Política
Brasil adota postura silenciosa sobre suspeitas de fraude nas eleições venezuelanas
María Corina Machado, líder da oposição venezuelana afirmou que Edmundo González, outro candidato opositor, venceu com 70% dos votos
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Em meio à crise pós-eleitoral na Venezuela, onde Nicolás Maduro declarou vitória nas eleições presidenciais de 29 de julho, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva optou por não se manifestar até o início da madrugada desta segunda-feira. Essa postura contrasta com a reação de outros países sul-americanos, que expressaram preocupação com as alegações de irregularidades na votação.
Desde o fechamento das urnas, surgiram indícios de possíveis fraudes eleitorais na Venezuela. A oposição denuncia a falta de acesso a 70% das atas eleitorais e relata problemas como sessões de votação prolongadas em áreas chavistas e intimidação em regiões opositoras.
Celso Amorim, assessor de assuntos internacionais do Planalto, que foi enviado a Caracas como observador, divulgou uma nota na noite de domingo afirmando que aguardaria a avaliação dos observadores internacionais autorizados pelo governo venezuelano. Amorim também ressaltou que era necessário esperar o encerramento total da votação.
A postura do governo brasileiro é isolada na região. Apenas Bolívia, Guiana e Suriname não demonstraram preocupação com as demoras e suspeitas envolvendo a eleição. Em contraste, líderes de esquerda, como Gabriel Boric no Chile e Gustavo Petro na Colômbia, fizeram críticas mais incisivas a Maduro. A administração de Lula, que restabeleceu relações com o governo chavista após o rompimento durante o mandato de Jair Bolsonaro, é vista como menos crítica em relação às alegações de fraude.
Reação da oposição e da comunidade internacional
María Corina Machado, líder da oposição venezuelana, rejeitou os resultados divulgados pela Justiça eleitoral controlada por Maduro. Ela afirmou que Edmundo González, outro candidato opositor, venceu com 70% dos votos, em contraste com os 51,2% atribuídos a Maduro pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE). Machado pediu que seus apoiadores acompanhassem a apuração e exigiu que a comunidade internacional reconhecesse a vitória de González.
Edmundo González também se manifestou, destacando a necessidade de recontagem dos votos e chamando a atenção para a transparência do processo.
O governo chileno, liderado por Gabriel Boric, e o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, pediram uma recontagem “justa e transparente” dos votos. Boric afirmou que o Chile não reconhecerá resultados que não sejam verificáveis, enquanto Blinken pediu que as autoridades venezuelanas publiquem uma contagem detalhada dos votos.
A oposição venezuelana alegou que o CNE paralisou a transmissão das atas eleitorais e que fiscais de urna estariam sendo removidos dos centros de votação. A situação gerou uma reação internacional com pedidos de transparência e respeito pelos resultados eleitorais.
Situação atual e perspectivas
O cientista político venezuelano Xavier Rodríguez-Franco observa que o processo eleitoral na Venezuela segue um padrão de atrasos na divulgação de resultados e intimidação, semelhante ao observado em eleições anteriores. A oposição tenta aumentar a pressão sobre o governo chavista para garantir que as denúncias de fraude sejam investigadas e que a vontade do povo seja respeitada.
A crise política na Venezuela continua a atrair a atenção da comunidade internacional, com uma crescente pressão por uma apuração transparente e a garantia de que os resultados refletirão a verdadeira vontade dos eleitores.
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