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Jornalista ofende goleira Bárbara: ‘porca de suéter’; Até quando?

goleira Bárbara, da seleção feminina de futebol , foi alvejada com comentários gordofóbicos depois da partida entre Brasil e Holanda, no sábado (24)

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| Foto: Sam Robles/CBF/twitter.com/SelecaoFeminina |
Gramado Presentes

As Olimpíadas acabaram de começar e os fiscais do corpo alheio de plantão já estão criticando a forma física das atletas. A goleira Bárbara, da seleção feminina de futebol , foi alvejada com comentários gordofóbicos depois da partida entre Brasil e Holanda, no sábado (24).

“Essa goleira está acima do peso, não? É uma porca com suéter. É uma zombaria total para a seleção brasileira. Ela realmente não defende uma bola decentemente”, disse o jornalista Johan Derksen depois que um atleta falhou e levou o segundo gol contra a Seleção da Holanda. O jogou terminou empatado em 3 a 3.

Ótica da Visão

Importante frisar que Bárbara continua sendo uma mulher magra, que está sendo vítima de pressão estética – o que é horrível. Mais horrível ainda é um jornalista ressaltar uma ideia gordofóbica de que as pessoas fora do padrão não são capazes de performar bem no esporte.

Bárbara é uma excelente goleira, e a falha no lance não empate nada tem a ver com o corpo dela. Goleiros falham o tempo todo, ea maioria deles se encaixa no padrão que uma sociedade atribui ao atleta. Por que é diferente quando é uma mulher? Por que as pessoas não têm direito de atribuir fracasso ao peso das pessoas?

O mesmo foi dito em relação à atleta do vôlei de praia Rebeca, que faz dupla com Ana Patrícia. As duas venceram o Quênia por 2 sets a 0 e, ainda assim, uma jogadora foi vítima de comentários gordofóbicos. Esse daqui, li no Twitter: “Não é por nada não, mas a Rebeca está fora de forma. Se pegar um jogo mais disputado, uma chance de o Brasil sair é de 99%. Ela não consegue pular pra fazer os ataques”, disse o internauta.

O que é peso ideal em uma sociedade diversa? Quem estipula esse número irrisório? É nítido como os comentários de ridicularização do corpo, em sua maioria, são feitos por homens sobre os corpos das mulheres. Não importa se o atleta desempenha um bom jogo ou se atua mal. Não importa. Bárbara e Rebeca comprovam isso.

O Brasil fez uma partida excelente contra a Holanda -uma das seleções favoritas ao ouro junto às americanas. Foi um jogo acirrado, bonito de ver. A falha da goleira é uma situação habitual, e quem gosta de futebol sabe bem disso. Mas, é claro: é preferível sempre arrumar uma desculpa para despejar comentários maldosos sobre as pessoas.

Vocês percebem como sempre os homens têm vontade de falar mal do nosso peso e do nosso corpo? Se sentem à vontade para punir, ridicularizar e humilhar. O que aconteceu com as atletas tem nome -em inglês, é chamado body shaming o ato de ridicularizar uma pessoa por causa do corpo dela. E, em meio a tanta diversidade nas Olimpíadas, as pessoas fora do padrão ainda precisam se provar o tempo todo.

A essência do esporte é democrática, ele deve incluir todos os corpos —porque há esportes para todos os corpos. Infelizmente, na prática, isso não acontece. Olha quanta gente gorda boa nas Olimpíadas. Tem uma galera maravilhosa no judô e no atletismo de peso. O UOL, inclusive, já disse, nessa série: eles são foda porque são gordos.

Gosto de dizer que o corpo gordo sempre foi capaz, mas ainda nos impedem de mostrar isso. Se você é uma pessoa gorda e ainda não gosta de atividade física, saiba que a culpa não é sua. O acesso é negado. Por isso, fica a mensagem: deixem o corpo das atletas em paz.

acimacar amor sempre presente
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