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Saúde

Pandemia pode atrasar diagnóstico e regredir tratamento de autismo

Falta de convívio social pode fazer com que sinais da condição passem despercebidos; criar rotinas pode ajudar tratamento em casa

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Martin Luther – Enem

O afastamento do convívio social, inclusive da escola, provocado pela pandemia pode atrasar o diagnóstico de autismo, fundamental para a evolução da criança, conforme ressalta a pediatra Camila Batista, da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo.

“A pandemia, com o afastamento das crianças do convívio social, inclusive escolar, trouxe muitos prejuízos para as crianças, especialmente aquelas que apresentam algum atraso de desenvolvimento. Não apenas na falta de oportunidade de identificação da condição, mas também na falta de estímulos que a educação inclusiva pode oferecer aos pacientes”, afirma.

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Ela explica que a partir dos 16 meses de vida já é possível identificar sinais de autismo. Segundo a médica, o primeiro diagnóstico ocorre por volta dos 6 anos no país, o que é considerado tardio.

“Apesar de permanente, a intervenção precoce é importante para alterar o prognóstico e suavizar os sintomas, minimizando os impactos do autismo”, diz.

O diagnóstico precoce permite o início de terapias apropriadas antes dos 2 anos de idade, quando a capacidade do cérebro de se moldar é maior, segundo a pediatra.

O diagnóstico precoce permite o início de terapias apropriadas antes dos 2 anos de idade, quando a capacidade do cérebro de se moldar é maior, segundo a pediatra.

“A principal preocupação do diagnóstico precoce é o início da estimulação e terapias. Quanto mais nova a criança, principalmente os menores de 2 anos, maior a capacidade do cérebro de se moldar, a chamada neuroplasticidade. Ao iniciar as terapias nessa época, a criança pode ter o curso do TEA modificado, com melhor resposta e alguns estudiosos sugerem que pode impedir a manifestação completa do TEA [Transtorno do Espectro Autista]”, afirma.

“O diagnóstico tardio significa a perda dessa janela de oportunidade, trazendo prejuízos para seu desenvolvimento global”, acrescenta.

Segundo ela, os pais desempenham papel fundamental na triagem da condição, principalmente durante a pandemia, observando sinais do TEA e comunicando ao pediatra. “Alguns sinais podem ser observados antes mesmo de 1 ano de vida, como a criança que aos 6 meses não faz contato visual, tem poucas expressões faciais ou ausência do sorriso social; aos 9 meses, não olha quando é chamada, não balbucia mama e papa, não olha quando aponta e faz poucas ou nenhuma imitação; aos 12 meses não faz gestos convencionais, como dar tchau, não fala mamãe e papai, há uma ausência de balbucio, perda de habilidades, em qualquer idade, e um interesse maior em objetos do que em pessoas”, orienta. 

Após a avaliação do pediatra, a criança será encaminhada para uma avaliação complementar de especialistas, que inclui psiquiatra e neurologista pediátrico, além de uma equipe multidisciplinar, formada por fonoaudióloga, fisioterapeuta e psicóloga, de acordo com Camila.

É preciso atenção, ainda, para que o tratamento do TEA não regrida durante o isolamento social, segundo a médica. “Existe esse risco”, diz. Para que isso seja evitado, ela orienta estabelecer rotinas, com a participação da família.

“Se o isolamento estiver associado a interromper as terapias, a regressão pode ocorrer sim. Não existe cura para o autismo, devendo seu tratamento ser contínuo. Estabelecer rotinas, com a participação familiar e da escola são pontos importantes do tratamento. O isolamento modificou esse funcionamento e dificultou a manutenção das terapias presenciais”, afirma.

A médica conta que até consultas de rotina de crianças já diagnosticadas e que fazem tratamento diminuíram durante a pandemia. “É por isso que ferramentas como a teleconsulta são tão importantes, pois a demora na intervenção pode ser crucial para os resultados e, por consequência, para a qualidade de vida da criança”, finaliza.

FONTE: R7

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