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Feng Shui na Arquitetura

Este textos traz os motivos que me levaram a trabalhar com o Feng Shui e nos próximos apresentarei formas de aplicá-lo na decoração

Publicado

em

Velho Oeste

Há mais de 20 anos, tive o meu primeiro contato com o Feng Shui, e, mesmo com um estudo mais superficial naquela época, me interessei muito sobre os benefícios de aliarmos o conhecimento técnico da arquitetura acadêmica aos ensinamentos desta filosofia.  No entanto, por muitos anos acabei deixando em “stand by” este jeito de projetar, pois, houve uma popularização em volta do Feng Shui, distorcendo e diminuindo seu propósito para uma espécie de técnica zen que vinha mais servir de “maquiagem” nos interiores de muitas residências e espaços comerciais.

Ao invés de ser uma ferramenta proveniente de um estudo mais profundo, para harmonizar os ambientes de forma sutil, alinhando a energia e dando alma aos lares, o Feng Shui era usado com a simples promessa de prosperidade financeira, e isso me desmotivou; pois, para mim o Feng shui sempre tinha que ser mais do que sair colorindo cada ambiente de uma cor diferente e posicionar baguás ou espelhos pela casa.

Charles Pinturas

No entanto, mesmo deixando de lado essa vontade de incorporar o Feng Shui ao meu trabalho, nunca abandonei a ideia de que poderíamos usar este conhecimento de forma auxiliar em todo processo projetual. Até que, há cerca de quatro anos, o Feng Shui reapareceu em minha vida, mas não pela arquitetura: desta vez, ele chegou a mim através de um convite para participar de uma palestra sobre realinhamento de interiores. E assim reviveu em mim e, logo em seguida, fiz um curso intensivo mais direcionado à arquitetura, com a instrutora Eloisa do Carmo Favero, que é assessora pessoal e empresarial na área e ajuda muitas pessoas e empresas que estão na busca da prosperidade. Por prosperidade entende-se um conjunto que supera o financeiro.

A partir deste momento, tudo fez mais sentido e, realmente, encontrei no Feng Shui os ensinamentos que eu pensava serem a resposta para descomplicar e assim tornar essa filosofia de vida uma aliada da minha arquitetura.

Desde então, venho trabalhando com essa intenção, mesmo quando o meu cliente não tem esse objetivo, por ainda não ter a consciência de seus benefícios ou mesmo por desconhecer o Feng Shui.

Na verdade, não tenho o feng shui como um diferencial “vendido”, e sim incluído sutilmente por meio de seus ensinamentos nos projetos, pois, ele está incorporado e, mesmo que eu ainda tenha muito a aprender, cada projeto tem um local para desabrochar de forma desafiadora. Nesse sentido, temos muitos outros fatores além dele que são considerados, por exemplo, as legislações incidentes e os fatores climáticos e geográficos de cada terreno. Além de que cada pessoa tem uma história de vida até o momento em que chegam a mim, e outra história que pretendem “contar” com seus novos lares. 

Neste ano iniciei mais um curso on-line sobre o Feng Shui, onde pretendo aprender cada vez mais tudo que pode ser aliado na arquitetura para poder ajudar os meus amadinhos muito além de um bom projeto no quesito layout, fluxo e estético. Pois, meu objetivo é que todos sigam felizes e prósperos em todas as áreas de suas vidas.

São tantas as facetas por onde o Feng Shui pode ser utilizado para se ter uma vida melhor, que minha introdução virou uma carta, e para não me estender demais nesta publicação, resolvi dividir este assunto em mais matérias. Então, por hora, vou deixar aqui duas definições de Feng Shui e a partir da próxima publicação vou trazer para vocês algumas curiosidades e orientações sobre ele que podem ser aplicadas desde a escolha dos terrenos até o posicionamento de um objeto decorativo.

Escolha do entorno e posicionamento são pontos cruciais e evitam muitos problemas aos ocupantes de uma residência

Existem muitas definições sobre o Feng Shui pelo mundo, mas vou deixar aqui para vocês duas versões que gosto muito.

