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Uma volta ao mundo com Gilson Metz

Com quase 70 países carimbados em seu passaporte, o diretor de negócios da Sicredi Aliança enxergou além dos pontos turísticos de cada local visitado: ele captou as experiências cooperativistas que o mundo ensina

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Providência

Na Linha Horizonte, interior de Marechal Cândido Rondon, Oeste do Paraná, décadas atrás, a vida não era fácil, mas uma palavra deixava os fardos mais leves: a união. Foi com esse espírito que a comunidade se uniu para ter um poço artesiano que garantia água em abundância para todos. A ajuda mútua também assegurava festas com mesa farta, em que cada um contribuía com o que suas posses permitiam. A cooperação estava nítida em pequenas ações. Foi nesse cenário, em que pensar e agir junto é mais vantajoso, que nasceu Gilson Metz.

Cooperativismo, para Gilson, é algo que vem de berço. O pai, Arnildo, e a mãe, Elveni (em memória), derramavam muito suor nas lavouras de soja, milho e mandioca e os produtos eram vendidos em uma cooperativa agrícola. Ainda jovem, aos 17 anos, foi embora para a cidade estudar Ciências Contábeis, mas não esqueceu de colocar na mala uma porção de aprendizados que o ajudariam no decorrer da carreira. Ele é diretor de negócios da Sicredi Aliança e cooperar é verbo conjugado todos os dias, como missão de marca e de vida.

Dr Guilherme Dentista

As experiências, porém, não se limitaram à vivência interiorana. Ele adorava aviões e, mesmo considerando um sonho distante, desejava cortar os céus mundo afora, conhecendo outros países e culturas. Sua aptidão para o coletivo permitiu que o desejo se realizasse de maneira exponencial: Gilson soma hoje 67 países conhecidos, além de um monte de experiências de cooperativismo acumuladas, de forma direta ou indireta.

A função no Sicredi, além de sua participação no Rotaract Club e na JCI (Junior Chamber International) oportunizaram viagens aos quatro cantos do mundo, e o olhar atento aos detalhes permitiu novos aprendizados com cada povo que conheceu. Gilson conseguiu ver a cooperação em diferentes níveis no mundo todo. Cursos em instituições de ensino estrangeiras, em países como Estados Unidos, Inglaterra e Singapura, acrescentaram conhecimento sobre o que os sistemas cooperativos do mundo podem ensinar à atuação no Brasil, mas o roteiro traçado por ele vai muito além disso.

O mundo é cooperativo

A estreia nas viagens internacionais – e a primeira vez que pisou em um avião – foi para um roteiro atípico: entre várias possibilidades, ele escolheu um intercâmbio de curta duração na Malásia. “Foi no ano de 2003. Escolhi a Malásia porque era a opção mais distante, com a cultura mais diferente. De lá, já aproveitei e conheci África do Sul, Tailândia, Singapura, Timor Leste, Ilha de Brunei e Indonésia. Depois disso, não parei mais de viajar”, conta.

Em outra de suas andanças, conheceu o Japão. Colaboração é a palavra que melhor define o lugar, segundo ele. Após passar por um tsunami, em 2011, com união, o país se reconstruiu em tempo recorde. “E não foi apenas nesse momento que o país se recuperou: após a Segunda Guerra Mundial, o Japão foi devastado, mas a educação oportunizou que a nação se reerguesse e se colocasse como uma das principais potências do mundo – um esforço conjunto que trouxe grandes resultados, um belo exemplo para o Brasil”, relata.

A cultura e a menor desigualdade colocam alguns países europeus como referência no cooperativismo. “Um exemplo positivo é o da Holanda, em que o cooperativismo representa 40% do PIB financeiro do país, algo muito significativo – no Brasil esse número é de 8%. A Suíça e a Alemanha também são importantes representantes do modelo cooperativo. Essas sociedades têm como premissa uma visão menos individualista e isso colabora para o sucesso do cooperativismo por lá”, explica.

Essas sociedades têm como premissa uma visão menos individualista e isso colabora para o sucesso do cooperativismo por lá

A pequenina Península de Gibraltar – lembra do estreito de Gibraltar das aulas de Geografia? – também pode ser ponto de observação para ver a parceria entre diferentes povos acontecer. “Eu aproveitei a ida à Espanha e quis conhecer Gibraltar. Fiquei impressionado por ver como as coisas funcionam lá de maneira harmoniosa. Como se trata de um território britânico, circula como moeda oficial a libra esterlina, porém, também é aceito o euro, devido à proximidade com a Espanha. Ao chegar no país, há duas aduanas – uma com guardas que falam com você em inglês e outra em espanhol -, e percebi uma sintonia muito legal, mesmo com as culturas distintas”, descreve.

Gilson não só viu, mas também semeou a cooperação mundo afora. Como Presidente da JCI, ele ocupou um famoso púlpito: o da Sede da Organização das Nações Unidas (ONU), em Genebra, na Suíça, com uma plateia mais que qualificada, formada por representantes de vários países e o então Presidente da ONU, Ban Ki-moom. “A temática era a necessidade de redução dos impactos ambientais. Eu representei o Brasil e cada país levava quais poderiam ser suas contribuições para enfrentar o problema. As questões climáticas são excelentes exemplos da necessidade de agir em parceria, já que não adianta apenas o meu país fazer a sua parte, todos precisam colaborar para que os efeitos sejam sentidos”.

A pandemia impediu que seu passaporte pudesse receber mais carimbos, mas ele aproveita o tempo em terras tupiniquins para refletir sobre tudo o que já aprendeu. Na memória, tem uma lembrança que guarda com carinho do Nepal, país que morava em seu imaginário como um dos que mais queria conhecer. “Meu maior desejo no país era conhecer o Monte Everest. A estadia era de poucos dias, portanto, não seria possível fazer o trajeto por terra para subir a montanha que tem o maior pico do mundo. Entre as alternativas, consegui uma visita de avião, em que a aeronave fazia um lindo voo sobre o local. Fiquei emocionado. Consegui acesso à cabine do piloto e tirei uma foto maravilhosa da montanha”, conta.

Mas o desejo realizado com a visita não foi o único presente que ele recebeu no Nepal. Ainda no país, as páginas dos jornais trouxeram uma foto que o marcou e deu a certeza do quanto apoiar o outro e trabalhar junto traz resultados: um grupo de cerca de 100 pessoas subiu o Everest de mãos dadas, para facilitar o trajeto. Não eram conhecidos, não eram amigos, a única conexão era o objetivo em comum. Com a missão cumprida, a mensagem não poderia ser mais clara: com cooperação é possível chegar mais longe.

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