar, por exemplo, professores, técnicos, médicos e enfermeiros.

Com isso, os servidores passariam a ser terceirizados e não teriam mais a chamada estabilidade de emprego.

“É importante que, com a prestação pelos servidores públicos, se mantenha uma uniformidade na prestação do serviço. Então a qualidade do serviço também se refere a esta proximidade do servidor com o cidadão, órgãos públicos… Podemos melhorar muita coisa no serviço público, mas não necessariamente simplesmente contratando pessoas privadas”.

A oposição na Alep critica as mudanças propostas pelo governo na PEC.

Para o deputado Tadeu Veneri (PT), com a mudança na forma de contratação, os servidores deixam de ser do estado, e passam a ser do governo.

“É uma garantia que você vai ter o médico, vai ter os professores. Nós retrocedemos a período anterior a 1988, quando prefeitos e governadores ganhavam as eleições, botavam todos os seus cabos eleitorais [pra trabalhar], e como não havia estabilidade, todos aqueles que não o agradavam, acabavam sendo demitidos. Eu não acho que isso ajude nem ao cidadão, nem ao Estado”.

Outras mudanças propostas na PEC

A PEC que tramita na Alep propõe, simultaneamente, a alteração de muitos pontos da Constituição. Um deles muda o teto dos salários, ou seja, o valor máximo que os funcionários do governo podem receber.

Atualmente, nenhum servidor estadual pode receber mais que o governador, que tem vencimento de R$ 33 mil. Pelo projeto, o teto passa a ser o salário de um desembargador do Tribunal de Justiça (TJ-PR): R$ 35 mil.

O governo também propõe retirar da Constituição o trecho que restringe à Assembleia Legislativa dispor sobre a aquisição e alienação de imóveis do Estado.

Para a bancada da oposição, ao fazer essa mudança, o governo poderá vender qualquer imóvel do Estado sem a autorização da Alep ou até mesmo conhecimento dos deputados estaduais.

“Hoje tem todo um processo de tramitação. Ele vem para a Assembleia, é discutido nas comissões, e depois vai para três votações na casa. Agora se ele [governador] fizer isso, conseguir aprovar isso dentro da PEC, ele vai ter autonomia para vender quando ele quiser, onde ele quiser, e do jeito que ele quiser”, explicou o deputado Arilson Chiorato (PT).

O professor Kanayama destaca que para venda de imóveis, é fundamental o conhecimento do público.

“Se você coloca mais pessoas para discutir, e abre-se essa discussão para a sociedade, a sociedade poderá se pronunciar sobre uma venda de um imóvel público, principalmente porque os imóveis públicos são também do povo”.

O que diz o governo

Sobre a venda de imóveis, o governo afirma que apesar da mudança, o Estado continuaria a depender do crivo da Assembleia. Apenas compras seriam feitas sem essa liberação.

“É uma escola que precisa ser ampliada e tem um terreno ao lado. Em relação a isso, a aquisição desse terreno, eu não vou precisar da autorização legislativa. Eu quero transferir um imóvel do Estado para atender a uma necessidade do Detran? Eu não preciso de autorização legislativa. Agora se eu quiser transferir um bem do Estado para qualquer outro ente federado, eu necessariamente tenho que ouvir a Assembleia Legislativa”, explicou Luciano Borges, diretor da Casa Civil.

Pacotaço

De 21 a 23 de novembro, o Governo do Estado enviou à Alep 22 projetos de lei que atingem diversos segmentos do Estado com reformas administrativas. A maioria está em regime de urgência.

Desde os protocolos, parlamentares reclamaram em sessões do tempo curto para analisar as propostas.

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