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Caso Evandro: Pai de santo acusado de participar do crime em Guaratuba afirma ser inocente e que ‘trama diabólica’ não vai mais afetá-lo

Osvaldo Marcineiro comentou pela primeira vez publicamente sobre o caso do desaparecimento e morte de uma criança no litoral do Paraná, no início dos anos 90.

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Caso do desaparecimento e morte de Evandro Ramos Caetano no litoral do Paraná, no início dos anos 90 — Foto: Reprodução/RPC
Rui Barbosa

Um dos pais de santo acusados pelo desaparecimento e morte de Evandro Ramos Caetano, em Guaratuba, no litoral do Paraná, comentou pela primeira vez publicamente sobre o caso, em uma rede social. Na postagem, Osvaldo Marcineiro afirma que sofreu muito com as acusações recebidas na época e até hoje.

“Sofri muito que essa mentira manchou esse sobrenome tão glorioso da nossa família. Essa trama diabólica não irá nos afetar mais pois somos todos inocentes. #7inocentesdeguaratuba”, disse ele.

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Marcineiro fez a publicação dentro de um grupo de discussão do Caso Evandro no Facebook, na noite de terça-feira (15).

O caso, que também é conhecido como “As Bruxas de Guaratuba”, aconteceu em 1992, quando o garoto, na época com sete anos, desapareceu no trajeto entre a casa e a escola. Dias depois, um corpo foi encontrado em um matagal sem alguns órgãos e com mãos e pés cortados.

Para a Polícia Militar, a criança foi morta em um ritual religioso encomendado por Celina e Beatriz Abagge, esposa e filha do então prefeito da cidade, Aldo Abagge, e os pais de santo Osvaldo Marcineiro, Davi dos Santos Soares e Vicente de Paula.

Os cinco chegaram a confessar o crime, mas depois alegaram que tinham sido torturados pela polícia para admitir o ritual.

Mais duas pessoas, Francisco Sergio Cristofolini e Airton Bardelli, também foram acusadas na época, mas posteriormente foram absolvidas.

Osvaldo Marcineiro contou, na postagem, que preferiu não se pronunciar antes pois não se sentia seguro a respeito do caso, contudo após lançamento da série sobre as circunstâncias do desaparecimento de Evandro, no Globoplay, ele tomou coragem.

“Por tudo que me aconteceu, tudo que passei. Me tornei uma pessoa incrédula em certas situações, principalmente em acreditar no ser humano, não acreditava que poderia ter tantas pessoas boas no mundo ainda, ou simplesmente não acreditava mais na mídia. Então fiquei somente observando e analisando”, pontuou ele.

Confira a publicação completa abaixo.

Marcineiro fez a postagem dentro de um grupo de discussão do Caso Evandro, na noite de terça (15) — Foto: Reprodução/Facebook

Marcineiro fez a postagem dentro de um grupo de discussão do Caso Evandro, na noite de terça (15) — Foto: Reprodução/Facebook

Julgamentos

O caso teve cinco julgamentos diferentes. Celina Abagge ficou presa por três anos e sete meses na Penitenciária Feminina do Paraná e por mais dois anos em prisão domiciliar. Já Beatriz ficou presa por cinco anos e nove meses.

Um dos tribunais do júri, realizado em 1998, foi o mais longo da história do judiciário brasileiro, com 34 dias. Na época, Beatriz e Celina foram inocentadas porque não houve a comprovação de que o corpo encontrado era do menino Evandro.

Contudo, o Ministério Público do Paraná (MP-PR) recorreu e um novo júri foi realizado em 2011. Beatriz foi condenada a 21 anos de prisão, e a mãe não foi julgada porque, como ela tinha mais de 70 anos, o crime já tinha prescrito.

Os pais de santo, Osvaldo Marcineiro, Davi dos Santos Soares e Vicente de Paula, também foram condenados, na época, pelo sequestro e homicídio do garoto.

Investigação

A história foi tema também do podcast “Projeto Humanos”, do jornalista Ivan Mizanzuk, que ficou conhecido em todo o país. Ele conseguiu acesso aos autos do processo na Justiça. Ao todo, eram 60 volumes e mais de 20 mil páginas.

Em março do ano passado, Mizanzuk exibiu no programa áudios das confissões feitas sob tortura que podem, segundo ele, ajudar a comprovar inocência dos suspeitos. “Se antes eu tinha dúvidas se eles eram inocentes, todas elas se foram. Estas pessoas foram torturadas e perderam anos das suas vidas”, afirmou ao publicar os áudios, na época.

“Ali prova nitidamente que nós fomos obrigadas a falar o que os torturadores, policiais militares, nos obrigavam a dizer. Qualquer pessoa sob tortura confessa que matou até Jesus Cristo, porque duvido que alguém tenha tanta coragem de passar pelo que nos passamos, sendo inocentes, e tendo que falar o que a gente nem sabia que tinha acontecido direito ou que queriam que acontecesse”, afirmou Celina.

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