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Oi, Gente!

Ainda não consigo me aceitar com o cabelo cacheado

Será que algum dia estarei curada desse trauma pra enxergar esse processo de uma forma mais leve?

Publicado

em

Gramado Presentes

Oi, gente! Tudo bem com vocês? E aí, sentiram falta do nosso encontro semanal por aqui?
Estou com várias pautas começadas, mas nenhuma estava ficando do jeito que eu queria (sabe aquele maldito costume de querer buscar a perfeição e aí não fazer? Pois é!)

Enfim, fui adiando a publicação de um texto e de outro e não publiquei nenhum.

Charles Pinturas

Ontem, finalmente fiz uma enquete no Instagram pra definir qual texto sairia hoje e terminei um deles…

Se eu contar pra vocês que eu tenho quase 30 anos e ainda não consigo aceitar meu cabelo como ele é, vocês choram comigo?

Quem não me conhece há muitos anos talvez nem se dê conta de que o formato do meu cabelo não é meu verdadeiro cabelo. E pode procurar no meu Instagram que, muito provavelmente, vocês não encontrarão foto dele original. No Facebook, talvez.

Pasmem! Eu nasci cacheada. E fiquei assim até os 20 anos. O problema é que nesse meio tempo, várias coisas ruins aconteceram a respeito do meu cabelo e hoje, apesar do fato de não assumir minha verdadeira aparência me incomodar, eu gosto de mim assim. E talvez eu tenha mudado por mim… Só que gostaria de ter coragem de ver como seria voltar ao normal.

Bom, na minha época de escola primária, não se falava sobre bullying, apesar dele estar muito presente. No ensino fundamental, eu também não lembro desse termo, mas ele deve ter aparecido na minha vida pelo menos uma vez…

Meu cabelo sempre foi motivo de muitos apelidos maldosos por longos e doloridos anos. E eu não me defendia.

Cachopa de abelha.
Marge Simpson.
Bombril.
E sei lá mais o que eu ouvi até os 10 anos…

Por que você não faz chapinha?
Ia ficar linda de cabelo liso.
Já tentou usar gel pra deixar ajeitadinho?
E vários outros mimimi preconceituosos foram surgindo depois dos 12 anos.

Com uns 14 anos queimei o sofá dos meus pais passando o ferro no cabelo. O sofá era amarelo de flores azuis e eu fiz um buraco num dos acentos. Aí joguei um tapete por cima pra disfarçar. Seria engraçado, se não fosse trágico. As meninas da escola disseram que meu cabelo ia ficar lisinho passando o ferro. Não funcionou.

Com 15 fizeram uns “ninhos de rato” na minha cabeça metendo a tesoura no meu coque. Eu estava com a cabeça abaixada sobre a mesa do colégio e uma galera foi de fininho, fazendo uns picotes… Quando eu cheguei em casa e soltei o coque, meu cabelo foi esfarelando e caindo… Fomos para a coordenação, mas eles “só queriam ajudar” pra eu mudar meu estilo. Ok! Nessa vez, a escola disse que os responsáveis pelo estrago teriam de pagar o procedimento que eu quisesse… Mas eu não quis nada… E só anos depois eu me arrependi…

Logo, mudei de escola e, finalmente encontrei pessoas que me aceitavam como eu era e me incentivavam a ser eu mesma… Aliás, pessoas que tinham o cabelo igual o meu! Foi um alívio.

Contudo, lá dentro do meu inconsciente, o b.o estava registrado e todos os acontecimentos passados falavam mais alto do que o incentivo que passei a ter…

Eu achava que para o meu cabelo ser bonito, ele tinha que estar “lambido” e entupido de creme, sem volume. E tem coisa mais linda do que um cabelo cheio de vida, armado e brilhoso? Hoje eu mudei de pensamento…

Só que eu fiz a transformação em 2012… E ao contrário do que pensei, não, não é fácil manter o cabelo no formato que ele não é… Nem para o bolso nem para o tempo…

Nos últimos dois anos eu venho cogitando a possibilidade de passar pela transição capilar. Acompanhei diversas pessoas que conviveram comigo em alguma época da vida, que se libertaram e assumiram os cachos…

Em 2019 escrevi o livro Rafaela, com uma história bonita de superação, que eu acompanhei de perto… e fui tentando entrar na onda…

Mas mesmo assim, com vários exemplos ao meu redor, eu me sinto presa. Quero, mas não quero. Queria ver como fica, mas já me consolei dizendo que volto ao liso se não conseguir me acostumar… O difícil é dar o pontapé inicial.

É como se fosse minha obrigação voltar ao normal, mas ainda há coisas me impedindo… E eu não sou obrigada. Será que algum dia estarei curada desse trauma pra enxergar esse processo de uma forma mais leve?

O ponto é: pensei que estivesse pronta. Mas aí, olho no espelho e me pergunto: vou conseguir gostar do que vejo e ser feliz?

Vou lembrar de tudo que já passei? Provavelmente, sim. Porque mesmo com o cabelo liso eu lembro.

Até comentei com algumas pessoas que eu estava pensando em fazer essa transformação, e elas me apoiaram. Nem todas, claro. Algumas disseram “a gente tem que se amar do jeito que a gente é”, por isso, eu deveria deixar o cabelo cachear.

Mas se eu me amo do jeito que eu sou, então não preciso voltar ao normal? Esse é o pensamento correto?

Eu gostaria, sim, de me ver com o cacheado, mas só o dia que isso deixar de ser uma falsa obrigação…

Talvez eu só preciso entender que se eu me amo do jeito que me vejo hoje no espelho é o que importa.

Se meu cabelo era cacheado e agora eu mantenho ele liso, legal! O importante é gostar do que eu vejo e me sentir bem. ♥

Faz sentido pra você também? ♡

CONTINUAÇÃO DEPOIS DE VER AS PERGUNTAS QUE OS LEITORES ME ENVIARAM:

A transição capilar, pra quem não sabe, é um processo menos caro do que o alisamento. Geralmente a pessoa corta o cabelo bem curtinho e acompanha o crescimento dele. Talvez essa seja a parte mais difícil. E quando o cabelo cresce, com certeza o coração deve se encher de gratidão. E, de repente, esse seja o ponto mais feliz da transição! Que é ver toda aquela vida de volta na gente ♡

Eu amo tanto quando vocês interagem comigo após as postagens me enviando comentários! ♡

Ah! E qualquer sugestão de assunto, eu aceito! Na próxima semana, vou falar sobre homenagens feitas à vítimas fatais de Covid-19.

Sicredi
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