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A Reforma da Igreja: 506 anos de testemunho da palavra

Mário de Melo, terapeuta integrativo e pastor fala um pouco sobre esse assunto

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Foto: Portal Rondon
Imobiliária Maurício Vazquez

Mais que um fato histórico, a Reforma da Igreja é um marco no cristianismo ocidental. A Igreja passou a ser conhecida como dois grades grupos, Protestantes e Católicos. Reis de toda Europa viram na Reforma Luterana a chance de serem libertos da tirania opressora de Roma.

Individualmente as pessoas conseguiram pensar para além dos horrores doutrinais distorcidos por falta de conhecimento bíblico. O mundo seria radicalmente transformado em questões geográficas, políticas, culturais sociais e antropológicas por conta desse movimento, que no dia 31 de outubro desse ano, celebra 506 anos.

Ótica da Visão

Aos 12 anos, encontrei na biblioteca da minha escola, um livro infanto-juvenil, cheio de ilustrações com o título “A Reforma retiro Protestante”. Eu lia a Bíblia, não sabia nada de história, mas mesmo sem saber de tudo isso, não tinha ideia de que aquele livro iria gerar em minha vida e família com relação a fé.

Encontrar aquele livro foi, para mim, encontrar tudo, pois, percebi que o que eu estava pensando sobre Deus, Jesus e Fé, outras pessoas já haviam pensado antes de mim. Alguns dias depois, por convite deum amigo de escola, eu estava no grupo de adolescentes de uma Igreja Luterana.

Os anos passaram, a roda da vida girou e eu precisei ir a Portugal e Alemanha por questões profissionais. O ano era 2017, eu nem havia me dado por conta que eram os 500 anos da Reforma Protestante, até chegar em Wittenberg.

A cidade estava em obras para os festejos da celebração. Estar lá era como se eu estivesse andando nas páginas do livro de história que tinha lido aos 12 anos. Eu pude estar na Igreja do Castelo, na casa de Melanchton e na Casa de Lutero e Catarina.

Caminhar pela praça e fazer o trajeto da casa do Lutero à Igreja do Castelo, imaginando que o próprio Lutero teria andado inúmeras vezes por aquele mesmo lugar… foi profundamente emocionante e, por que não dizer, uma experiência espiritual. Todas as vezes que me lembro desse dia, costumo dizer que foi uma “epifania de Confessionalidade”.

Eu me sentia em casa, parte de mim tinha a ver com aquele lugar e eu sabia que, mais do que uma viagem, era uma peregrinação, um retiro que Deus permitiu que eu vivesse a céu aberto.
Almocei em um restaurante perto da Casa do Lutero. Ao meu redor, havia muitos turistas. A maioria era pastores. Eu sabia disso pois eles estavam com camisas clericais. Haviam pessoas da Ásia, da Oceania e das Américas.

Existia uma mistura de dialetos e línguas naquele lugar. Um pastor da Suécia sentado ao lado da minha mesa era profundamente simpático e até parecia um brasileiro puxando conversa comigo. Antes de cada um almoçar, era possível escutar orações em línguas diferentes.

Mesmo em línguas totalmente diferentes umas das outras, eu sabia que todos nós estávamos lá com o mesmo objetivo: conhecer mais sobre nossa herança histórica: a Fé que nos foi redescoberta pela Graça, através do Cristo das Escrituras.

Lembrei de Pentecoste, quando houve entendimento por todos em línguas diferentes. Então, lá do outro lado do mundo, lembrei mais uma vez que o Evangelho une, transforma, liberta, salva e nos alcança para que possamos render Glória apenas a Deus.

Ao entrar na Igreja do Castelo, me aproximei do altar e orei um Pai Nosso. Relembrei o Catecismo e o significado de cada petição. Tinha um púlpito onde gravei um vídeo para meus amigos do Brasil. Quando abri a Bíblia para gravar o vídeo, as pessoas que estavam na Igreja se sentaram pensando que eu iria pregar. Percebi o quando o mundo anseia por Jesus.

Me sentei em um banco diante do altar e fiquei por minutos contemplando aquele lugar e pensando tudo o que aconteceu ali e entendi que Deus também estava reformando meu coração.
Saindo de Wittenberg fui à Marburg. Essa também é uma cidade importante para nós luteranos. Foi nela que as bases da teologia da Santa Ceia foram firmadas por Lutero, quando no ano de 1529, ele Zuinglio conversaram sobre o assunto na chamada Conferência de Marburg promovida por Felipe I de Hesse.

Pude visitar a Igreja Luterana junto a primeira Universidade Protestante, fundada em 1527. Conheci também a sede da Marburg Mission (Missão de Marburg) – uma obra missionária, que apoia igrejas luteranas e reformadas pelo mundo todo. Eles atuam na África, nas Américas, na Ásia, na Oceania, na Europa, na Rússia e na Albania.

Em 1909, essa mesma missão enviou um pastor e sua esposa diaconisa para a China, como missionários. Em Marburg, pude perceber o quanto a Reforma de Lutero alcançou terras distantes pelo testemunho do Evangelho e pelo cuidado dos mais necessitados.
Voltando para o Brasil, tinha convicção de que algo tinha sido mudado em minha vida depois daquela viagem.

Tive a certeza renovada de que a Fé que fui instruído lá na minha adolescência era viva e havia sido ressignificada em meu coração o que mais aprendi nessa viagem é que a Reforma não parou. Ela continua em nossos corações, nossas vidas, em corações, nossas cidades, em nossas congregações e em cada pessoa que o Evangelho alcança por sua graça. Esse ano, comemoramos os 506 anos da Reforma.

E nós somos parte desse legado, parte dessa história, testemunhando o Evangelho pela Palavra e pelos sacramentos. A Cristo, pela fé, pela graça e pelas Escrituras: a Deus damos glórias. Amém!

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