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Usina hidrelétrica em Porto Mendes: você conheceu?

Professor Danilo Töpper relembra fatos interessantes do distrito

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Providência

“Recordar é viver”, como já dizia o título de uma antiga canção. Relembrar fatos, momentos e períodos da história faz com que entendamos as ações humanas ao longo do tempo. Isso se torna muito mais prazeroso, se contado por alguém que viveu o período da história. O Departamento de Comunicação da prefeitura de Marechal Cândido Rondon promove uma série de entrevistas com pessoas que participaram ativamente da história do município, para que estas relembrem fatos interessantes. O projeto é intitulado de “Rondonenses que fazem história”.

O entrevistado desta vez é o professor Danilo Töpper (lê-se Tepper, devido ao sinal gráfico de trema, mas ele gosta de frisar: “meus alunos me chamavam de Topper. Achavam bonito. Por isso me acostumei assim”.

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O horário da entrevista foi marcado (à tarde, após o almoço). Chegando em sua residência, nossa equipe o encontrou sentado na varanda da casa, degustando um chimarrão – que não foi compartilhado, tendo em vista os protocolos de cuidados relativos à pandemia. Seu Danilo, de sorriso fácil, porém acanhado em responder as perguntas, aos poucos foi se soltando e relembrando sua história e fatos relevantes ocorridos no distrito.

O professor aposentado vai completar 75 anos de idade, no próximo mês. É natural de Feliz, no Rio Grande do Sul. Iniciou os estudos em São Leopoldo e aos 7 anos veio com a família para Novo Sarandi, Toledo.

Uma vida em prol da educação

O professor Danilo começou a lecionar aos 17 anos (1963) na Escola Rural Municipal Epitácio Pessoa, em Vila Curvado, Marechal Rondon. Pouco mais tarde, também atendia na Escola Rural Municipal Bela União, em Ajuricaba. Orgulhoso, o professor aposentado conta que o então prefeito Arlindo Alberto Lamb teve que expedir um decreto para que pudesse validar suas atividades como professor desde os 17 anos, já que a idade mínima exigida era de 18 anos.

“Em 1965, o pessoal de Porto Mendes foi me buscar em Curvado, para que eu fosse professor na Escola Evangélica de Porto Mendes”, rememorou.

O professor Danilo criou raízes em Porto Mendes. Também atuou como diretor da escola e do colégio. Aposentou-se após 32,5 anos de atuação na educação, quando, então, sua filha assumiu o cargo de diretora e ele trabalhou ainda por um período na Secretaria de Educação. Questionado se conseguiria calcular quantos alunos passaram pelos seus ensinamentos, com olhar fixo e pensativo, não chegou à resposta. Apenas disse que foram muitos.

“Teve um tempo em que a escola em Porto Mendes teve 70 alunos, sendo metade de manhã e outra metade à tarde. Éramos somente eu e os alunos na escola. Não havia secretaria, diretora, zeladora, ninguém. Quem cuidava da escola éramos os alunos e eu. Sempre fui apaixonado por tudo isso”, mencionou.

Sala de aula mais limpa e organizada

Vamos aproveitar esta reportagem para reparar um lapso, com relação a uma reportagem que deveria ter sido amplamente divulgada em 1984. Töpper lembra que a prefeitura organizou um concurso com premiação para a sala de aula mais limpa e organizada, e que a sala de aula da sua escola foi a campeã, ganhando, inclusive, de localidades que ainda eram distritos de Marechal Rondon, como Quatro Pontes, Mercedes, Pato Bragado e Entre Rios do Oeste.

“Foi muito gratificante ganhar o concurso, pois toda a limpeza e a organização eram feitas pelos alunos e por mim. Ficamos um pouco tristes porque isso não foi divulgado e nem comemorado pelo grupo escolar local”, lamentou.

Então, 37 anos depois, vamos à notícia: “Escola de Porto Mendes é a grande campeã no concurso de sala de aula mais limpa e organizada”.

