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Vestibular da UFPR: entenda o erro na lista de aprovados

Um dia após divulgar resultado, UFPR retificou lista e passou 31 estudantes que estavam aprovados para a lista de espera. Advogada diz que cabe danos morais; universidade lamenta falha e afirma que foi ‘erro pontual’

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|Foto: Reprodução/RPC|
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Após um erro nos resultados finais do vestibular, a Universidade Federal do Paraná (UFPR) retificou o resultado e mudou a lista de aprovados. Com isso, 31 candidatos que constavam como aprovados na primeira divulgação perderam a vaga e foram remanejados para a lista de espera.

A mudança na lista de aprovados foi publicada por meio de uma nota de retificação publicada no site do Núcleo de Concursos da UFPR (NC-UFPR). O anúncio foi feito na quarta-feira (1º), dia seguinte à primeira publicação.

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O resultado original, inclusive, foi publicado com antecedência pela universidade.

Antes prevista para 9 de setembro, a lista de aprovados foi publicada na terça (31). Isso porque, conforme a UFPR, o objetivo era facilitar o processo para que os calouros pudessem concluir trâmites até o início do ano letivo.

Por conta da pandemia, a instituição chegou a realizar um banho de lama virtual no momento da divulgação. Estudantes que foram retirados da lista de aprovados participaram da comemoração.

Explicação para a retificação

Conforme nota divulgada pela UFPR, a retificação da lista de aprovados foi feita após a instituição identificar uma falha ocorrida “no processamento dos resultados”.

Segundo a universidade, o erro fez com que o sistema não computasse os ajustes nas notas de 467 candidatos que entraram com recurso em relação à correção da redação e tiveram o pedido acatado pela banca.

De acordo com o professor e responsável pelo Núcleo de Concursos da UFPR, Alexandre Trovon, o motivo da falha foi o ajuste sofrido por causa da aplicação das provas em uma fase única, devido ao cenário de pandemia.

A UFPR informou que só percebeu o processo incorreto depois da divulgação do resultado.

Por causa do erro, a instituição suspendeu a divulgação do desempenho individual e a abertura do processo de envio dos documentos para o registro acadêmico.

Uma comissão de sindicância foi instaurada para apurar o erro.

Alexandre Trovon afirmou, ainda, que a universidade lamenta o ocorrido, que disse ter sido um “erro pontual”.

Possíveis desdobramentos

Segundo a advogada Alynne Ferreira Nunes, que atua em um escritório especializado em direito educacional, os estudantes atingidos pelo erro da UFPR podem entrar com ação na Justiça por danos morais.

Conforme a especialista, a retificação do resultado gera uma quebra de expectativa nos candidatos que passaram pelo processo da perda de vaga.

“O aluno paga, fora os que conseguem isenção, a taxa para participar do processo e confia na instituição. Ele cria a expectativa que é quebrada e gera dano, porque a instituição não agiu de boa-fé, foi relapsa”, afirmou.

Além disso, a advogada explicou que as medidas judiciais são importantes também para que a UFPR explique o motivo do erro e também, muitas vezes, sejam condenada a paga uma indenização com fundação pedagógica para que a falha não ocorra novamente.

Alynne também explicou que a forma como a universidade age em relação aos estudantes pode pesar no processo judicial.

Neste momento, segundo ela, é importante tornar o andamento do processo seletivo pessoal, isto é, que a universidade entre em contato direto com cada estudante afetado pelo erro.

A advogada ressaltou também que outro fator que pode pesar contra a UFPR é o fato do Núcleo de Concursos ter sido alvo de processos em fevereiro, quando suspendeu a prova do concurso da Polícia Civil horas antes da realização do exame.

Para ela, contudo, a possibilidade destes estudantes afetados pelo erro nas notas do vestibular reaverem a vaga é remota. Isso porque, conforme a advogada, as universidades federais trabalham com vagas autorizadas para o ano pelo Ministério da Educação.

Além disso, os cursos possuem estrutura determinado e a adição de alunos acima das vagas determinadas pode desorganizar a gestão dos programas.

Reação dos estudantes

Para o Gabriel Zimermann, de 20 anos, a alegria do sonho realizado de passar no vestibular de medicina da UFPR foi transformada em decepção.

Após quase quatro anos tentando a aprovação no curso, o jovem chegou a se reunir com familiares e amigos para comemorar a vitória e, também, fazer a tradicional raspagem de cabelo.

“Abri e reabri umas cinco vezes [a lista] para ter certeza. Não conseguia acreditar. Não sabia nem o que pensar. […] Foi a noite inteira sem conseguir dormir, fiquei muito triste mesmo”, desabafou.

Além disso, alguns estudantes que perderam a vaga também criaram uma página em uma rede social. Eles afirmam querer “lutar pelas vagas”.

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