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Assassinato de petista: irmão que fez chamada com Bolsonaro discorda de conclusão da Polícia Civil; ‘Foi um crime político’

Luiz Donizete disse que espera do presidente um ‘aceno de paz’. Também disse que só iria a Brasília caso Bolsonaro fizesse um manifesto dizendo que Marcelo Arruda foi vítima

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| Foto: RPC|
Velho Oeste

Luiz Donizete Arruda, irmão do tesoureiro do PT morto em Foz do Iguaçu, discordou da conclusão do inquérito da Polícia Civil do Paraná (PC-PR) nesta sexta-feira (15), que descartou crime político no assassinato de Marcelo Arruda. O autor dos disparos, Jorge Guaranho, foi indiciado por homicídio duplamente qualificado.

No dia 12, Donizete participou de uma chamada de vídeo com o presidente Jair Bolsonaro (PL).

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“Foi um crime político porque ele [Jorge Guaranho] viu uma decoração que era de esquerda, que tinha a imagem do ex-presidente [Lula], e que caracterizava uma simpatia do PT do meu irmão, e que era um adversário, enquanto eram pessoas de bem”.

Em entrevista à RPC, o irmão de Marcelo Arruda também fez menção à versão da defesa de Jorge Guaranho, que alega que o conflito começou quando o policial apoiador do presidente Bolsonaro fazia uma ronda no clube onde o crime aconteceu, no final da noite do dia 9.

“E outra coisa: situação de uma ronda. Se o cara vai fazer uma ronda no local, chega lá e está tudo tranquilo, são pessoas de bem, as pessoas não estão vandalizando, não tem briga, não tem discussão, o que um cidadão normal faz? Manobra seu veículo e vai pra casa […] Mas como era uma decoração adversa ao viés politico dele, ele resolveu tirar satisfação com os convidados, inclusive com meu irmão”.

Luiz Donizete disse, também, que espera de Bolsonaro, e também de Lula, um “aceno de paz”. Afirmou, ainda, que só iria para Brasília, a pedido de Bolsonaro, se o presidente fizesse um manifesto condenando a atitude de Jorge Guaranho, exaltando que Marcelo Arruda foi vítima.

“Eu espero dos dois líderes neste momento, tanto do presidente Bolsonaro quanto do ex-presidente lula, um aceno de paz pra nós […] Eu gostaria que os dois principais lideres hoje do nosso momento eleitoral fizessem um aceno de paz e mandassem uma mensagem para todos os correligionários deles, e a partir do momento que alguém de qualquer lado, cometer um ato, primeiramente condenar esse ato, porque a partir do momento que um dos dois não se manifestam pedindo pra parar isso aí, acredito que a escalada pode ser catastrófica pra gente”.

MP deve oferecer denúncia

O promotor de Justiça Tiago Lisboa Mendonça informou ao g1, nesta sexta (15), que o Ministério Público do Paraná (MP-PR) deve oferecer denúncia contra Guaranho em até cinco dias. O policial penal segue internado no hospital, sem previsão de alta.

“As peças restantes do inquérito policial foram juntadas pelas delegadas hoje. O inquérito tem que vir formalmente para mim, pelo Projudi. A partir daí começa a conta de cinco dias. É obvio que o próprio artigo 16 do Código de Processo Penal permite a devolução do inquérito para diligências imprescindíveis ao oferecimento da denúncia. Como ainda não analisei integralmente, eu posso devolver o inquérito, e a autoridade policial tem que realizar. Daí fica prejudicado o prazo de cinco dias”, disse Lisboa.

Sobre o teor da conclusão do inquérito, o promotor preferiu não comentar.

O inquérito

Jorge Guaranho foi indiciado por homicídio duplamente qualificado, por motivo torpe e causar perigo comum.

A delegada Camila afirmou que Guaranho atirou contra Marcelo por ter se sentindo ofendido, já que o petista jogou um punhado de terra e pedra contra o carro dele, após provocação política.

Entretanto, a delegada afirma que a morte não foi provocada por motivo político, por ter entendido que os disparos tenham sido feitos após uma escalada na discussão.

“É difícil nós falarmos que é um crime de ódio, que ele matou pelo fato de a vítima ser petista”, afirmou.

A delegada avalia ainda que Guaranho não planejou o crime, uma vez que recebeu a informação da festa de Marcelo enquanto participava de churrasco com amigos, e foi até o local para fazer uma provocação, retornando pela segunda vez por ter se sentido ofendido, segundo as investigações.

