Água do Arroio Fundo pode ajudar a abastecer a cidade de Marechal Cândido Rondon a partir de outubro

Na próxima terça-feira (07), o Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae) de Marechal Cândido Rondon realiza licitação para compra de uma estação móvel de tratamento de água. A intenção é que o equipamento seja instalado no Arroio Fundo e que, a partir de outubro, garanta o fornecimento de mais 2,4 milhões de litros de água/dia no sistema de abastecimento à população.

O anúncio foi feito ontem (31) por Vitor Giacobbo, diretor da autarquia, durante audiência pública da Câmara de Vereadores para prestação de contas do Poder Executivo Municipal, referentes ao primeiro quadrimestre de 2021.

A estação móvel de tratamento será instalada próxima à Associação dos Técnicos Agrícolas. Conforme Giacobbo, o equipamento será entregue pré-montado pela empresa vencedora da licitação, cabendo apenas construção da base de apoio no local.

O edital de compra estima o valor em até R$ 3,2 milhões. Porém, a expectativa do Saae é que o preço final fique abaixo de R$ 3 milhões.

Segundo o diretor, a estação móvel vai garantir a demanda por água do município, até que seja construída a estação permanente no Arroio Fundo. A previsão é de que esta, com capacidade de tratar um volume maior de água, seja implantada em cerca de dois anos, uma vez que o Saae ainda não conta com os recursos financeiros necessários. A estimativa é de que sejam necessários cerca de R$ 18 milhões para a obra.

Quando concluída a estação permanente no Arroio Fundo, a estação móvel poderá ser desmontada e instalada em outra região do município.

Abastecimento garantido

Giacobbo ressalta que os investimentos feitos recentemente pelo Saae vão garantir o abastecimento de água em Marechal Cândido Rondon. Ele explica que, atualmente, a demanda diária é de 13 milhões de litros, a qual já está sendo atendida.

À estrutura já existente, em até 60 dias deve ser somada a produção de mais 1 milhão de litros/dia, resultado do poço perfurado em dezembro de 2020. Somada à captação a partir da estação móvel do Arroio Fundo, o volume de água garantido diariamente pelo Saae passará a ser de mais de 16 milhões de litros.

“O consumo máximo de água já registrado foi de 15 milhões de litros/dia. Então teremos uma porcentagem boa de sobra”, avalia o diretor.

Arrecadação menor

Ainda durante a audiência pública, Giacobbo explicou que estes e outros investimentos do Saae estão sendo possíveis, mesmo com a arrecadação abaixo do estimado para o primeiro quadrimestre de 2021.

Conforme previsão orçamentária, a meta para o período era uma receita de cerca de R$ 9,5 milhões. Porém, chegou apenas a R$ 6,7 milhões. Com isso, a despesa prevista de aproximadamente R$ 10 milhões foi reduzida para R$ 6,4 milhões.

Na avaliação do diretor, dois fatores contribuíram para a frustração de arrecadação.

Um deles é a redução do consumo de água em razão da estiagem.

“O volume consumido hoje gira em torno de 13 milhões de litros/dia. Antes da estiagem era cerca de 2 milhões a mais. Nesse sentido, é positivo para a comunidade como um todo, porque estamos economizando água”, relatou.

Outro fator é que não houve aumento da tarifa de água em 2020 e nem neste ano. Somados, os reajustes nos dois períodos ficariam em cerca de 10%.

Mesmo com a arrecadação menor, a construção da nova sede operacional do Saae não parou. A obra está em fase de acabamento, devendo estar concluída em até 120 dias. De acordo com Giacobbo, os cerca de R$ 2,3 milhões gastos na estrutura não comprometeram os investimentos para o fornecimento de água e nem para tratamento de esgoto. 

Marco regulatório

Para os próximos anos, o diretor do Saae prevê um novo desafio para a autarquia. Isso porque desde dezembro de 2020, o Brasil conta com um novo Marco Regulatório de Saneamento.

Ele prevê que, até 2033, cada município do país deverá fornecer 100% de água tratada à população e ter, no mínimo, 90% do esgoto com destinação adequada.

Marechal Cândido Rondon já atende todas as regiões do município com água tratada. Porém, o tratamento de esgoto está em apenas 36%.

“Para chegar na meta temos um grande investimento a ser feito”, anuncia Giacobbo.

Os recursos financeiros necessários deverão ser buscados junto aos Governos Federal e do Estado, ou ainda ser garantidos pela Prefeitura. Porém, o diretor entende que o melhor é que as obras sejam bancadas com recursos próprios da autarquia. “Isso vai obrigar o Saae a aplicar os reajustes nas tarifas de água”, conclui.