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Premiê do Haiti é investigado pela morte do presidente Jovenel Moise

Promotor-chefe do país pediu ao juiz do caso para denunciar Ariel Henry, que falou com um dos principais suspeitos do crime depois do assassinato. Moise foi executado em casa em julho

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| Foto: Joseph Odelyn/AP|
Rui Barbosa

O promotor-chefe do Haiti, Bedford Claude, pediu ao juiz que supervisiona a investigação do assassinato do presidente Jovenel Moise para denunciar o atual primeiro-ministro do país, Ariel Henry pelo crime. Claude também pediu que Henry seja impedido de deixar o país.

Moise foi executado a tiros em sua casa, na madrugada do dia 7 de julho, sem que nenhum dos membros de sua segurança tenha sido ferido.

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O promotor-chefe havia convidado Henry na sexta-feira (10) para uma reunião sobre a investigação, que seria realizada nesta terça-feira (14), porque o primeiro-ministro falou com um dos principais suspeitos do caso poucas horas após o assassinato.

Henry foi convidado, não convocado, porque legalmente um primeiro-ministro só pode depor no Haiti se o presidente autorizar — mas o cargo que está vago desde que Moise foi morto.

Ligações com suspeito

LHenry teve vários telefonemas com Joseph Felix Badio, que trabalhou no Ministério da Justiça do Haiti e que autoridades dizem ter tido um papel fundamental no assassinato. Ele está foragido.

Claude afirma que duas das ligações ocorreram às 4h03 e 4h20 do dia 7 de julho, poucas horas após o crime, e evidências mostram que Badio estava nas proximidades da casa do presidente quando as ligações foram feitas.

“Existem elementos comprometedores suficientes para processar Henry e pedir sua acusação direta”, escreveu o chefe da Promotoria no pedido ao juiz Garry Orelien.

Em meio à investigação, o ministro da Justiça do Haiti, Rockfeller Vincent, enviou uma dura carta ao chefe da Polícia Nacional exigindo que ele aumentasse imediatamente a segurança do promotor-chefe, que havia recebido ameaças “significativas e perturbadoras” nos últimos dias.

‘Manobras de distração’

Nem Henry nem nenhum porta-voz do primeiro-ministro se pronunciaram até o momento. No sábado (11), ele havia afirmado que “manobras de distração, para criar confusão e impedir que a Justiça faça seu trabalho com calma, não serão aprovadas”.

“Os verdadeiros culpados, os autores intelectuais e os patrocinadores do assassinato hediondo do presidente Jovenel Moise serão encontrados, levados à Justiça e punidos por seu crime”, afirmou Ariel Henry.

Segundo a agência de notícias Associated Press, o premiê já havia dito anteriormente a uma rádio local que conhecia Badio e o defendeu, dizendo não acreditar que ele estivesse envolvido no crime.

Badio foi diretor da unidade anticorrupção do Ministério da Justiça haitiano. Ele se juntou à unidade em 2013, mas foi demitido em maio após “violações graves” de regras éticas (que não foram reveladas na época).

Pedido de renúncia

Na segunda-feira (13), o Gabinete de Proteção ao Cidadão Haitiano publicou um vídeo exigindo a renúncia do primeiro-ministro.

“O primeiro-ministro não pode permanecer no cargo sem limpar essas áreas escuras”, afirmou o advogado Renan Hédouville, que chefia o gabinete. “Você deve eliminar todas essas suspeitas.”

Hédouville também afirmou que Henry deveria comparecer à reunião solicitada pela Promotoria e pediu à comunidade internacional que pare de apoiá-lo.

A investigação do crime

Quarenta e oito pessoas, incluindo 18 colombianos e dois americanos de origem haitiana, foram presas como parte das investigações sobre o assassinato de Moise, que foi morto a tiros em sua casa sem que nenhum dos membros de sua segurança tenha sido ferido.

No mês passado, o juiz nomeado para supervisionar a investigação do crime renunciou ao cargo, alegando motivos pessoais, após um de seus assistentes morrer em circunstâncias pouco claras.

Um novo juiz foi nomeado para o seu lugar.

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