“Segundo os depoimentos, que é o que temos nos autos, ele voltou porque se sentiu ofendido com essa escalada da discussão, com esse acirramento da discussão entre os dois”, disse Camila.

Para Camila, para se enquadrar em motivação política, seria necessário identificar um desejo de Guaranho em impedir os direitos políticos de Marcelo, o que, para ela, seria “complicado de dizer”.

O que dizem as defesas

Sobre a conclusão da Polícia Civil, o advogado Ian Vargas, da equipe de defesa da família de Marcelo, disse que inquéritos de casos complexos como este levam mais tempo.

“Normalmente leva um tempo esses inquéritos. Principalmente desta magnitude, com essa complexidade, com essa quantidade de pessoas que foram ouvidas e provas a serem colhidas como pericias de celular, computador, veículo, câmeras de outros locais”.

O advogado Carlos Bento, que integra a equipe da defesa de Guaranho, disse que o inquérito pode ter terminado aos olhos da policia, mas que para a defesa, “está iniciando”.

“Foram ouvidas testemunhas que a defesa não teve acesso. São testemunhas que estavam na festa. São testemunhas que certamente são amigos da suposta vítima”.

Como tudo aconteceu, segundo a polícia

A delegada informou que Guaranho foi até o local do aniversário com o objetivo de fazer uma provocação.

Testemunhas disseram que o policial penal chegou em um carro com a mulher e um bebê. Além disso, o carro do atirador tocava uma música de apoio ao presidente Jair Bolsonaro (PL).

Após isso, uma discussão se iniciou. A delegada afirmou que testemunhas relataram que Marcelo jogou um punhado de terra contra o veículo de Guaranho. Depois da discussão, o policial deixou o local.

A Polícia Civil concluiu, com base nos depoimentos, que Guaranho retornou ao local do aniversário por ter se sentido humilhado. Ao retornar ao aniversário, o porteiro da associação tentou impedir que ele entrasse no local a pedido dos participantes da festa.

De acordo com a análise das imagens, a discussão evoluiu na seguinte sequência:

  1. Guaranho vai até a associação e, segundo testemunhas, coloca no carro uma música de apoio a Bolsonaro;
  2. Marcelo sai do salão de festas e atira um punhado de terra contra o carro de Guaranho;
  3. Os dois começam a discutir;
  4. Guaranho deixa o local, e participantes da festa pedem para que o porteiro impeça a entrada dele, caso o policial volte;
  5. Guaranho volta ao local, e o porteiro tenta impedi-lo;
  6. O policial abre o portão sozinho;
  7. Marcelo é avisado que Guaranho entrou;
  8. O petista carrega a arma e coloca na cintura;
  9. Guaranho estaciona o carro;
  10. Marcelo pega a arma;
  11. Guaranho também saca a arma de fogo;
  12. Pâmela, mulher de Marcelo, tenta intervir na discussão;
  13. Marcelo e Guaranho ordenam um ao outro para que abaixe a arma;
  14. Guaranho atira primeiro.

Camila afirmou que Guaranho fez quatro disparos, dos quais dois atingiram Marcelo. Por outro lado, o petista atirou 10 vezes, acertando quatro tiros contra o policial.

Além disso, o inquérito aponta que Marcelo tinha se armado para se defender, sabendo do provável retorno de Guaranho.

“A vítima pega a sua arma de fogo como proteção de um eventual retorno do autor. E a vítima aponta a arma de fogo quando vê a volta do autor, porque já sabia que o autor estava armado. Então, é uma atitude natural da vítima querer se defender”.

Antes da discussão

Segundo a Polícia Civil, o policial penal estava em um churrasco, quando ficou sabendo que a festa de Marcelo estava acontecendo.

Segundo as investigações, o atirador tomou conhecimento por meio de uma outra pessoa que estava no churrasco e tinha acesso às imagens de câmera de segurança da associação onde o aniversário de Marcelo estava acontecendo.

Em seguida, de acordo com a delegada, Guaranho não fez comentários a respeito da festa. Apesar disso, o policial penal deixou o churrasco onde estava e foi para o local onde era realizado o aniversário de Marcelo.

Agressões

A delegada Iane Cardoso informou ainda que um inquérito também foi aberto para apurar as agressões que Jorge Guaranho sofreu após atirar contra Marcelo Arruda. Três pessoas são investigadas pelo caso.

Camila Cecconello disse que a polícia também aguarda um laudo pericial para determinar a gravidade das agressões sofridas por Guaranho.

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