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Agronegócio

Apesar do preço elevado, Paraná se destaca na produção e consumo de alimentos orgânicos

Os orgânicos estão, em média, 30% mais caros que os alimentos convencionais

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Comerciante afirma que o preço dos orgânicos tem menor variação durante o ano, em comparação com os alimentos convencionais. — Foto: Raul Gonzalez Escobar/Unplash
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Uma pesquisa do Departamento de Economia Rural do estado mostrou que, nas feiras do Paraná, os orgânicos estão, em média, 30% mais caros que os alimentos convencionais.

O tomate está entre os orgânicos mais procurados e também entre os produtos com maior diferença em relação aos convencionais. Enquanto o preço médio do tomate convencional foi de R$ 4,36, o orgânico foi de R$ 7,12.

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“Os consumidores querem tomate o ano inteiro, não vai pela sazonalidade e aqui na região a gente só consegue produzir no verão, daí tem que vir de fora. E esse tomate que vem de fora, na entressafra, vem num preço muito elevado. E quem traz são intermediários e tem mais um elo nessa corrente para encarecer”, avalia o engenheiro agrônomo do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná, Julio Carlos Veiga Silva.

São vários os fatores que deixam os produtos mais caros. O agricultor que escolhe plantar orgânicos precisa seguir algumas regras, a principal delas é não usar nenhum tipo e agrotóxico ou adubo químico.

“Uma coisa que encarece o produto orgânico é que ele exige mais mão de obra. Por exemplo, no convencional, quando tem um mato, uma erva daninha, você pode usar um herbicida e é muito rápido para controlar. No orgânico não, é tudo manual. Isso existe mais mão de obra. E na agricultura familiar, normalmente, está envolvida a família como um todo. Tem nesse envolvimento, de repente, um custo menor”, explica Julio Carlos Veiga Silva.

Produção de orgânicos

Daniele Comarella é presidente da Associação para o Desenvolvimento da Agroecologia, que existe há vinte e cinco anos, e trabalha com a certificação participativa de agricultores de orgânicos. Ela conta que, nessa modalidade, grupos de produtores fazem visitas a propriedades todos os meses para avaliar as práticas adotadas e para compartilhar conhecimento.

No início eram cinco grupos e, atualmente já são quarenta. Cada um deles com aproximadamente dez pessoas. Para ela, um preço mais acessível do orgânico depende de um equilíbrio de diferentes motivos.

“Se a gente conseguir ter como aliado o conhecimento e o apoio técnico e chegar a uma produção maior, o produto chega a um preço mais acessível”, afirma Comarella.

Segundo Comarella, a variedade do produto e a dificuldade de produção da cultura também devem ser levados em consideração.

Atualmente, o Paraná tem três mil e oitocentos agricultores orgânicos certificados, o que representa cerca de 1,5% do total de produtores do estado. Mas, na região metropolitana de Curitiba essa fatia é maior: chega a 7%.

Em Mandirituba, que fica a 40 km de Curitiba, Andrea Iefcovich produz principalmente morango e framboesa, mas também tem milho doce, couve-de-bruxelas e a produção de amora está para começar.

“No caso do morango, ele dá muito trabalho. Muito mais trabalho que o morango convencional. Então a gente tem um custo mais alto com mão de obra, com todos os cuidados que você precisa ter. Então, para quem planta justifica realmente que o custo seja um pouco mais alto, e o preço de venda consequentemente”, conta Andrea.

Na propriedade da Andrea são seis estufas. Durante os seis meses de produção da framboesa, a colheita é feita duas vezes ao dia, pela manhã e à tarde, pois o fruto amadurece muito rápido.

O trabalho é bastante delicado para que a fruta chegue perfeita até o consumidor, mas nada se perde. As framboesas que não estão tão bonitas têm outros destinos.

“Congela, vai para a indústria das geleias ou vende como congelado para suco também. A gente também tem uma cozinha certificada e consegue trabalhar com o congelado”, explica Andrea.

A principal dificuldade para o plantio da framboesa são os fungos.

“A gente faz um trabalho meio mecânico de poda de folha, pé por pé, a gente passa olhando, tira a folha que está com algum problema de doença para evitar que passe para as outras. É assim que a gente vai tentando controlar. Ou então, tem os produtos biológicos que podem ser usados. Mas, primeiro a gente sempre tenta fazer o trabalho manual, cuidar de cada pé. Aí, se for necessário, a gente acaba aplicando”, conta a produtora.

No sítio também tem uma barreira de proteção, exigência para produtores de orgânicos para evitar a contaminação de propriedades vizinhas que fazem a produção convencional.

“O local é quase todo cercado por vegetação. Nos fundos tem um vizinho que planta milho e batata. Então, a gente tem uma barreira de capim napier e de bananeiras também. Mesmo assim, a gente evita plantar numa área muito próxima do vizinho, para não ter nenhuma contaminação, caso ele use algum produto. Nada é feito nem plantado na distância entre o vizinho e o nosso sítio”, exemplifica Andrea.

Do outro lado

Na outra ponta, quem vende diretamente para o consumidor diz que muita coisa mudou com o passar do tempo.

No Mercado Municipal de Curitiba, o mercado de orgânicos funciona há treze anos e é o primeiro desse tipo no brasil. De lá para cá, aumentou o número de bancas e de consumidores, assim como a diversidade de produtos.

Hoje, a variedade de frutas, verduras e legumes, é muito grande. Julio Kobe, comerciante, está no mercado há onze anos.

“Uma coisa que a gente reparou bastante é que hoje não é mais modismo. O pessoal não consome orgânico por ser moda. Muita gente passou a consumir por questão de saúde. Recomendação médica”, conta o vendedor.

O comerciante afirma que o preço dos orgânicos tem menor variação durante o ano, em comparação com os alimentos convencionais.

Com tanto trabalho do preparo do solo, plantio e colheita, a agricultura orgânica é uma escolha de vida para quem produz.

“Quando você pensa o que você gosta de ter no teu prato de comida que é o mesmo que você gostaria de oferecer pro outro, né? Então, por isso, todo esse cuidado e todo esse carinho que a gente tem pelo trabalho, pelo alimento, pelo meio ambiente. Você cuidar da tua água, cuidar das tuas abelhas, cuidar dos teus insetos. Então, é uma escolha de vida mesmo. É o que eu acredito, o futuro deveria ser só isso mesmo”, comenta Andrea Iefcovich.

O carinho é refletido para os consumidores.

“Eu sinto no sabor principalmente, todos são mais gostosos. Abobrinha é melhor, tomate. Tudo tem mais sabor”, opina o consumidor Rogério Julio Farah.

“É nítida a diferença de uma laranja orgânica para uma laranja que você compra com agrotóxico. O sabor, tudo, sabe. É muito bom. Claro, a aparência é diferente, mas o sabor é incrível. É um pouquinho mais caro, mas eu acho que em questões de saúde vale a pena”, comenta a consumidora Tania Regina Demeterco.

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