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Cientistas realizam primeira cirurgia cerebral da história em feto no útero

Procedimento nos Estados Unidos reparou malformação rara que ameaçava embrião em desenvolvimento; bebê nasceu por indução do parto vaginal dois dias após a operação

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FOTO: Darren B. Orbach et.al
Martin Luther – Enem

Um feto de 34 semanas e 2 dias passou por uma cirurgia cerebral inédita, realizada diretamente no útero da mãe. O procedimento foi bem-sucedido e tratou uma malformação vascular agressiva no cérebro, que colocava a vida do futuro bebê em risco.

A operação relatada nesta quinta-feira (4) na revista científica Stroke, reparou uma condição rara chamada malformação da veia de Galeno, que ocorre em 1 em cada 60 mil nascimentos. Esta anomalia pode ser identificada no ultrassom pré-natal, sendo diagnosticada com maior eficácia em uma ressonância magnética no final do segundo ou terceiro trimestre da gravidez.

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Neste quadro, as artérias que trazem sangue de alto fluxo e alta pressão do coração para o cérebro do feto se conectam a uma das principais veias coletoras profundas na base do sistema nervoso central. Esta conexão acontece em vez de uma ligação com capilares, necessários para retardar o fluxo sanguíneo e fornecer oxigênio ao tecido cerebral circundante.

Após o nascimento, a malformação da veia de Galeno provoca um efeito ainda mais grave no coração e no cérebro do bebê: uma enorme pressão que pode levar à hipertensão pulmonar, insuficiência cardíaca ou outras condições potencialmente fatais.

O tratamento padrão atual para casos de malformação da veia de Galeno é a embolização somente após o nascimento. Um cateter é usado para fechar as conexões diretas de artéria à veia. No entanto, o procedimento é de alto risco e nem sempre reverte a insuficiência cardíaca, com danos cerebrais graves já podendo ter ocorrido.

Para evitar colocar o bebê em risco, os pesquisadores realizaram uma embolização guiada por ultrassom dentro do útero. O procedimento ocorreu como parte de um ensaio clínico feito no Hospital Infantil de Boston e no Brigham and Women’s Hospital, nos Estados Unidos.

Alta hospitalar

Na embolização feita pela primeira vez dentro do útero houve uma ruptura prematura das membranas e o bebê nasceu por indução do parto vaginal dois dias depois do procedimento. O recém-nascido não precisou de nenhum suporte cardiovascular ou cirurgia após o tratamento intra-uterino.

“Ficamos emocionados ao ver que o declínio agressivo geralmente observado após o nascimento simplesmente não apareceu”, diz Darren B. Orbach, codiretor do Centro de Cirurgia e Intervenções Cerebrovasculares do Hospital Infantil de Boston e principal autor do estudo, em comunicado.

Segundo Orbach, o bebê, agora com seis semanas de vida, já teve alta e voltou para casa. Ele está sem tomar medicamentos, comendo normalmente e ganhando peso. “Não há sinais de quaisquer efeitos negativos no cérebro”, afirma o pesquisador, que acredita que a nova abordagem pode mudar o paradigma no tratamento desse tipo de malformação.

Já para o radiologista neurointervencionista Colin P. Derdeyn, da Universidade de Iowa, que realiza embolizações em recém-nascidos com malformação da veia de Galeno, mas não esteve envolvido no estudo, um só caso de sucesso não é experiência suficiente para concluir que os riscos desse procedimento dentro do útero valem os benefícios.

O médico reconhece que os resultados foram encorajadores, mas afirma que “questões de segurança podem surgir em procedimentos futuros” e que “essa abordagem pelas veias pode não ser consistentemente bem-sucedida na prevenção da insuficiência cardíaca”. “O procedimento descrito aqui é projetado para reduzir o fluxo através da malformação e não para curá-la”, explica.

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