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D Marquez

Dr. Hippy: sobre a Covid-19

“É preciso, principalmente, acreditar que a Covid-19 existe e pode estar na pessoa que está à nossa frente”, diz o Dr. Hippy

“O vírus está esperando para hospedar-se em você em qualquer lugar”, ressalta

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|FOTO: Arquivo Hospital Rondon|
Rui Barbosa

“A adoção de medidas preventivas não só é fundamental para barrar a disseminação rápida da Covid-19, como é a única que realmente pode impedir isso”, é o que disse o Dr. Hippy à redação do Portal Rondon.

O diretor clínico e técnico do Hospital Rondon, Dietrich Rupprecht Seyboth (Hippy) é um dos precursores da área médica em Marechal Cândido Rondon, por isso foi procurado pela equipe do Portal Rondon para esclarecer mitos e verdades que ouvimos e vemos sobre a propagação da Covid-19.

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Desde o início da pandemia, foi instituído o uso obrigatório da máscara e regras de distanciamento social foram impostas. A fiscalização foi reforçada para que as pessoas evitassem, ao máximo, promover eventos em que houvesse aglomeração. Campanhas promovem a importância de lavar as mãos frequentemente e evitar o contato das mãos com olhos, nariz e boca. Mas as campanhas não funcionam por si só. É preciso agir conscientemente para combater esse vírus. Em primeiro lugar, “é preciso acreditar que a Covid-19 existe, e pode estar na pessoa que está à nossa frente, e podemos ficar doentes pelo menor descuido”, alerta Hippy.

“O vírus está esperando para hospedar-se em você em qualquer lugar, seja numa festa de aniversário, num encontro de família ou de amigos. Não podemos facilitar ou baixar a guarda. Normalmente as pessoas mais próximas são as que nos trazem a contaminação e disseminam o vírus pelo ambiente em que estamos”, salienta o médico.

E ao contrário do que muitas pessoas pensam, administrar remédios por conta própria, não é uma boa ideia. Aliás, nunca foi. Contudo, diante do que o mundo está vivendo, o interesse pela auto-medicação para prevenir a contaminação com o vírus cresceu ainda mais. Por isso, a própria Food and Drug Administration (FDA) dos Estados Unidos publicou um artigo, na semana passada, alertando os consumidores contra o uso do antiparasitário ivermectina para tratar ou prevenir a Covid-19. No artigo, a FDA relata que nos EUA o medicamento nem é aprovado para uso humano e, sim, para tratar doenças causadas por vermes em animais. Além do mais, o uso sempre tem orientação de um médico veterinário e doses ingeridas por humanos podem causar reações adversas graves e efeitos colaterais severos.

A versão para humanos do medicamento é usada contra piolhos e não funciona contra a Covid-19 (Foto: Divulgação)

O coronavírus é uma família de vírus que causa desde um resfriado comum até uma síndrome respiratória grave. E pelo fato de parecer uma gripe, as pessoas acreditam que poderão prevenir ministrando remédios regularmente. Entretanto, Hippy também nega bons resultados para essa ação.

“Não há tratamento preventivo e nem tratamento precoce para a Covid-19. Apesar de toda a polêmica existente, há protocolos que têm suporte bem definidos na mais pura ciência, que falam que não há como prevenir ou tratar precocemente com medicamentos quaisquer sintomas gripais”, explica o Dr. Hippy.

Hoje (23), o Comitê Extraordinário de Monitoramento Covid-19, organizado pela Associação Médica Brasileira (AMB) e por associações médicas divulgou uma nota defendendo que medicamentos sem eficácia comprovada contra a Covid-19, como a ivermectina e a cloroquina sejam banidos.

“Reafirmamos que, infelizmente, medicações como hidroxicloroquina/cloroquina, ivermectina, nitazoxanida, azitromicina e colchicina, entre outras drogas, não possuem eficácia científica comprovada de benefício no tratamento ou prevenção da Covid-19, quer seja na prevenção, na fase inicial ou nas fases avançadas dessa doença, sendo que, portanto, a utilização desses fármacos deve ser banida”, diz um dos trechos do documento.

Quem se interessar em saber mais sobre o tratamento clínico da Covid-19, também pode assistir a live feita pelo Dr. Clóvis Arns, presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia, no Senado Federal. Através do vídeo ele explica detalhadamente, como os hospitais, UPAs e UTIs procedem em cada caso, do mais simples ao mais grave.

O que está certo ou errado no combate à Covid?

