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Família viaja de caminhonete do Paraná ao Alasca em trajeto de 35 mil quilômetros: ‘A aventura é o caminho’
Carlos e Camila Couto Costa estão acompanhados dos filhos de 6 e 9 anos na viagem, que dura quatro meses
Percorrer 35 mil quilômetros de caminhonete em quatro meses, em uma viagem entre Jaguariaíva, nos Campos Gerais do Paraná, e o Alasca, maior e menos povoado estado dos Estados Unidos. Esta é a meta da família de Carlos Marcel do Couto Costa e Camila Negreiros Nanni do Couto Costa.
Junto aos dois filhos, os pequenos aventureiros Pedro, de 9 anos, e Catarina, de 6 anos, o casal realiza um dos sonhos que tinham. Para a viagem, foi necessário um longo planejamento financeiro. Veja detalhes abaixo.
A família saiu de Jaguariaíva em 29 de abril deste ano e chegou ao Alasca há poucos dias. Segundo o casal, eles vão desbravar o estado, de norte a sul, até o fim desta semana.
Para a viagem, eles compraram uma caminhonete nova e a equiparam com geladeira, fogão por indução, pia, caixa d’água, sanduicheira, mixer, imersor de frequência para ligar eletrodomésticos e artigos para camping.
O veículo, inclusive, ganhou nome: “Fourever Trips“, que vem da junção das palavras “quatro”, “para sempre” e “viagens”, em inglês.
“Passamos por 15 países e não tivemos nenhum pneu furado, ninguém doente. O objetivo em si não era chegar ao Alasca, mas sim ‘cortar’ a América inteira. A aventura é o caminho”, destacou Marcel.
Casal Camila e Carlos Marcel está acompanhado dos filhos de 6 e 9 anos — Foto: Arquivo pessoal
Segundo Marcel, a ideia de ir até o Alasca surgiu em 2008, após uma viagem para o Ushuaia, na Argentina.
O trajeto escolhido foi baseado na Rota Panamericana, que começa em Buenos Aires e termina em Prudhoe Bay, última cidade onde se chega por estrada. Até este destino, serão 27 mil km rodados.
Depois, os aventureiros vão a cidades do sul do Alasca, antes de cortar, novamente, todo o Canadá e os Estados Unidos de carro. Quando chegarem em Miami, na Flórida, eles voltarão ao Brasil de avião.
A intenção é estar em casa no final de agosto.
“Quem viaja de carro tem dois sonhos: os extremos das Américas. Um é Ushuaia e o outro é Prudhoe Bay, a última cidade onde se chega por estrada no norte do Alasca”, destaca Marcel.
🛻 Trajeto e dificuldades
Na América do Sul, todo o trajeto da família foi feito por estradas. Já no Estreito Darién, que interrompe a rodovia Panamericana, a família teve que enviar o veículo por container. A região é de floresta densa e sem rodovias, como lembra Marcel.
Enquanto o carro era deslocado, eles foram de avião de Cartagena, na Colômbia, à Cidade do Panamá. Ao desembarcarem na América Central, alugaram um carro para ir até Colón pegar a caminhonete.
Daí em diante, a caminhonete voltou a ser o único meio de transporte utilizado pelos quatro.
Casal Camila e Carlos Marcel está acompanhado dos filhos de 6 e 9 anos — Foto: Arquivo Pessoal
Para Marcel, a maior dificuldade da viagem foi o planejamento logístico. Já para Camila, um dos maiores desafios foi manter a alimentação balanceada das crianças em países com culturas gastronômicas diferentes da brasileira.
A diferença de altitude também foi uma dificuldade para a família.
“Chegamos a estradas com 3 mil e até 4.800 metros de altitude, que nos davam muita moleza, enjoo e dor de cabeça”, lembra o casal.
Juntos, antes desta viagem, Marcel e Camila conheceram os Estados Unidos, Chile, Uruguai, Portugal, Espanha, França, México e Bélgica – em alguns dos destinos, acompanhados pelos filhos. Marcel, sozinho, já tinha conhecido a Índia, toda a Europa e o norte da África.
Casal Camila e Carlos Marcel está acompanhado dos filhos de 6 e 9 anos — Foto: Arquivo pessoal
💵 Preparação financeira e logística
Após viajar um mês pela Europa, em 2022, o casal sentiu que as crianças estavam prontas para uma viagem mais longa. Começaram, então, os preparativos.
Como o sonho era antigo, o planejamento financeiro também estava sendo feito há anos. Camila é dentista e dona de uma clínica. Marcel, formado em turismo e hotelaria, tem uma fazenda.
“Nos organizamos para passar quatro meses na estrada, para conseguir adequar a rotina. A Camila não podia passar ainda mais tempo fora; eu hoje trabalho numa fazenda própria, então peguei o período entressafra”.
Os estudos da criança também foram uma preocupação. Marcel explicou que o tempo programado, de quatro meses, não faria os pequenos perderem o ano letivo. Durante a aventura, eles estudam à distância.
Para a viagem funcionar com segurança, a família também definiu regras. A “número 1” foi: não se deslocar à noite.
“Não rodamos depois das 18h e também buscamos dormir mais em hotéis, porque percebemos que acampar leva muito tempo e não é tão seguro”, frisa Marcel.
Com tanto conhecimento na bagagem, antes mesmo de chegarem ao Brasil, a família já tem planos para próximos destinos.
“Dentro de um ano queremos sair para uma viagem não tão longa. Mas queremos aproveitar enquanto as crianças são pequenas para fazer a Europa inteira de motorhome e viajar de carro para Ushuaia, agora todos juntos, para fechar os dois extremos”, contam.