Agronegócio
Mercado global de açúcar cada vez mais dependente do Brasil
Na última semana, os preços do açúcar atingiram o pico em 12 anos, alcançando 28 c/lb
O mercado global de açúcar está cada vez mais dependente do Brasil, conforme aponta o mais recente relatório da analista de Açúcar da hEDGEpoint, Livea Coda. Com uma série de fatores impulsionando a ascensão do país como uma potência no setor, as perspectivas para 24/25 são positivas, destacando a robustez da produção e exportação.
Aumento nos preços e fatores de influência
Na última semana, os preços do açúcar atingiram o pico em 12 anos, alcançando 28 c/lb, impulsionados por interrupções nas exportações do Centro-Sul (CS) do Brasil, decorrentes de congestionamentos portuários e chuvas. Apesar disso, o Brasil ainda negocia com desconto, indicando que as origens não estão totalmente sob a influência da escassez no Hemisfério Norte.
Livea Coda ressalta que o discurso conciliatório de Powell, presidente do Federal Reserve, após a decisão de manter a taxa de juros estável, ofereceu suporte adicional à commodity. No entanto, mesmo com esses eventos, o açúcar não conseguiu sustentar seus ganhos, corrigindo-se para 27,2 c/lb na sexta-feira, evidenciando a volatilidade do mercado.
Produção e exportação do Centro-Sul: o grande impulsionador
A produtividade excepcional da cana no período 23/24 é apontada como o principal fator por trás dos excelentes resultados da região, superando a média da história recente e se aproximando dos níveis de 08/09. Antecipa-se não apenas um aumento na produtividade, mas também uma expansão da área cultivada.
A analista destaca que, mesmo com o congestionamento portuário em ascensão, o Brasil possui um excedente de açúcar aguardando para entrar no mercado internacional. Prevê-se que o país adie os efeitos da escassez no Hemisfério Norte, proporcionando mais de 30Mt de exportações durante 23/24, com as chuvas recentes beneficiando a próxima safra de açúcar.
Disparidade de preços e decisões estratégicas das usinas
A disparidade de preços entre o açúcar e o etanol, atualmente em 13USc/lb ou mais de 290 USD/t, é um fator significativo que influencia as decisões estratégicas das usinas. A expectativa é de que o açúcar permaneça como a alternativa mais lucrativa, impulsionando investimentos na capacidade de cristalização e destacando a necessidade de melhorias na infraestrutura.
Perspectivas para 24/25 e alerta para cautela
Embora seja cedo para afirmar, o consenso do mercado aponta para excelentes resultados em 24/25, com a expectativa de produção superior a 42Mt e exportações próximas de 33,5Mt. Entretanto, ressalta-se a necessidade de cautela devido à potencial influência do El Niño no Hemisfério Norte na safra 23/24 e a possibilidade de eventos climáticos adversos afetarem a oferta global de açúcar. A demanda global em expansão mantém o mercado sensível a esses fatores, destacando a importância de uma abordagem cautelosa diante das incertezas climáticas.
A análise é da hEDGEpoint.
Com informação Agrolink.