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Produtores investem na venda da ora-pro-nóbis no Norte do Paraná; aprenda receita com a planta

Planta alimentícia não convencional vem ganhando espaço nas feiras. Reportagem ensinar a preparar frango ao molho de ora-pro-nóbis.

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Produtores investem na venda da ora-pro-nóbis no Norte do Paraná — Foto: Reprodução/RPC
Rui Barbosa

Em uma horta cheia de fartura e sem uso de agrotóxicos, pés de alface, couves, beterrabas e repolhos crescem vistosos. Em um cantinho, perto da caixa d’água, uma moita, que há cinco anos não passava de 30 centímetros de altura, hoje também esbanja fartura: é a planta de ora-pro-nóbis.

Através de um projeto de extensão da Universidade Estadual de Londrina (UEL), a produtora rural Ivanete Galvão Santos, que já conhecia a planta, percebeu que poderia ter mais um produto vendável na horta.

Dr Rodrigo Dentista

“Eu conhecia mas não sabia para que servia. [A equipe do projeto] trouxe a muda e um material para a gente ver para que servia, para que era, a partir desse momento que a gente foi ver o que que era a ora-pro-nóbis”, revela.

Com a ajuda do projeto, Ivanete e outras produtoras rurais de Lerroville, distrito rural de Londrina, no norte do Paraná, começaram a fazer bandejas de 150 gramas de folhas de ora-pro-nóbis para vender na cidade, a R$ 3,50 a bandeja. No início, não foi fácil.

“O pessoal quase não conhecia, então [perguntavam]: ‘Para que serve isso?’ E o nome, às vezes, o pessoal nem sabia dizer, porque é meio estranho”, Ivanete diz.

As vendas são melhores no verão, chegam a 60 bandejas no mês e já ajudam a compor o faturamento da horta.

“Quanto mais variedade que a gente tem de produto, sai melhor. O pessoal procura muito variedade, porque enjoa só alface toda semana. A gente vai procurando diversificar e a ora-pro-nóbis veio para ajudar”, diz.

Ivanete e os vizinhos, Ivone Rodrigues Oliveira de Jesus e Siloer de Jesus, pretendem aumentar a produção.

Ivone conta que o pai dela já consumia ora-pro-nóbis. Toda vez que ele matava um frango caipira, pegava a planta na beira do rio pra acrescentar no cozido. Como ela já conhecia as qualidades da hortaliça, achava que seria fácil vendê-la.

“No começo, nós oferecíamos mas ninguém pedia. E aí foram começando, acho que de um vai passando para o outro e assim vão conhecendo e pedindo”, afirma.

Ela diz que, desde então, as vendas cresceram tanto que, às vezes, não dá conta de produzir o suficiente para atender a demanda.

Ora-pro-nóbis, do latim “rogai por nós”, é do grupo das “panc”, as plantas alimentícias não-convencionais. De acordo com a Embrapa, ela é conhecida como “carne verde”, pelo alto teor de proteína.

Segundo informações da empresa, a planta também apresenta quantidades consideráveis de minerais, como potássio, magnésio, zinco, mas especialmente cálcio e ferro, além de fibras e substâncias que trazem benefícios à saúde.

A produção comercial no Paraná ainda é pequena mas, de acordo com Paulo Andrade, engenheiro agrônomo do Departamento de Economia Rural do estado (Deral), esse cenário pode mudar.

 Produtores investem na venda da ora-pro-nóbis no Norte do Paraná — Foto: Reprodução/RPC
Produtores investem na venda da ora-pro-nóbis no Norte do Paraná — Foto: Reprodução/RPC

“A partir do momento em que [o produtor] observar um relativo ganho de renda nesse produto e for diversificando os negócios da propriedade dele, e geralmente quem produz essas plantas não-convencionais são de pequenas e micro propriedades, é um componente na diversificação do negócio”, diz Andrade.

“Ainda não existe no Brasil um levantamento dessas plantas alimentícias não-convencionais, mas é um retorno do ‘velho novo’, um resgate daquela comida da avó, da tia, da nonna.”

Siloer, que prefere ser chamado de Seo Barriga, diz que a ora-pro-nóbis é de fácil cultivo.

“É só pegar o galho, enterrar, ele pega fácil. É só quebrar o galho e fincar na terra. Não tem segredo”, conta.

Mas tem um alerta pra quem não conhece essa planta: a ora-pro-nóbis tem muitos espinhos, semelhantes aos de uma roseira. Então é necessário cuidado na hora da colheita pra não se ferir.