A primeira faz parte dos ensinamentos que tive no curso de realinhamento de interiores, com minha mentora, Eloisa de Favero Carmo, que inclusive lançou um livro depois disso, de título: “Tua Casa Teu Retrato, O Feng Shui numa visão sistêmica”

“Feng Shui é a denominação da arte (ou técnica) ocidental de organizar a vida do ser humano de acordo com as forças do universo. Segundo pesquisadores, essa metodologia, elaborada a partir da observação da natureza, é baseada no conceito do Tao, do Yin e Yang, da energia Ch’i ² e dos cinco elementos da natureza associados às cores e formas. Feng Shui¹, na tradução livre significa “vento e água”, e nessa arte se trabalha para que a energia flua como tal.”

“Não estamos separados de nossa casa, do mesmo modo que não estamos separados do ar que respiramos. Mais que a extensão de nossos pensamentos e sentimentos, nossa casa é o que somos” por Eloisa de Favero Carmo.

A segunda é de uma das maiores referências no assunto no Brasil, a professora, consultora, instrutora e fundadora do Instituto Brasileiro de Feng Shui, Silvana Occhialini.

“Desenvolvido a mais de 4.000 anos, na China, o Feng Shui é um conjunto de teorias e práticas destinadas a composição de ambientes saudáveis e harmônicos. Por meio de técnicas complexas, identifica os padrões de vibração energética em uma determinada área e estabelece arranjos que garantam o bem-estar e o equilíbrio mental e espiritual de seus ocupantes. Os termos Feng (vento) e Shui (água) têm origem na gênese dessa corrente de pensamento, quando seu principal pilar era a observação criteriosa das forças da natureza.”

“O Feng Shui é, na verdade, uma vertente dos antigos estudos da Terra. Revela como somos afetados pelo ambiente e como podemos criar padrões energéticos benéficos a saúde, aos relacionamentos e as atividades de trabalho…”

“O Feng Shui está ligado a outros conhecimentos da cultura oriental. Tem suas bases filosóficas no Tao e no I ching e trabalha com o fluxo invisível das energias e com o equilíbrio dos cinco elementos. Utiliza os mesmos princípios da acupuntura, por isso também é chamado de “acupuntura dos espaços”.”

“Na arquitetura, o Feng Shui oferece soluções para a construção de espaços que abrigaraão empresas prosperas e dinamicas. Ao definir o layout de um projeto, o arquiteto determina que tipo de energia influenciará a vida daquela companhia ou família”.

Por fim, o Feng Shui não é uma solução para todos os problemas e não é a única “ferramenta” a se considerar em um projeto, seja inicial ou uma reforma. Entretanto, oferece uma vasta gama de “remédios” para que se possa superar alguns obstáculos e avançar ciclos, passando a viver com mais harmonia em cada ambiente em que estiver, seja em sua casa ou em seu trabalho.

Te convido a me acompanhar por essa pequena jornada de mais duas ou três publicações onde estarei apresentando algumas ideias e exemplos de aplicação do Feng Shui na arquitetura.

Notas:

1 – A palavra feng-shui não existe na língua chinesa. O que aconteceu, na verdade, foi que nos primeiros livros traduzidos do inglês para o português esse termo não foi colocado em seu devido contexto – ou seja, deveria se escrever fong-suei, que é a pronúncia correta em chinês, pois, foi assim que os americanos escreveram. Observe que, se falado em inglês, feng-shui será pronunciado fong-suei.

2 – O Ch’i é energia vital. Sem o Ch’i nada existe. Ele gera o crescimento das plantas, os movimentos das águas e dos ventos, a energia do homem, o calor do sol. O Ch’i está em tudo à nossa volta.

3 – As imagens usadas nesta publicação são parte de material recebido no curso de realinhamento de interiores, algumas de acervo pessoal e a capa é uma foto da web por Robert P. Ruschak (http://www.fna.org.br/2017/07/17/a-casa-da-cascata-de-frank-lloyd-wright/, que apresenta a famosa Casa da Cascata, Fallingwater ou Casa Kaufmann, projetada e construída pelo arquiteto Frank Lloyd Whight, entre 1936 e 1939 e que atualmente funciona como um museu.

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