Porto Mendes

Sobre o distrito de Porto Mendes, ele lembra que quando chegou à localidade, fixou residência na “Porto Mendes Nova” (atual sede do distrito). O Porto Mendes Gonçalves, também conhecido como “Porto Mendes Velha”, era o então porto, onde acontecia o carregamento da erva mate, através da zorra, havia uma estação de trem, destacamento da polícia, entre outros.

“Desci e subi muito pela zorra, para pescar. Era um local muito íngreme. Uma judiaria que só. Nunca fui um grande pescador, mas peguei muitos peixes naquela época. Era uma fartura. Jaús enormes, com mais de 50 quilos”, lembrou ele ao pegar algumas fotos daquela época.

Rota principal

Seu Danilo lembrou também que Porto Mendes era a rota principal entre Guaíra e Foz do Iguaçu. “Muitos ônibus que levavam turistas para as Sete Quedas, em Guaíra, passavam por aqui, para ir até as Cataratas, em Foz do Iguaçu. Era a via principal, não existia outra. A movimentação era intensa. Também havia mais de 10 linhas de ônibus”.

Usina hidrelétrica

Outro fato histórico lembrado, foi quanto à usina hidrelétrica que estava instalada em Porto Mendes, antes da inundação pelo lago. Ela foi instalada em um local que possuía uma grande queda d´água, que fazia girar uma roda, que produzia energia. Ficou ativa por muitos anos.

Formação do lago

Outro fato relevante recordado por Töpper foi a formação do lago de Itaipu, após o fechamento da barragem da usina, em 1982. “Acompanhamos a água subir lentamente. O que chamou muito a atenção, foi o resgate dos animais. Saíram daqui caixas e caixas de cobras e outros animais, que foram soltos na reserva da Itaipu”.

Praia

Em outubro de 1984 foi inaugurado o parque de lazer de Porto Mendes. O professor aposentado acredita que foi algo muito importante para a localidade. “Notamos a importância do parque quando ele foi fechado, devido à pandemia. O comércio local sofre bastante. Por isso acredito que o funcionamento da prainha é muito importante para o distrito”, opinou.

Emancipação

Danilo lembrou que participou do grupo que trabalhou para que a localidade também se emancipasse, no início dos anos 90, assim como aconteceu com outros distritos rondonenses. Porém, segundo ele, faltou população para que isso acontecesse. “Houve grande interesse da comunidade. Mas não foi possível”, observou.

Família

Durante a entrevista, fomos interrompidos com a chegada do bisneto de seu Danilo. O professor se casou em 1968 e teve três filhos. Possui ainda dois netos e dois bisnetos. Depois da aposentadoria, passou a se dedicar mais à leitura, horta, jardim, entre outros afazeres que lhe dão prazer. Por 14 anos, realizava diariamente suas caminhadas por longos períodos, porém, um acidente de trânsito, que comprometeu o seu joelho, o fez parar com esse tipo de atividade física, porém, continua ainda muito ativo.

Muitos causos

Seu Danilo relatou ainda muitos causos da vida: corrida de bicicleta, primeiro telefonema que deu, o que viu e o que vê em Porto Mendes, mas vamos parar por aí. Fica na lembrança uma tarde agradável que passamos com uma pessoa muito especial, inteligente e que sempre foi muito dedicada às suas atividades. Um detalhe: Danilo sempre fez tudo isso com apenas um dos braços. O outro, perdeu em um acidente em um engenho de cana, quando tinha apenas 7 anos, no Rio Grande do Sul. Isso comprova, mais do que nunca, que não devemos nos sentir limitados, por nenhum fator. A vida é uma dádiva, que deve ser comemorada a cada novo amanhecer, com alegria, gratidão e força de vontade. Isso nunca faltou ao professor Danilo, agora professor da vida.

Sicredi
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