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Pandemia reduz acidentes, mas não freia letalidade no trânsito do Paraná; são mais de 2 mil mortes por ano

Menor circulação de pessoas, segundo especialistas, derrubou números de acidente ao mesmo tempo em que as ruas mais vazias aumentaram a letalidade das batidas. Em todo o Brasil, são, em média, 30 mil mortes por ano

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|Foto: Ramon Pereira/RPC|
Velho Oeste

Entre 2019 e 2020, o número de acidentes de trânsito caiu no Paraná, mas o número de pessoas mortas nas batidas se manteve no mesmo patamar, de acordo com estatísticas do Sistema Único de Saúde (SUS) e o Registro Nacional de Acidentes e Estatísticas de Trânsito (Renaest).

Houve uma queda de 34% no total de acidentes e de 37% no total de feridos, enquanto a diminuição de mortes foi de 2,7%.

Ótica da Visão

Assim como no restante do Brasil, a taxa de mortalidade no trânsito paranaense está acima de 10 óbitos a cada 100 mil habitantes, o que é considerado crítico pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

O que os especialistas concordam é que o comportamento dos condutores no Brasil é um dos principais fatores para que, segundo o Datasus, cerca de 30 mil pessoas morram anualmente em acidentes de trânsito no país – mais de 2 mil delas no Paraná.

De acordo com especialistas em trânsito ouvidos pelo G1, a queda na circulação de veículos causada pelas medidas de restrição contra o coronavírus durante alguns meses do ano explica a diminuição no número de batidas de trânsito.

Por outro lado, as ruas mais vazias em determinados períodos do ano e o crescimento da proporção de motocicletas no trânsito explicam o aumento da letalidade das batidas, segundo os especialistas.

Ruas livres e delivery

Segundo a integrante da Comissão de Prevenção de Acidentes e Segurança no Trânsito da Secretaria Estadual da Saúde (Sesa) do Paraná, Tatiana Neves, os dados repassados pelos municípios ainda estão sendo consolidados, mas apontam um aumento de acidentes causados por abuso da velocidade.

O consultor Celso Mariano avalia que vias livres, com menos carros, são mais “convidativas” para uma direção com mais velocidade.

“É algo natural. Tanto é que quando você quer que os motoristas diminuam a velocidade em um trecho, você coloca cones estreitando a via e, naturalmente, os motoristas vão trafegar mais lentamente”, afirmou.

Segundo os dados preliminares da Sesa, também houve um aumento na circulação de motociclistas nos centros urbanos em comparação com os anos anteriores, com mais pessoas usando motos ao invés de ônibus e carros.

Em abril de 2020, por exemplo, quando os níveis de isolamento estavam no patamar mais alto, a cada dez vítimas do trânsito no estado, quatro foram motociclistas, o que representa a maior proporção em dois anos, de acordo com os números do Datasus.

“Essa troca aconteceu por vários motivos. Há casos de pessoas que, por exemplo, deixaram de usar o transporte público. Há também um movimento muito significativo de pessoas que passaram a trabalhar com delivery. Tudo isso impactou nos índices”, disse o especialista em trânsito da Gerência de Segurança Viária da Prefeitura de Curitiba, Gustavo Garrett.

Patamar alto

Uma das vítimas da violência no trânsito no estado foi Rodrigo dos Santos, de 30 anos. Ele morreu em uma batida em um carro enquanto trabalhava como entregador de lanches, em São José dos Pinhais, Região Metropolitana de Curitiba. O motorista do veículo dirigia alcoolizado, de acordo com a Polícia Militar.

“Não adiantou ele seguir as leis de trânsito. Teve uma outra pessoa que não seguiu e que cruzou o caminho dele. Ele morreu trabalhando”, lembrou a mãe de Rodrigo, Cleonice da Luz.

Rodrigo deixou uma filha pequena e a esposa grávida.

Números retratam atraso perante o mundo

De acordo com o professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e coordenador da Cooperação Técnica da universidade com o Observatório Nacional de Segurança Viária, Tiago Bastos, os índices brasileiros de mortalidade são comparáveis aos números que outros países atingiram décadas passadas.

“É possível que tenhamos atingido um pico. Nestes outros países, como Estados Unidos e Inglaterra, estes índices começaram a melhoras depois deste pico. Já temos alguns avanços em segurança viária, por exemplo, mas ainda temos um problema com a fiscalização”, afirmou.

Em Curitiba, por exemplo, a mortalidade no trânsito cresceu 7% de 2019 para 2020. Na comparação com 2011, no entanto, a queda é de 41%.

A redução da velocidade nas ruas do centro e o estreitamento de vias, são soluções colaboraram para melhorar os números, mas ainda precisamos conscientizar as pessoas da responsabilidade delas quando dirigem”, finaliza o especialista em trânsito da Prefeitura de Curitiba, Gustavo Garrett.

D Marquez
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