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Jovem que perdeu braço há 10 anos após ataque de tigre no Paraná treina para as próximas Paralimpíadas

Vrajamany Fernandes Rocha tem 21 anos e foi atacado por um tigre aos 11 anos, em Cascavel.

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Foto: G1 paraná.
Djenifer Becker Osteopata

As Paralimpíadas de Paris terminaram, mas tem gente treinando firme e de olho na próxima edição. É o caso do paratleta Vrajamany Fernandes Rocha, de 21 anos, que há 10 anos perdeu o braço direito após ser atacado por um tigre no Zoológico de Cascavel, no oeste do Paraná.

O caso de Vrajamany teve repercussão nacional quando as imagens de turistas, que estavam no zoológico, foram divulgadas. O ataque do animal de 200 quilos poderia causar a morte dele, mas por poucos centímetros a mordida não alcançou artérias importantes.

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Uma mudança que poderia ter diversos desfechos, mas que se transformou em impulso para seguir em frente. E foi justamente no processo de reabilitação que o jovem descobriu uma vocação: a natação.

Com o sonho de ser campeão mundial, ele treina diariamente para alcançar o objetivo.

“O esporte foi uma coisa que realmente abriu meus olhos, ele me mostrou como que a vida funciona e ele é uma maneira que eu tenho de aprender, eu aprendo muito com o esporte. […] É muito sofrido, mas eu sei que não vou sair do esporte sem ter sido campeão mundial”, garantiu Vrajamany.

Da reabilitação ao sonho das Paralimpíadas

Após três semanas de internação depois do ataque do animal em 2014, o jovem conta que foram inicialmente seis meses de atividades intensas como fisioterapia, terapia ocupacional, acompanhamento psicológico e de condicionamento físico para a total recuperação da lesão.

Depois disso, os profissionais que acompanharam Vrajamany recomendaram que ele fizesse atividade física regularmente para manter a saúde equilibrada.

Mesmo como esportista amador, ele se destacou e foi convidado para treinar no Centro Paralímpico Brasileiro, em São Paulo (SP), em 2018.

“Até então era algo escolar ainda, nada muito profissional, só que eu comecei a treinar no Centro Paralímpico, no mesmo local onde treina parte da seleção brasileira de natação, e eu conheci parte da seleção, são pessoas muito admiráveis, fortes, de força muito admirável”.

Foi neste espaço que ele conheceu o também paratleta Gabriel Cristiano. Ele foiatropelado por um trem no Guarujá e precisou amputar o braço esquerdo. Gabriel Cristiano participou das Paralimpíadas de Paris, mas não conquistou medalha nesta edição de Paris.

Por ver outro atleta com a mesma deficiência tendo destaque no esporte, ele conta que não teve dúvida de que era a natação que o faria campeão.

Além do ambiente competitivo e desafiador, que encanta o jovem, ele explica que a natação ofereceu oportunidades para mostrar aos outros que é possível seguir diante das dificuldades, a exemplo de Gabriel, sua grande inspiração.

“Gabriel treinou muito para alcançar esses tempos, para alcançar esse condicionamento. Então, eu sei que ele passou por uma jornada muito árdua e que ele aprendeu muita coisa até ele conseguir aqueles 27 [segundos]. Esse tempo é só uma representação de toda a força que ele tem, de tudo que já passou na vida”, destacou Wrajamany sobre a trajetória de Gabriel.

Adaptação durante a pandemia e novas oportunidades

Por causa da pandemia de Covid, os treinos de natação foram suspensos, e a preparação do atleta precisou ser adaptada. A rotina de exercícios passou a ser feita dentro de casa.

Ele explicou que a mudança não foi fácil, mas que continuou se empenhando para manter o corpo ativo, com resultados que vieram posteriormente.

“Eu entrei na pandemia como um dos últimos do ranking brasileiro. Aí, eu comecei a treinar sozinho, em casa, no meu quarto, sem técnico, sem nada. Em 2021, eu treinei por conta de uma piscina, de uma associação filantrópica que tinha no meu bairro, tinha um professor lá que me ajudava muito”, relembrou o atleta.

“Retornei as piscinas como campeão brasileiro de duzentos medley, fiz também um tempo bom no borboleta, que no ano era 9º do mundo meu tempo”, afirmou o jovem.

Com os bons resultados no pós pandemia, ele foi convidado a participar do Praia Clube, de Uberlândia, em Minas Gerais, centro de treinamento onde o jovem está atualmente.

“Aqui estou tendo a oportunidade de brigar por vagas em mundiais em Paralimpíadas. No Brasil é sempre muito complicado, porque é muito difícil fazer uma classificação internacional porque só tem duas ou três vagas por ano. Então, tem que terminar no top três do país, entre todas as classes, para conseguir fazer classificação internacional para poder competir internacional”, explicou o jovem.

O jovem segue uma rotina rígida de treinos diariamente que inclui, além da natação, uma série de atividades com acompanhamento de diversos profissionais. Tudo em busca de concretizar o sonho de alcançar o tempo necessário para a classificação olímpica.

Novo sentido para a vida

O ataque do tigre

O agora jovem de 21 anos tinha apenas 11 anos quando foi atacado pelo tigre no Zoológico de Cascavel . Ele enquanto passeava com o irmão e o pai Marcos do Carmo Rocha, que chegou a ser condenado pela Justiça, em 2019, e recorreu da decisão.

Do dia em que tudo aconteceu, ele lembra com clareza de cada detalhe e de como o que poderia ter sido uma tragédia, se transformou em um novo sentido para a vida graças ao esporte.

“Uma ilusão que tinha é a de que eu não conseguiria as coisas, que eu era diferente de outras pessoas, sabe? Que determinada pessoas são capazes e eu não. E o esporte me ensina que isso é mentira, que isso foi uma coisa que pegou na minha cabeça porque é um pensamento comum da sociedade”, frisou o jovem.

Determinado a seguir sonhando com as Paralimpíadas e os demais campeonatos mundiais, o jovem cuida também da saúde mental com carinho.

Para o que chamou de novo sentido para a vida, Vrajamany deixa e mensagem de otimismo e autocuidado, essenciais para uma vida plena.

“Tudo começa na mente, a pessoa que está com a mente bem alinhada, com a mente saudável, não vai querer estar em um corpo que não está saudável. Então, uma pessoa com a mente alinhada, ela vai quere investir no corpo dela”.

O jovem destaca a importância da atividade física para a saúde mental.

“Então, se você quiser cuidar do seu corpo, da saúde mental, precisa também praticar atividade física. Pode ter certeza que ninguém se arrepende de praticar atividade física. Só se arrepende quem fica parado em tudo”, refletiu o jovem.

Com informação G1paraná.

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