Policial e Trânsito
Justiça condena Estado do Paraná por negligência da PM e determina indenização de R$ 80 mil a família de vítima de feminicídio
Polícia recebeu pelo menos nove ligações dos vizinhos denunciando agressões contra a vítima. Equipe policial chegou ao local após quase duas horas e encontrou mulher morta
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A Justiça condenou o Estado do Paraná a pagar uma indenização de R$ 80 mil à família de uma mulher morta pelo marido em Fazenda Rio Grande, na Região Metropolitana de Curitiba.
De acordo com a sentença, houve negligência da Polícia Militar (PM) no atendimento à ocorrência.
O crime aconteceu em 2019. Segundo a investigação, a equipe policial demorou duas horas entre o início das agressões contra a vítima até a chegada da polícia ao local do crime.
Neste meio tempo, vizinhos ligaram à central da PM pelo menos nove vezes denunciando a situação.
“Entre o início da agressão, e até mesmo das ligações feitas pelos vizinhos, e o óbito, existia tempo considerável para a Polícia Militar agir. Ora, não há como reconhecer que quase duas horas entre o início das solicitações e o efetivo atendimento da ocorrência pelos policiais é tempo razoável para prestação do serviço público, principalmente considerando a urgência dos episódios”, diz a decisão.
Na sentença, a juíza do caso citou o artigo 186 do Código Civil que diz que “aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ilícito”.
“Restou incontroverso ato ilício praticado pelo Estado do Paraná decorrente da falha na prestação de serviços por meio da Polícia Militar”, disse a sentença.
A Procuradoria-Geral do Paraná informou que o Estado ainda não foi intimado e, assim que for, a PGE vai avaliar se recorre ou não.
O crime
Daniela Alves tinha 24 anos, em janeiro de 2019, quando foi assassinada em casa. O marido, Emerson Bezerra da Silva, confessou ter cometido o crime e foi condenado a 19 anos de prisão.
Os dois estavam casados havia três anos. Familiares de Daniela disseram que ela queria se separar, mas que Emerson não aceitava. A filha do casal, que tinha dois anos, presenciou o crime, segundo os familiares.
Segundo áudios anexos à investigação, pelo menos nove ligações de vizinhos foram registradas, antes do crime. Nos áudios, os moradores cobram a chegada da equipe policial, diante do alto barulho das agressões.
Os atendentes da PM responderam que os carros estavam atendendo outras ocorrências e que, por isso, era necessário esperar. O socorro chegou quando a vítima já estava morta.
De acordo com as investigações, depois de matar a esposa, Emerson foi para a casa da mãe, que fica no bairro Sítio Cercado, em Curitiba.
Foi o marido da mãe do Emerson quem ligou para a PM e avisou que o enteado havia chegado em casa ensanguentado, alegando ter matado a esposa.
Ainda segundo a polícia, uma equipe da PM foi até a residência, onde encontraram o homem com ferimentos na veia femoral. Emerson foi preso em flagrante.
A defesa de Emerson Bezerra da Silva disse que trabalha para anular o julgamento que o condenou por homicídio.
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