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YouTube remove mais 12 vídeos de Bolsonaro por regra que proíbe menção a cloroquina e ivermectina

Atualização da política da plataforma feita em abril prevê exclusão de vídeos que recomendem medicamentos sem eficácia comprovada para tratar Covid. Desde o início dela, presidente teve 17 vídeos derrubados por ferir essa norma.

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Vídeo do canal do presidente Jair Bolsonaro sobre cloroquina foi retirado do YouTube em 26 de maio de 2021. — Foto: Reprodução
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O YouTube removeu na última quarta-feira (26) 12 vídeos do canal do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) por violação da regra que proíbe a recomendação de cloroquina e ivermectina contra Covid, uma vez que esses medicamentos não têm eficácia comprovada contra a doença.

Pelo menos menos 10 deles continham menções a cloroquina, apontou o levantamento da empresa de análise de dados Novelo Data.

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A remoção dos vídeos sobre esse tema começou após uma atualização da política de uso do YouTube feita em abril.

Desde então, o presidente já teve 17 vídeos derrubados de seu canal: 5 publicações foram retiradas no mês passado, que eram oriundas das lives que ele faz às quintas-feiras. Apesar disso, o canal continua no ar (leia mais ao fim da reportagem).

Na última quarta, também foram removidos três vídeos de outros perfis pela violação às regras da plataforma: um do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL), outro do Daniel Silveira (PSL) e outro do ex-senador do Espírito Santo Magno Malta.

Ao acessar os links do YouTube, é exibida a mensagem: “Este vídeo foi removido por violar as diretrizes da comunidade do YouTube”.

O que dizem os vídeos

Dentre os últimos vídeos de Jair Bolsonaro tirados do ar, estão duas lives feitas em março e abril do ano passado. Não há menção sobre a cloroquina nos títulos dessas publicações, mas o medicamento aparece na descrição do conteúdo.

Outros vídeos derrubados possuem títulos como “A Hidroxicloroquina cada vez mais demonstra sua eficácia em portadores do COVID-19” e “Fox News mostra estudos sobre a eficácia da Hidroxicloroquina no combate ao Coronavírus”.

O vídeo “O Brasil não pode parar”, publicado em 25 de março de 2020, não faz menções diretas ao medicamento em seu título ou descrição.

Um vídeo publicado no Facebook na mesma data, com a mesma descrição e um título semelhante ainda está no ar. Ele contém um áudio de um apoiador que diz que “há uma mudança de paradigma” nos Estados Unidos para abrir o país e que os hospitais locais administrariam “um remédio para malária”.

O levantamento da Novelo Data contém 11 publicações que foram derrubadas pela plataforma, incluindo o título e a descrição dos materiais. Ao G1, o YouTube disse ter removido um 12º vídeo do canal de Jair Bolsonaro, mas não foi possível identificar seu título.

O que diz a política do YouTube

A plataforma informou em abril que serão retirados vídeos que tenham:

  • conteúdo que recomenda o uso de ivermectina ou hidroxicloroquina para o tratamento da Covid-19;
  • conteúdo que recomenda o uso de ivermectina ou hidroxicloroquina para prevenção da Covid-19;
  • afirmações de que ivermectina ou hidroxicloroquina são tratamentos eficazes contra a Covid-19;
  • alegações de que há um método de prevenção garantido contra a Covid-19;
  • afirmações de que determinados remédio ou vacinas são uma cura garantida para a Covid-19.

Além disso, em suas diretrizes, o YouTube diz que “também não é permitido o envio de conteúdo que dissemine informações médicas incorretas que contrariem as orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS)”.

De acordo com a empresa, a conduta mencionada vale para:

  • tratamento;
  • prevenção;
  • diagnóstico;
  • transmissão;
  • diretrizes sobre distanciamento social e autoisolamento;
  • e a existência da Covid-19.

Posição da OMS

No início de março, a OMS publicou uma diretriz na qual pede fortemente que a hidroxicloroquina não seja usada como tratamento preventivo da Covid-19.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e o fabricante da ivermectina já alertaram que o medicamento não é eficaz contra o coronavírus.

Recentemente, entidades médicas disseram que o uso de medicamentos sem comprovação científica deve ser banido.

Em abril, o Facebook e o Instagram anunciaram que iriam exibir um selo em conteúdos que abordassem tratamentos sem comprovação científica.

Canal de Bolsonaro continua no ar

Pelas regras do YouTube, 3 violações da política de uso em 90 dias podem levar um perfil a ser tirado do ar. Mas o canal de Bolsonaro segue no ar, mesmo após 17 vídeos removidos em 2 meses.

Segundo as diretrizes da plataforma, na primeira vez que um canal viola as políticas de uso, o criador recebe apenas um alerta, “informando que ele precisa conhecer melhor as regras”. Se desrespeitar as regras uma segunda vez, vem o primeiro Aviso (também chamado de “strike”, em inglês).

“Se você receber três avisos em 90 dias, seu canal será removido permanentemente do YouTube. Vale lembrar que cada aviso leva 90 dias, a partir da data de emissão, para expirar”, diz a plataforma.

No entanto, o YouTube disse ao G1 nesta quinta (27) que vídeos publicados antes da vigência da nova política não geram punições ao canal.

Quando os primeiros 5 vídeos foram tirados do ar, a plataforma informou que não aplicaria o “strike” porque existe um período de “carência” de 1 mês após mudanças nas regras, antes de punições serem aplicadas. O prazo, neste caso, venceu no dia 16 de maio.

O “período de carência” foi mencionado pela primeira vez em português no blog da empresa no último dia 22 de abril, uma semana após a mudança de regra que passou a incluir as menções a cloroquina e ivermectiva e na véspera da derrubada de 4 vídeos de Bolsonaro que infringiam essa regra.

Nesta quinta, o YouTube informou que essa janela de tempo sempre existiu e que há menções na imprensa estrangeira anteriores à política sobre cloroquina e ivermectina.

Não há, porém, registros sobre a carência na documentação oficial das regras do YouTube.

Cloroquina é alvo na CPI

No Brasil, a cloroquina e a ivermectina chegaram a ser recomendadas como alguns dos integrantes do “Kit Covid”, voltado ao suposto “tratamento precoce” da doença.

O incentivo ao uso da cloroquina é tema de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) instalada pelo Senado Federal em abril deste ano.

O presidente Jair Bolsonaro costuma defender o uso da hidroxicloroquina, mesmo sem comprovação científica contra a Covid-19.

O governo federal também adquiriu e distribuiu a medicação a estados e municípios.

Em janeiro, o Ministério da Saúde lançou um aplicativo que recomendava o uso do medicamento. Ele saiu do ar dias depois.

Com informações de G1

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