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Vídeo mostra menino orando por proteção contra Covid semanas antes de morrer, em Foz do Iguaçu

‘Fica um vazio que não preenche nunca mais’, disse avó da criança, que completaria seis anos nesta quinta (15). Aylan é a vítima mais jovem que morreu na cidade por complicações da Covid-19.

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Aylan orou pedindo proteção e saúde para todos, em Foz do Iguaçu — Foto: Arquivo pessoal/Divulgação
Imobiliária Maurício Vazquez

Aylan Kieling completaria seis anos, nesta quinta-feira (15), se não tivesse morrido por complicações da Covid-19 em junho, em Foz do Iguaçu, no oeste do Paraná. Ele foi a vítima mais nova a perder a vida para a doença na cidade.

“Ele queria uma festa de aniversário bem bonita, que eu nunca pude dar para ele. Depois chegou a pandemia e não deu mais para fazer, por causa de aglomerações. Como hoje é o aniversário dele, eu tenho essa homenagem para ele, mas com essa tristeza. É muito triste”, disse a mãe, Neide Kieling.

Ótica da Visão

Oito dias antes de ser internado, a mãe gravou um vídeo que mostra o filho pedindo para Deus cuidar da saúde das pessoas. Assista abaixo.

“Proteja todo mundo dessa terra, minha mãe, e cuida dos velhinhos. Proteja os velhinhos de tudo, da Covid, de tudo. Proteja minha mãe de tudo também, proteja eu de tudo também. Proteja minha mãe por muitos anos, até acabar os anos da terra”, disse Aylan no vídeo.

O menino vivia com a mãe e a avó, em Foz do Iguaçu. Era carinhoso e adorava brincar. Agora, a saudade das duas só aumenta.

De acordo com a direção do Hospital Municipal, onde a criança estava internada no dia do óbito, Aylan morreu por causa de um quadro de apendicite aguda grave associado à Covid-19.

“A gente lamenta muito, mas tentamos de todas as formas buscar o melhor atendimento para essa criança e para todos. Infelizmente, isso veio acontecer. É uma marca que a gente não gostaria. Fica aqui o nosso sentimento para a família, mas também a gente tem que dizer que os colaboradores do hospital procuraram fazer o máximo possível para que não houvesse esse empecilho”, disse o diretor do hospital, Sérgio Fabris.

O caso

A mãe da vítima conversou com exclusividade com a RPC e relatou a dificuldade para conseguir atendimento médico para a criança, antes mesmo de ser contaminada pela Covid-19.

Neide não se conforma com o que aconteceu. Ela acredita que a demora no disgnóstico levou o filho a morte e que isso poderia ser evitado se o caso de apendicite fosse descoberto no primeiro dia que procurou a Unidade de Pronto Atendimento (UPA).

“Tenho certeza que se tivesse diagnosticado logo no início ele estava vivo aqui. Eu acho que foi isso mesmo. Ele não teria pegado Covid, porque a gente ia ficar pouco tempo no hospital se fosse descoberto logo. Foi negligência médica”, disse a mãe.

Aylan ia completar seis anos nesta quinta-feira (15), em Foz do Iguaçu — Foto: William Brisida/RPC
Aylan ia completar seis anos nesta quinta-feira (15), em Foz do Iguaçu — Foto: William Brisida/RPC

No dia 23 de maio Aylan começou a reclamar de dores na barriga. Ela levou o filho até a UPA do Jardim das Palmeiras.

“A primeira médica que atendeu diagnosticou ele com constipação. Eu falei: ‘doutora, dá uma investigada se não é apêndice dele, porque a dor dele é muito na barriga.’ Aí ela medicou ele, ficamos lá, ele tomou a medicação para acalmar a dor e vômito, e foi feito raio X dele. Desse raio X ela disse que estava todo intestino com fezes. Deu laxante, mais medicação para casa e deu alta”, contou.

De acordo com Neide, foram seis dias indo e voltando com o filho da UPA e do posto de saúde. Até receber o diagnóstico de apendicite.

A Secretaria Municipal de Saúde confirmou sobre os registros de diversos atendimentos médicos feitos ao menino na UPA e Unidade Básica de Saúde (UBS), os quais a mãe mencionou na reportagem.

De acordo com o município, será feito um relatório com informações sobre o caso e tudo será encaminhado para a procuradoria municipal geral para investigação dos fatos.

Atendimento

No dia 28 ele foi internado no Hospital Municipal. Assim que chegou foram realizados vários exames e em cerca de uma hora ele foi levado para a sala de cirurgia.

Segundo a mãe, antes de entrar no hospital, os dois fizeram os testes da Covid-19, que deram negativo. Dias depois, ela começou a sentir sintomas e fez um novo teste em uma farmácia, que deu positivo para a doença.

Neide precisou voltar pra casa e cumprir o isolamento, a filha mais velha ficou de acompanhante no lugar dela.

O menino ficou 27 dias internado e, nesse período, passou por várias cirurgias.

“A última frase que eu ouvi dele é que eu era a rainha dele, a princesa mais linda. Isso nunca mais eu vou esquecer. É muito triste perder um filho assim, sabendo que ele podia estar aqui, junto com nós”, contou a mãe.

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