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‘A mim, o senhor não vai interromper’, juiz dispara a bombeiro ouvido como testemunha no júri da Kiss

Orlando Faccini Neto chamou a atenção do coronel Gerson da Rosa Pereira, comandante do Corpo de Bombeiros de Santa Maria à época da tragédia, por interromper a promotora Lúcia Helena Callegari.

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Ex-chefe dos bombeiros de Santa Maria depõe no júri da boate Kiss — Foto: Juliano Verardi / IMPRENSA TJRS
Providência

O acirramento de ânimos no julgamento da boate Kiss, em Porto Alegre, chegou ao auge nesta terça-feira (7). No depoimento do diretor do Departamento Administrativo do Corpo de Bombeiros Militar, Gerson da Rosa Pereira, de 56 anos, ele teve a atenção chamada pelo juiz Orlando Faccini Neto para cobrar isonomia nas respostas para o Ministério Público. Ao interrompê-lo, o magistrado aumentou o tom de voz.

“A mim, o senhor não vai interromper”, disse repetidas vezes.

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Gerson era chefe de Estado Maior dos bombeiros de Santa Maria na época da tragédia. Ele foi o primeiro condenado criminal pelo incêndio, por fraude processual, em 2015.

Ele começou respondendo às questões do juiz antes das 15h. Quatro horas depois, ainda respondia às formulações dos advogados de defesa, sendo que apenas a advogada de Marcelo de Jesus não lhe questionou.

Ao ser interpelado pelo MP, porém, passou a fazer considerações ao juiz, que considerou que ele não dava o mesmo tratamento à promotora Lúcia Helena Callegari. Gerson se disse constrangido.

“Eu não estou depreendendo nenhum constrangimento. É necessário compreender que o senhor tratou de diversas questões do âmbito técnico que podem não ser relacionados com suas funções quando outras pessoas lhe questionaram. Ela está tratando de temas similares que os demais arguentes trataram com o senhor. Acredito que as questões que ela está lhe fazendo o senhor está escolhendo [responder ou não]”, disse.

A inquirição continuou por mais uns minutos, mas, após a testemunha reclamar de cansaço, Faccini suspendeu a sessão por 1h para a janta. O depoimento durou cinco horas.

Outros depoimentos

O primeiro depoimento a ser prestado nesta terça foi o do do ex-técnico de som da banda Gurizada Fandangueira, Venâncio da Silva Anschau, de 40 anos.

Questionado pelo juiz Orlando Faccini Neto se alguém havia alertado o público sobre o incêndio no palco, Venâncio contou que desligou o áudio do ao ver que o fogo tinha iniciado.

“Eu não tenho dimensão, não imagino o que esteja do que aconteceu e eu desligo os microfones. Eu desabilitei. Errei”, disse, chorando.

Durante a tarde, o júri foi retomado com depoimento da arquiteta Nívia Braido, que foi procurada pelo réu Kiko Spohr para alterações no interior da boate. Ela disse em plenário que alertou o proprietário sobre a necessidade de ter um responsável técnico para uma obra que foi realizada na boate.

Quem são os réus?

  • Elissandro Callegaro Spohr, conhecido como Kiko, 38 anos, era um dos sócios da boate
  • Mauro Lodeiro Hoffmann, 56 anos, era outro sócio da Boate Kiss
  • Marcelo de Jesus dos Santos, 41 anos, músico da banda Gurizada Fandangueira
  • Luciano Augusto Bonilha Leão, 44 anos, era produtor musical e auxiliar de palco da banda

Entenda o caso

Os quatro réus são julgados por 242 homicídios consumados e 636 tentativas (artigo 21 do Código Penal). Na denúncia, o Ministério Público havia incluído duas qualificadoras — por motivo torpe e com emprego de fogo —, que aumentariam a pena. Porém, a Justiça retirou essas qualificadoras e converteu para homicídios simples.

Para o MP-RS, Kiko e Mauro são responsáveis pelos crimes e assumiram o risco de matar por terem usado “em paredes e no teto da boate espuma altamente inflamável e sem indicação técnica de uso, contratando o show descrito, que sabiam incluir exibições com fogos de artifício, mantendo a casa noturna superlotada, sem condições de evacuação e segurança contra fatos dessa natureza, bem como equipe de funcionários sem treinamento obrigatório, além de prévia e genericamente ordenarem aos seguranças que impedissem a saída de pessoas do recinto sem pagamento das despesas de consumo na boate”.

Já Marcelo e Luciano foram apontados como responsáveis porque “adquiriram e acionaram fogos de artifício (…), que sabiam se destinar a uso em ambientes externos, e direcionaram este último, aceso, para o teto da boate, que distava poucos centímetros do artefato, dando início à queima do revestimento inflamável e saindo do local sem alertar o público sobre o fogo e a necessidade de evacuação, mesmo podendo fazê-lo, já que tinham acesso fácil ao sistema de som da boate”.

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