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Bebê que acompanhou pais em curso desde os 35 dias de vida ganha uniforme e beca de formatura em SC

Noah Rafael também virou nome da turma no curso de logística do IFSC. Casal se forma em setembro.

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Noah Rafael com os pais no ensaio fotográfico para formatura em SC — Foto: Arquivo Pessoal
Velho Oeste

Acostumado a acompanhar os pais em um curso técnico no Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC) desde os 35 dias de vida, um bebê ganhou o coração da turma e, em setembro, vai entrar de beca na formatura dos estudantes.

Durante os dois semestres do curso de logística em Tubarão, no Sul de Santa Catarina, Noah Rafael ganhou uniforme e colos de professores e colegas.

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Ele também participou das fotos de formatura e virou o nome da turma.

Formada em marketing digital, Tamara Pereira Albuquerque conta que sentia necessidade de ela e o marido entenderem melhor da área, já que abriram um negócio de serviço de entrega quando passaram a morar em Jaguaruna, a cerca de 20 km da cidade onde estudaram.

Quando as inscrições para o curso abriram no IFSC, ela estava no oitavo mês de gestação.

“Ficou todo mundo assim: ‘Nossa, ela veio para a aula com um bebê’. Ninguém sabia que ia ter uma criança. Acho que nem o IFSC acreditava que a gente ia levar. Mas ele estava lá”, conta a mãe, que tem duas meninas mais velhas, de 9 e 14 anos.

Rotina pesada

Tamara diz que o primeiro semestre foi o mais tranquilo. Mesmo com cólicas, Noah praticamente não chorava na sala de aula.

“Ele não incomodou, não chorava, era muito calmo e bonzinho. Isso nos ajudou a fazer as aulas. Parecia que ele sabia que a gente tinha que cumprir aquele papel. Menino guerreiro”, fala.

Mas a formanda não esconde que viveu uma rotina exaustiva, e destaca que o projeto só funcionou porque tinha uma boa rede de apoio no entorno dela.

“Com certeza só consegui por causa do IFSC, do meu marido. Não posso vender uma ilusão. Não teria como sair de Jaguaruna para Tubarão, só com o transporte escolar, à noite com um bebê no colo. Sozinha não iria conseguir”, conta.

Colegas brincam com o bebê enquanto os pais fazem trabalho — Foto: Arquivo pessoal
Colegas brincam com o bebê enquanto os pais fazem trabalho — Foto: Arquivo pessoal

Ela acordava cedo, ia para o serviço e depois enfrentava 20 quilômetros de estrada para chegar ao IFSC.

“Em alguns momentos nós pensamos em desistir por questões financeiras, por esgotamento. Era uma rotina muito cansativa, não foi fácil. Às vezes levava as meninas junto também e elas ficavam na biblioteca. Chorei no corredor do IFSC”, admite.

Acostumado a acompanhar os pais, bebê ganhou uniforme do IFSC — Foto: Arquivo Pessoal
Acostumado a acompanhar os pais, bebê ganhou uniforme do IFSC — Foto: Arquivo Pessoal

Rede de apoio

A professora do curso de Logística Thaisa Rodrigues diz que quando cruzou a porta pela primeira vez, além de encontrar um bebê tranquilo, se deparou com uma turma que acolheu o menino de corpo e alma.

“Ficou muito evidente o carinho e a compreensão de todos, além da força de vontade da Tamara e do Cleber, porque os dois cuidavam do Noah. Às vezes se revezavam para fazer as atividades. Sempre que eu podia eu também aproveitava para dar um cheirinho nele e distrair ele”, confidencia.

Noah e a professora Thaisa, do IFSC — Foto: Arquivo pessoal
Noah e a professora Thaisa, do IFSC — Foto: Arquivo pessoal

De acordo com ela, o casal conseguiu acompanhar praticamente 100% das aulas, e se revezavam nos cuidados com o filho.

“A gente vai tentar acolher, porque o nosso foco não é no estudante trabalhador e sim no trabalhador estudante. Entendemos que os nossos alunos trabalharam o dia todo, estão ali em busca de uma formação para melhorar de vida e precisamos acolher ao máximo”, considera a professora.

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