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Agronegócio

Umidade e altas temperaturas desafiam produtores no controle de pragas e doenças em plantações

Manejos são fundamentais para manter produtividade das safras de soja, feijão e milho. Pesquisador explica importância de saber usar ferramentas disponíveis de maneira sustentável

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| Foto: Taylan Macedo BOX Studio|
Rui Barbosa

Os efeitos do fenômeno El Niño no sul do Brasil têm tornado ainda mais desafiador o combate a pragas e doenças nas lavouras. Com índices de chuva acumulada e temperaturas médias acima do normal, o surgimento de pestes também pode aumentar.

No caso da soja, por exemplo, a chuva beneficia o grão, que acaba tendo um ciclo mais curto e crescendo mais rápido. Só que as doenças causadas por fungos também acompanham esse crescimento, tendo um desenvolvimento acelerado e prejudicando o cultivo.

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O fitopatologista SenioPrestes aconselha que, sabendo identificar os focos iniciais da doença, o produtor pode se precaver com a aplicação de fungicidas. A informação pode ser a maior aliada.

Conheça a praga e os efeitos dela

O pesquisador Elderson Ruthes atua no setor responsável pelo manejo de pragas da Fundação ABC, organização de desenvolvimento de soluções tecnológicas para o agronegócio.

Ele explica que o maior desafio no manejo para controle das pragas é utilizar as ferramentas disponíveis de maneira sustentável. Uma das formas de fazer isso é realizar amostragens de pragas e dos sintomas causados por elas – prática conhecida no Manejo Integrado de Pragas (MIP).

O MIP é um sistema usado para decidir quais ferramentas de controle usar. Ele considera a identificação das pragas e inimigos naturais dela. O modelo usa diferentes ferramentas de controle somente quando necessário para ajudar a manter o equilíbrio das populações de pragas.

Hoje, as principais formas de fazer esse controle são a pulverização de inseticidas químicos e biológicos e o uso plantas geneticamente modificadas, chamadas “plantas BT”, que liberam proteínas inseticidas.

Neste ano desafiador, em que as margens do produtor estão mais apertadas, o uso racional de inseticidas pode fazer a diferença no orçamento.

Ferrugem asiática

Uma das doenças que mais preocupam os produtores é a ferrugem asiática, causada por um fungo bastante agressivo chamado Phakopsora pachyrhizi.

De acordo com a Embrapa, o contágio da doença se dá a partir da disponibilidade de água na folha das plantas e temperaturas entre 18 °C e 26,5 °C, que facilitam ainda mais a infecção.

A ferrugem asiática não prejudica diretamente o grão da soja, mas deixa as folhas amarelas e secas. Assim, as folhas caem e essa perda precoce afeta a vagem, comprometendo o desenvolvimento dos grãos e reduzindo a produtividade.

Como a doença tem ciclo curto, que se repete durante o desenvolvimento da cultura, é preciso reaplicar os fungicidas.

Um problema considerado muito grave pelos produtores é que os fungicidas não têm alcançado o nível máximo de controle, próximo de 100%. A taxa tem chegado a cerca de 75%, quando a pressão da doença é muito grande.

Por causa dos 25% que fogem do controle, a soja não consegue atingir níveis de produtividade muito grandes. Então, o fitopatologista Senio Prestes reforça que tudo que é feito na safra para controle da ferrugem da soja é de extrema importância.

Tecnologia aliada

O El Niño tem feito com que, nesta safra de verão, a soja e o feijão tenham problemas semelhantes aos da soja em relação às pragas.

Além das principais pragas habituais (lagartas desfolhadoras, coleópteros desfolhadores e percevejos fitófagos), o excesso de chuva e umidade causou problema com moluscos (caracóis e lesmas), segundo o pesquisador Elderson Ruthes.

Desde 2014 a Fundação ABC mantém um projeto para incentivar a adoção do Manejo Integrado de Pragas (MIP) pelos produtores.

A iniciativa busca monitorar as pragas com vistorias regulares na lavoura e, a partir dessas informações, identificar se é preciso ou não intervir.

São feitas ações contínuas como a capacitação de pessoas para identificação e monitoramento de insetos-praga, pesquisas a campo, e experimentos em áreas de produtores.

Com uma base de dados maior, é possível encontrar padrões biológicos de solos e relacioná-los com a presença de doenças, pragas, disponibilidade de nutrientes e outros fatores.

Tudo isso permite uma escolha mais precisa na aplicação de produtos biológicos que possam contribuir no equilíbrio do sistema.

Os estudos, monitoramento do campo e coleta de resultados têm contribuido para um manejo mais sustentável, preciso e econômico, refletindo diretamente na produtividade e rentabilidade do produtor rural.

Com os experimentos realizados em campo, foi possível perceber uma redução no custo do controle de pragas de R$ 90 a R$ 120 por hectare, explica Elderson Ruthes.

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