‘Um ser humano acima da média’, relembra amiga da ex-ginasta Ana Paula Scheffer vítima de insuficiência cardíaca

Após 10 meses da morte de Ana Paula Scheffer, ex-ginasta medalhista no Pan do Rio, a amiga de infância Jéssica Oliveira contou sobre a confidente que esteve ao lado dela por 22 anos.

A ex-atleta da seleção brasileira de ginástica rítmica tinha 31 anos quando morreu deitada na cama do próprio quarto, em Toledo, no oeste do Paraná. Ela foi encontrada pela mãe, Sonia Scheffer, em 16 de outubro de 2020.

“A Ana era um ser humano acima da média. Sonhava em casar, ser mãe, queríamos fazer viagens em casal”, disse a amiga.

Um dia depois da morte de Ana, o Instituto Médico-Legal (IML) alegou que o exame sobre a causa do óbito foi inconclusivo.

Segundo Sonia, quase seis meses após a perda da filha, um novo laudo do IML indicou que Ana morreu por insuficiência cardíaca.

A morte estava relacionada a uma doença que ela tinha desde o nascimento, mas que a família desconhecia.

Sobre Ana Paula

Ana trabalhava como técnica de ginástica rítmica em Cascavel, também no oeste. Segundo Jéssica, a amiga sempre buscou excelência em tudo o que fazia.

Conforme a Confederação Brasileira de Ginástica (CBG), Ana Paula foi uma das atletas de ginástica rítmica mais notáveis da geração dela.

Sempre leal e verdadeira, ela era divertida e gostava de viajar. Ana e Jéssica fizeram uma viagem de 10 dias pela Europa em 2019.

“Foi como se fosse a nossa despedida. Fomos para Portugal e Espanha, alugamos um carro e todo dia acordávamos e íamos fazendo o roteiro de acordo com nossas vontades”, relembrou a amiga.

Ana Paula era namorada de Alexis Röder, que foi apresentado pela amiga Jéssica. Segundo o namorado, a jovem faleceu três dias antes deles completarem um ano de quando se conheceram.

“A Ana era demais. Ainda a amo muito. Estávamos no auge. É bem complicado entender tudo isso. Ela era de um coração muito grande com a justiça. Ficava sempre irritada quando achava algo injusto. Intensa em tudo que vivia para fazer o que tinha vontade. Tínhamos muitos sonhos. Sinto muito a falta dela, era muito minha parceira. Era uma pessoa muito linda e humilde por dentro e por fora.”

A relação das amigas começou na infância. Como a mãe de Jéssica era a técnica de ginástica rítmica das duas, elas ficaram muito próximas rapidamente.

“A Ana é e foi a melhor amiga que eu tive nessa vida. Nossa conexão era surreal. A partida dela foi um a coisa mais dolorida que já vivi nessa vida. Até hoje vou a casa dela, ficar com a mãe dela, e é como sentir ela aqui”, revelou.

Em entrevista à RPC, no dia da morte da ex-ginasta, Soniacompartilhou um pouco sobre como era a filha:

“Ela era uma menina muito alegre, muito querida. Nunca me deu trabalho, era muito amorosa. Foi nosso orgulho, meus dois filhos são orgulhos para mim.”

Nesta reportagem, a mãe preferiu não dar entrevista ao G1 neste momento de luto.

Trajetória

Ana Paula Scheffer começou a treinar quando era criança na equipe de ginástica rítmica de Toledo.

Ela representou o município em várias competições nacionais e internacionais, com destaque na categoria individual.

Enquanto jovem, conquistou medalhas em campeonatos paranaenses e brasileiros, integrou a Seleção Brasileira de Ginástica Rítmica de 2005 a 2015.

À época, participou de quatro campeonatos mundiais, além dos Jogos Pan-Americanos no Rio de Janeiro.

Após encerrar a carreira como atleta, passou a atuar como técnica da equipe na cidade vizinha, em Cascavel.

Segundo a equipe de ginástica rítmica de Toledo, Ana Paula era exigente e dedicada.

Enquanto técnica, estava colhendo os primeiros resultados com alunas dela no pódio, em competições brasileiras e sul-americanas.

Em 2011, a atleta foi homenageada pela Câmara de Toledo com a Medalha Willy Barth, pela dedicação e conquistas no esporte brasileiro e mundial como representante da cidade.

Medalha no Pan de 2007

Ana Paula recebeu medalha de bronze no aparelho Arco, nos Jogos Pan-Americanos no Rio de Janeiro, em 2007.

Segundo a Confederação Brasileira de Ginástica, Ana Paula também trabalhou como treinadora nas seleções transitórias de Ginástica Rítmica Individual e de Conjunto.