“O governo Ratinho Jr está sendo o pior governo para a educação”, diz Alessandra Manhães no Diálogos

A candidata a presidente estadual da APP-Sindicato pela Chapa 2, Alessandra Manhães, é a convidada para participar do Diálogos neste sábado (20).

A APP-Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná representa professores e funcionários das escolas da rede pública estadual e dos municípios onde os profissionais não têm sindicato próprio. Fundada em 26 de abril de 1947, a APP é um dos maiores e mais combativos Sindicatos da América Latina, representando professores, pedagogos e funcionários de escolas das redes públicas estadual e municipal do Paraná.

Professora de Arte e Técnica Pedagógica aposentada, tendo atuado nos municípios de Londrina e Cambé, licenciada em Artes Plásticas pela Universidade Estadual de Londrina, formada em Assessoria Pedagógica e Políticas Educacionais, Alessandra já foi diretora da Escola Estadual Professor Cássio Leite Machado, em Londrina, entre 2007 e 2011. Esteve na direção da APP-Sindicato, Núcleo Sindical de Londrina, na Secretaria de Formação Política Sindical e Educacional, entre 2008 e 2011.

Visitando os colégios da região Oeste do Paraná, Alessandra também passa pelo Portal Rondon onde cede entrevista ao jornalista Fernando Nègre.

A atuação sindical no Brasil tem passado por uma intensa criminalização, os sindicatos deixaram de ser os “mocinhos” e passaram a ser os “vilões”. No imaginário popular, a demonização da contribuição sindical é um exemplo, exercer atividade sindical propriamente dita, carrega uma série estereótipos.

“O que me motiva a presidir o maior sindicato do Estado do Paraná é resgatar a dignidade da categoria […] a mudança, a melhoria das condições de vida do indivíduo […] senti na pele o que a base está sofrendo, inclusive, minha aposentadoria foi por invalidez depois da greve de 2015 […] não consigo mais me enxergar naquele contexto educacional […] me vi na obrigação de fazer alguma coisa […] não dá para ficar onde está, não dá para ter mais retrocesso”.

No próximo dia 22, os professores estarão em protesto nas escolas e em Curitiba, exigindo a data base do servidores, segundo o atual presidente da APP, a defasagem ultrapassa 30%, e o Governador Ratinho Jr não tem sinalizado que vá fazer tal reajuste, essa luta muito provavelmente vai ficar sob a direção da nova presidente da entidade.

“Precisamos voltar a categoria de base. Precisamos que a categoria confie na gente […] não teremos reajuste se não lutarmos. O trabalho na escola está muito difícil hoje, mas sem luta não mudaremos nada”.

A principal bandeira que a Chapa 02 vai defender já está no nome dela, segundo Alessandra: “APP no chão da escola: de luta e pela base”.

“A gente não tá lidando com um governo que facilita pra gente e senta para conversar e diz: aqui podemos avançar um pouco, aqui não tem o que fazer. […] O sindicato precisa agir com mais resistência com governo assim […] Estamos com um sindicato completamente burocratizado […] somos contra a interferência do partido político no sindicato. Queremos ser diferentes porque esse agrupamento não consegue mais convencer a base”.

Para a chapa 02, o governo Ratinho Jr está sendo o pior governo para a educação. “Ele está pegando pesado com a gente. O assédio moral nas escolas está muito grande”.

Nós estamos no meio da maior tragédia humanitária da história do nosso país, perdemos mais de 600 mil compatriotas, as escolas encaram dias difíceis e professores tiveram suas rotinas abaladas profundamente. A vacinação avançou e os números da covid-19 estão em queda. Porém, a atual condição das escolas não é condizente com a segurança da saúde dos nossos estudantes e dos trabalhadores da educação, segundo Alessandra.

“A maior parte dos professores e alunos não tinha condições de fazer o ensino remoto. […] Durante o tempo que os professores estavam nesse trabalho, eles trabalharam triplicado […] tiveram que providenciar a tecnologia […] houve uma mudança significativa na grade e nos conteúdos em si. […] Há uma imposição da secretaria no que trabalhar, que dia trabalhar e não pode fugir do que a secretaria tá impondo. O professor tá sem autonomia na escola […] E se não obedecer, você sofre um processo administrativo e corre o risco de ser exonerado”.

A PEC 32 ameaça os servidores públicos de todo o país e coloca em risco o bom funcionamento serviços que hoje são públicos e de extrema importância para a população, saúde e educação por exemplo. A base dos trabalhadores da educação está consciente necessidade de mobilização.

“Isso é uma coisa muito séria. […] A gente tá prevendo que, muito em breve, a contratação dos professores vai se dar também via terceirização, que precariza a educação”.

No final da entrevista, no seu espaço para pedir o voto para sua chapa, Alessandra disse que a Chapa 2 quer fazer diferente. A partir do chão da escola, a Chapa, que tem a maioria de seu grupo trabalhando em sala de aula, quer reconstruir o sindicato com a base, a partir da base, pela base e para ter um retorno.

“A gente tá no chão da escola. Minha filha está no chão da escola. Tenho amigas no chão da escola. Eu não perdi o contato com o chão da escola. E a presidente tem que saber o que tá acontecendo lá. […] A gente não vê mais o brilho nos olhos do pessoal que tá no chão da escola. […] As pessoas estão trabalhando com medo, doentes […] O restinho da dignidade da escola está indo embora”.

Este é apenas um resumo do Diálogos. A entrevista completa está disponível na página do Portal Rondon no Facebook, na Home do nosso site e no nosso canal do Youtube. A partir das 17 horas, a entrevista é disponibilizada nos principais tocadores de podcast: Spotify, Dezzer, Amazon Music e Cast Box.

No dia 27 de Novembro, o Portal Rondon recebe a candidata a presidente da APP-Sindicato da Chapa 01.