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O dilema Cristiano Ronaldo: por que a elite europeia não quer o craque?

Aos 37 anos, atacante ainda oferece gols em profusão, mas tem se tornado cada vez mais difícil acomodá-lo nas premissas de jogo coletivo vigentes, com ênfase na pressão

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|Foto: Reuters|
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Um dos maiores artilheiros da história do futebol está disponível no mercado. Ainda assim, os interessados não fazem fila na porta do Manchester United para contratar Cristiano Ronaldo. Ao menos aqueles clubes que compõem a elite do futebol na Europa.

Na quinta-feira, saiu a notícia de que o Chelsea descartou contratar Cristiano Ronaldo, apesar de um interesse inicial. Anteriormente, o Bayern de Munique também afirmou que não iria tentar um acordo. O motivo apresentado pelos bávaros foi intrigante.

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– Por mais que eu aprecie Cristiano Ronaldo como um dos maiores, uma transferência não se encaixaria em nossa filosofia – afirmou o diretor Oliver Kahn, em entrevista à revista “Kicker”.

Excetuando uma proposta bilionária da Arábia Saudita, pouco tem se falado de interesse concreto em Cristiano Ronaldo, apesar das notícias de que ele quer deixar o Manchester United. A questão surge: por que os clubes da elite da Europa não querem o português?

A resposta é complexa, mas a última temporada do craque no Manchester United oferece pistas. Cristiano Ronaldo segue marcando gols em profusão. Foi o artilheiro do time na temporada, decidiu alguns jogos e colecionou hat-tricks.

Por outro lado, em um futebol cada vez mais orientado à intensidade, à pressão incessante pela recuperação da bola, Cristiano Ronaldo vai se tornando também uma lacuna para seu próprio time.

Segundo o jornal “The Guardian”, o atacante foi o jogador de campo que menos realizou ações de pressão nas cinco principais ligas da Europa, excetuando zagueiros.

Não à toa, o português migrou há alguns anos da ponta esquerda para o comando do ataque, de forma a deixar seus times menos vulneráveis. Ainda assim, é um dado interessante que merece ser estudado.

O estilo de jogo da elite europeia

Pegue o exemplo do Manchester United: tanto Ralf Rangnick quanto seu sucessor, Erik ten Hag, têm na pressão um dos pilares de suas estratégias. Como acomodar Cristiano Ronaldo nesta filosofia e, de certa forma, sacrificar suas ideias?

Bayern de Munique e Chelsea têm técnicos da mesma escola, não à toa ambos alemães: Julian Nagelsmann e Thomas Tuchel, respectivamente. Seria difícil, realmente, imaginar a adaptação de Cristiano Ronaldo a estes esquemas.

A globalização e a concentração de dinheiro da Liga dos Campeões criaram uma elite financeira entre os principais clubes da Europa. De certa forma, eles são também cada vez mais homogêneos na forma como encaram o futebol. De Klopp a Guardiola, está em voga uma certa forma de futebol com poucos dissidentes.

Curiosamente, o atual campeão europeu é um desses. Ancelotti não construiu um Real Madrid viciado em pressionar, sabendo muito bem usar contra-ataques a seu favor. O Real, por outro lado, tampouco é reativo. Até mesmo no clube espanhol, porém, seria difícil imaginar acomodação para Cristiano Ronaldo.

Um dilema no mercado da bola europeu

Há outros fatores a se considerar: Cristiano Ronaldo é caro e, aos 37 anos, está naturalmente na reta final da carreira. Investir no português é esperar gols e títulos, mas pouco retorno financeiro.

O dilema é curioso. Cristiano Ronaldo quer deixar o Manchester United para jogar a Liga dos Campeões, mas o pacote que oferece hoje talvez não convença nenhum postulante ao título da competição. Talvez sua saída do United seja boa também para o clube inglês, que busca sua enésima reformulação e aposta tudo em um novo técnico cujas ideias não coincidem com sua maior estrela.

De qualquer forma, será interessante saber como esta novela vai se desenrolar: quem vai apostar em Cristiano Ronaldo? Como ele se sairá? E como será o Manchester United com ou sem ele?

Veremos a partir de agosto.

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