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Mansão no litoral do Paraná se tornou refúgio de ditador paraguaio

Alfredo Stroessner passava férias em Guaratuba, onde é nome de praça; responsável por torturas e mortes de opositores, general recebeu asilo político no Brasil e se abrigou por meses no Paraná ao deixar o comando do Paraguai, em 1989

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| Foto: Norberto Duarte/AFP|
Velho Oeste

As relações do ditador paraguaio Alfredo Stroessner com o Brasil, mais especificamente com Guaratuba, no litoral do Paraná, são tema do 48º episódio do PodParaná, publicado nesta sexta-feira (21).

O general comandou o país vizinho entre 1954 e 1989. Os 35 anos no poder conferiram a ele, que morreu em 2006, em Brasília (DF), o posto de ditador mais longevo da América do Sul.

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A Comissão da Verdade do Paraguai mostrou que o governo militar naquele país foi responsável por 459 mortes e desaparecimentos de opositores, além do registro de 18.722 pessoas torturadas e 19.862 presos durante o regime que ficou conhecido como Stronato.

A Casa Stroessner, que tem 14 cômodos, à beira-mar em Guaratuba, foi o refúgio do ditador por dois meses ao deixar o poder no Paraguai, em 1989. Antes disso, o local também serviu para ele passar férias durante os anos 1980. Próximo da mansão, uma praça ganhou o nome do general.

Para o professor de história Paulo Renato da Silva, da Universidade Federal de Integração Latino-Americana (Unila), que participa do episódio, é possível entender – com algum esforço – a homenagem e reverência ao ditador no contexto dos anos 1980.

“O que é difícil de aceitar é que essa valorização continue, que a cidade continue tendo uma praça tendo esse nome apesar das iniciativas para que isso seja alterado. Me parece ser uma boa oportunidade para ressignificarem aquela praça”, afirma.

Mesmo com a ficha criminal de Stroessner, que inclui até denúncias de pedofilia, a imagem do ditador no litoral do Paraná não corresponde ao histórico dele.

“O aeroporto foi feito praticamente por causa dele. Acho até que na época a prefeitura deve ter dado o terreno e, se não me engano, ele bancou na época a construção da pista. Pra cidade foi bom, né? Alavancou alguma coisa na cidade, sem sombra de dúvidas”, recorda-se o taxista Teodoro Bertoldi.

Além das relações com o litoral e mansão – onde houve até interrogatórios do Caso Evandro, nos anos 1990 -, outra residência do ditador, esta em Ciudad Del Este, na fronteira com o Brasil, ficou conhecida como a Casa do Terror. No local, ossadas humanas foram encontradas enterradas.

“Tem muito medo envolvido nessa residência, ossos que teriam sido de vítimas da ditadura. É uma história que mexe muito com o imaginário popular”, conta o repórter da RPC Marcos Landim, que fez parte da única equipe de imprensa brasileira que esteve no local na retirada das ossadas.

Djenifer Becker Osteopata
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