“O pior serviço é para colher. Mas dá para usar luva, alguma coisa. Eu é que não consigo trabalhar com luva, não me acostumei”, confessa Siloer.

Ele também garante que vai treinar o paladar para tentar uma substituição no futuro.

“É muito bom, porque além de ser vendável ainda é melhor do que carne, tem mais nutrientes. Ainda não estou trocando, mas mais para frente vou troca”, diz.

RECEITA: Aprenda a preparar frango ao molho de ora-pro-nóbis

Ingredientes para o frango:

  • 1 kg de sobrecoxa de frango sem pele
  • 1 colher (sopa) de sal
  • 1 limão tahiti
  • Pimenta calabresa a gosto
  • 3 colheres (sopa) de óleo
  • 1 pimentão vermelho
  • 1 cebola média
  • 3 dentes de alho
  • 1 colher de chá de açafrão-da-terra
  • 1 colher de chá de colorau
  • 1 colher de chá de curry
  • 2 folhas de louro
  • 1 colher de sopa de farinha de trigo
  • 1/2 taça de vinho branco seco
  • 150 g de ora-pro-nóbis
  • 1 fio de azeite
  • 5 colheres de sopa de cebolinha

Ingredientes angu à mineira:

  • 2 colheres (sopa) de manteiga
  • ½ cebola pequena
  • 2 dentes de alho
  • 1 litro de água quente
  • 1 xícara (chá) de fubá
  • Sal e pimenta a gosto
  • Queijo parmesão ralado a gosto
Aprenda a preparar uma receita de frango ao molho de ora-pro-nóbis  — Foto: Reprodução/RPC
Aprenda a preparar uma receita de frango ao molho de ora-pro-nóbis — Foto: Reprodução/RPC

Modo de preparo:

Comece lavando, com cuidado, as folhas da ora-pro-nóbis, por causa dos espinhos. Em seguida, tempere a sobrecoxa com limão, sal, pimenta e um pouco de curry. O curry não é obrigatório, mas dá um toque especial. Deixe marinando por cerca de 20 minutos.

Enquanto o frango marina, aproveite para picar os outros ingredientes da receita: a cebola, o alho, a cebolinha e o pimentão, cortados em cubinhos.

O chef tira toda a parte branca do pimentão. Ele diz que é ela que dá aquele sabor mais forte ao legume, que nem todos gostam.

Por último, corte a ora-pro-nóbis: junte as folhas e corte em tiras, semelhante ao corte de couve. A ora-pro-nóbis também pode ser substituída por couve manteiga, espinafre ou quiabo.

O próximo passo é pegar a sobrecoxa, tirar o excesso de líquido e polvilhar farinha de trigo. A farinha ajuda na hora de espessar o molho.

Aqueça uma panela de fundo grosso, para não grudar, e adicione um fio de azeite. Coloque o frango para selar até dourar, em fogo baixo.

Frango pronto, retire e separe.

Na mesma panela, adicione um fio de azeite e refogue a cebola. Depois refogue o alho e, por último, o pimentão. O chefe diz que é importante usar a mesma panela para pegar todo o sabor que ficou no fundo.

Com os ingredientes bem refogados, adicione um pouco mais de azeite e o colorau, o açafrão, um pouco de curry e a pimenta calabresa. “Quando refogamos esses temperos ainda no azeite, o sabor fica muito mais acentuado, a coloração também passa para a gordura do azeite e quando adicionamos o líquido, a coloração pega muito mais acentuada”, o chefe diz.

Volte o frango para o fogo e adicione o vinho para soltar a casquinha que fica grudada no fundo da panela. Coloque água quente até encobrir o frango, a folha de louro, um pouco mais de sal e deixe cozinhar em fogo baixo de 20 a 25 minutos.

A ora-pro-nóbis só entra no final e não é cozida junto com o frango.

Hora de preparar o angu à mineira. Refogue o alho e a cebola na manteiga e adicione 2/3 da água quente. Tempere com sal e pimenta.

Em uma tigela, dissolva o fubá com o restante da água e misture bem.

Com o caldo da panela já em fervura, adicione aos poucos o fubá diluído e vá mexendo bem. Cozinhe em fogo brando, mexendo sempre, por aproximadamente 20 minutos, ou até atingir o ponto desejado.

Finalize com o queijo ralado e a manteiga.

Ao mesmo tempo em que prepara o angu, prepare a ora-pro-nóbis que será adicionada ao frango. Refogue o alho e a cebola em um filete de azeite e salteie a ora-pro-nóbis já picada.

No frango, adicione a cebolinha picada e, por fim, a ora-pro-nóbis refogada.

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