Hoje, o número de mortes registradas no Brasil é 295.425 e os casos ativos são 12.047.526. Só no Paraná já foram 14.969 mortes. Esses números poderiam ser mais baixos?

Segundo o médico rondonense, Dietrich Seyboth, é impossível combater um inimigo que não reconhecemos ou que negamos a periculosidade. O negacionismo dos órgãos oficiais do governo e, especialmente do próprio presidente Jair Bolsonaro, que chamou a Covid-19 de “gripezinha”, acabou desarticulando as medidas preventivas. Hippy acredita que poucas coisas foram feitas da maneira correta desde o começo da expansão do vírus.

“Parece que apenas o uso quase universal das máscaras é que se materializou. O principal erro cometido foi não focar intensivamente na aquisição de vacinas para imunizar o maior percentual possível de pessoas, tanto as mais suscetíveis a contraírem a doença quanto aquelas que têm menos riscos”, diz Hippy.

A luta contra o coronavírus já passa de um ano. É um tempo muito maior do que o esperado inicialmente. Quem imaginaria que a quarentena seria estendida além de 40 dias? Muitas pessoas ficaram desesperadas ao saber que o distanciamento social deveria durar um ou dois meses, imagine agora como estão. O coronavírus tomou proporções que não eram esperadas por ninguém, nem pelos governantes, e para o médico entrevistado, a situação atual decorre de um certo cansaço da sociedade depois de um ano de medidas restritivas.

“As pessoas procuram fugir das limitações impostas e com isso acabam disseminando o vírus de uma forma totalmente irresponsável. Isso leva os serviços hospitalares e as UTIs ao limite com superlotação e o esgotamento de recursos técnicos, e até o esgotamento dos trabalhadores que estão cuidando desses pacientes”.

Talvez a parte mais difícil do distanciamento social seja mesmo evitar reunir a família e amigos. Entretanto é preciso entender que esses encontros representam muitos riscos, mesmo que sejam em local restrito ou em número reduzido de pessoas. Um exemplo desse risco foi presenciado no Hospital Rondon, conforme conta Hippy.

“Uma idosa de 93 anos estava cuidando em todos os detalhes para não ser contaminada com a Covid-19 desde o início da pandemia. Mas, no dia do seu aniversário, ela reuniu netos e filhos, e uma dessas pessoas, que já estava com o vírus, porém sem sintomas, acabou contaminando a vovó. Ela está na UTI há mais de 15 dias, em estado desesperador, fazendo uso de ventilação mecânica. O que percebemos com isso? Por mais que cuidemos, se o vírus está próximo da gente, em alguém que não se cuida tanto, podemos acabar nos contaminando”.

Prevenir é a melhor solução. Está comprovado que não existe tratamento precoce. Quem sabe realmente sobre a eficácia de cada tratamento são os médicos, que diariamente estudam muito sobre cada caso e as novas cepas, e o que eles recomendam a todo momento é:

  • Uso de máscara;
  • Higienização frequente das mãos;
  • Distanciamento social;
  • Proteção de olhos e mucosas;
  • Cuidados com os grupos vulneráveis.

Durante a espera pela vacina é preciso manter os cuidados. Além disso, a vacina só salva quem estiver saudável. Nem ela é eficaz para aqueles que, porventura, estejam contaminados quando receberem a dose. O diretor do Hospital do Trabalhador no Paraná, Dr. Geci Labres de Souza Junior, deu uma entrevista à RPC, na semana passada, pedindo a ajuda da sociedade.

Segundo ele, os hospitais e UTIs precisam que as pessoas colaborem na prevenção. O Dr. Geci se emocionou ao contar que antes da sedação feita para transferir os pacientes à ala de ventilação mecânica, a equipe médica tem escutado frases muito difíceis como “Cuide de mim que não quero morrer”, “Avise minha esposa que eu amo ela”, “Avise meu filho que o pai não vai esquecer dele”.

É importante prestar atenção a cada detalhe e se cuidar a todo momento em todo o lugar para preservar a sua vida e daqueles que você ama. O sofrimento de perder alguém dói muito mais do que seguir algumas medidas restritivas.

QUIZ: Você sabe as formas de contaminação da Covid-19?

O risco de contaminação com a Covid-19 está associado ao nosso nível de informações sobre as formas de contágio desse virus. Pensando nisso, a rede D’Or fez um jogo que serve para nos mostrar se temos informações básicas para evitarmos o contágio do vírus ou não. A cada erro, uma orientação é mostrada. Clique aqui para jogar.

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