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Marte está girando mais rápido, revelam dados de sonda aposentada da Nasa

Aceleração da rotação marciana encurta o dia no planeta vermelho em 1 milissegundo a cada ano

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em

Foto: NASA/JPL-Caltech
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A partir dos dados dos primeiros 900 dias marcianos da sonda InSight, que operou por quatro anos até ficar sem energia em dezembro de 2022, cientistas notaram que Marte está girando mais rápido.

Os resultados registrados em 14 de julho na Revista Nature são a primeira vez que cientistas detectam como o planeta vermelho oscila devido ao “espalhamento” de seu núcleo de metal fundido.

Dr. Pedro Wild

Os autores do estudo consultaram os dados do instrumento Rotation and Interior Structure Experiment (RISE) da sonda. Com isso, eles descobriram que a rotação marciana está acelerando em cerca de 4 miliarcosegundos por ano — o que encurta o dia no planeta em 1 milissegundo anualmente.

Usando o sistema de antenas Deep Space Network (DSN), os cientistas transmitiram um sinal de rádio para o lander Insight. O RISE refletia o sinal de volta.

Conceito artístico do lander InSight da Nasa em Marte aponta as antenas no convés da espaçonave — Foto: NASA/JPL-Caltech
Conceito artístico do lander InSight da Nasa em Marte aponta as antenas no convés da espaçonave — Foto: NASA/JPL-Caltech

Os pesquisadores então procuravam nesse sinal refletido pequenas mudanças na frequência causadas pelo efeito Doppler (o mesmo que faz com que uma sirene de ambulância mude de tom conforme se aproxima e se afasta).

Medir tal mudança permitiu aos cientistas determinar a velocidade com que o planeta gira. “O que estamos procurando são variações de apenas algumas dezenas de centímetros ao longo de um ano marciano”, disse o principal autor do artigo e pesquisador principal do RISE, Sebastien Le Maistre, do Observatório Real da Bélgica, em comunicado.

Porém, Le Maistre conta que leva muito tempo e muitos dados acumulados para notar variações. Além disso, os cientistas tiveram muito trabalho para eliminar as fontes de ruído, como a umidade da atmosfera da Terra e o vento solar, que podem distorcer o sinal vindo de Marte.

“Gastamos muito tempo e energia nos preparando para o experimento e antecipando essas descobertas”, disse o cientista. “Mas, apesar disso, ainda fomos surpreendidos ao longo do caminho – e ainda não acabou, já que RISE ainda tem muito a revelar sobre Marte”.

Os pesquisadores não têm certeza do motivo para o planeta vermelho estar girando mais rápido, mas supõem que a explicação possa ser uma mudança na massa marciana. Há dois fenômenos que podem alterar essa propriedade de Marte: o acúmulo de gelo nas calotas polares e a recuperação pós-glacial, na qual as massas de elevam após serem soterradas pelo gelo.

Os dados do RISE também foram usados ​​pelos autores do estudo para medir a oscilação do planeta devido à agitação em seu núcleo líquido. A equipe determinou que esse núcleo tem um raio de cerca de 1,8 mil km.

Os especialistas então compararam esse número com duas medições anteriores do núcleo derivadas do sismômetro da espaçonave. Com isso, eles estimaram que, enquanto o raio do núcleo tem entre 1.790 e 1.850 quilômetros, Marte como um todo tem um raio de 3.390 quilômetros — cerca de metade do tamanho da Terra.

“Os dados do RISE indicam que a forma do núcleo não pode ser explicada apenas por sua rotação”, explica o segundo autor do artigo, Attilio Rivoldini, do Observatório Real da Bélgica. “Essa forma requer regiões de densidade ligeiramente superior ou inferior enterradas no manto”.

Os cientistas continuarão a explorar dados do lander nos próximos anos. “Resultados como este fazem todas essas décadas de trabalho valerem a pena”, declara Bruce Banerdt, do Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa (JPL), que finalizou seu papel como investigador principal da missão após 46 anos no JPL.

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